Mesmo com uma chegada tímida na Apple TV+, e depois totalmente impulsionada pelo seu lançamento semanal, que deu a chance do público conseguir maratonar seus episódios, Ruptura (ou no título original Severance) já faz aqui a melhor série do ano, pelo menos, até agora, e da temporada.
Criada por Dan Erickson e com direção de episódios de Ben Stiller, Ruptura se apoia numa premissa super interessante, um tom de mistério enorme, e em personagens totalmente carismáticos para contar essa história. Mas do que se trata Ruptura? Num primeiro momento, o trailer ou o material de divulgação pode sugerir que o seriado é um drama de escritório, onde vamos ver o dia-a-dia de um grupo de funcionários da mega empresa Lumon.
Mas aí é que tá! O que a Lumon faz e principalmente, o que o time comandado pelo recém promovido Mark (Adam Scott) faz? O que sabemos é que eles precisam selecionar bolinhas em um computador o dia inteiro. Maçante né? E Marc e companhia fazem isso das 9h às 17h. Até que pegam o elevador, saem e são bem… outras pessoas.
Ruptura apresenta então sua premissa e um mistério super intrincado. Mas que é delicioso de se tentar desvendar. O seriado conta a história desses funcionários que aceitam fazer um procedimento chamado de Severance, ou seja, eles separam seus “eus” em dois: um que é funcionário da Lumon e outro que é a pessoa que eles são na vida real. É essa a grande charada que Ruptura acerta de forma monumental aqui. Ao criar esses personagens, os roteiristas apenas nos apresentam arquétipos de figuras vistas a rodo em série de escritórios como The Office, Parks And Recreation, SuperStore, mas o sentimento de mistério e as perguntas que cercam esses personagens, seus trabalhos, seus colegas e a empresa que eles trabalham é que dão o gás necessário para a série capturar a atenção do espectador logo de cara.
Assim, perguntas são feitas a rodo também. O que é o processo de Severance? Como é feito o processo? Por que ele é feito? O que a Lumon faz de tão secreto que esse processo é tão importante? E quem são essas pessoas que trabalham juntas mas só se conhecem da porta para dentro e não tem memória nenhuma de quem são do lado de fora? E por que elas optaram por esse processo? São questões que passam pela nossa cabeça ao dar play em Ruptura.
Eu particularmente não me via tão entretido e intrigado com uma série desde de Homecoming lá em 2018 com a Julia Roberts. Desde da estética meio retrô, com roupas e locações que parecem mostrar que os personagens estão nos anos 70, as atuações, todos os atores em Ruptura estão bem, eu não era jogado dentro de uma série da forma que foi aqui.
Aqui todos os atores entregam atuações incríveis e seus personagens são importantes para desenvolver esse quebra cabeça que a série apresenta. Desde da voz rouca marcante da chefona durona Harmony (Patricia Arquette, sensacional), até mesmo do funcionário modelo que segue as regras impostas pela cartilha para quem trabalha na empresa, o exemplar Irving (John Turturro, num ótimo ano), até mesmo o excêntrico Dylan (Zach Cherry) e a rebelde nova funcionária Holly (Britt Lower) que serve como os nossos olhos na Lumen na medida que a personagem é introduzida nesse mundo juntamente com o espectador depois que uma vaga no departamento de microgerenciamento de dados (as tais bolinhas que comentamos lá em cima) é aberta.
E como se não bastasse temos também o talentoso veterano Christopher Walken como Burt um funcionário de outro departamento que aparece e cruza com os funcionários pelos corredores fantasmagóricos e imaculados da empresa. E isso por que estamos ainda dentro da Lumon, os personagens de fora, da vida real, abrem nossas mentes para o que acontece do lado de fora da empresa e representados pela irmã de Mark (Jen Tullock) e seu cunhado estranho (Michael Chernus).
E tudo isso é o que deixa a série com um tom de conspiração, segredos, e tudo mais, muito bacana. Os combos iniciais de episódios de Ruptura são totalmente concentrados em nos introduzir para a dinâmica da empresa, para os personagens, e claro, nos deixar com a pulga atrás da orelha que alguma coisa está errada. E bem está mesmo, desde da demissão do chefe de Marc, Petey (Yul Vazquez) que poderia ser alguma coisa mais tradicional em uma série de escritório, mas aqui se assume uma coisa mais misteriosa, mais conspiratória, e revela pistas importantes para o que efetivamente está rolando por aqui.
Fica claro que os roteiristas de Ruptura não estão ali para nos dar todas as respostas imediatamente e logo de cara, mas ao longo dos episódios, e da temporada, vamos a ganhar novas respostas, e pistas, que ajudam a colocar a casa ordem, mesmo que no final de cada episódio tenhamos cada vez mais perguntas, e novos questionamentos. O que faz a experiência de se assistir Ruptura uma das melhores do ano em termos de maratona.
Ruptura disponível na AppleTv+ com 9 episódios iniciais.
A série foi muito superestimada. Ritmo arrastado, dezenas de pontas abertas sem resposta, personagens que poderiam ser removidos sem fazer falta (June, por exemplo) e um final para lá de decepcionante (e com mais dezenas de pontas abertas).
Não gostei.
A série é boa mas confesso que está sendo superestimada, até o momento.
Eu não estou gostando da série, eles não respondem nada e todos os episódios deixam dúvidas que não são sanadas ao longo da trama, não gosto de série assim.