O Cavaleiro da Lua e as diversas personalidades que ele traz, chegam ao MCU em formato serializado depois das primeiras empreitadas do estúdio no Disney+ lá no ano passado. E com isso, o seriado abre as portas para o sobrenatural e faz com que o clima de terror e de suspense invadam o Universo da Marvel… mas seria o bastante para fazer o espectador cruzar essa linha e abraçar um personagem totalmente inédito e que não vem com uma bagagem dos filmes?
Ao assistir os primeiros episódios da atração, essa dúvida me permeou durante os momentos em que um ótimo Oscar Isaac surge em tela e nos impacta com sua atuação precisa, fantástica e super convidativa como Steven Grant, Marc Spector e o vigilante do Cavaleiro da Lua.
Apostar em personagens da franquia que já deram as caras por aí em alguns filmes como Wanda, Bucky e Loki – e que querendo ou não já possuem uma legião de fãs – por mais que convidativa, era claro uma aposta relativamente fácil para Kevin Feige para impulsionar as atrações da Marvel do Disney+.
O grande desafio vem agora com a introdução não só de o Cavaleiro da Lua, mas outros 3 personagens ao longo do ano: Ms. Marvel e She-Hulk. E o desafio parece que foi aceito pelo mega produtor, afinal, Cavaleiro da Lua não é só o projeto mais diferente em termos de narrativa que já passou no MCU até então como talvez um que leve o universo para um canto que vai começar a ser explorado em outras produções no futuro. E como Feige e seu time parecem sempre quererem conectar tudo, fica claro que Cavaleiro da Lua é apenas uma espiadinha e a pontinha do pé dentro desse novo lado do Universo vai começar a explorar.
Com a chegada de Steven Grant e companhia no MCU (mesmo que as conexões com o Universo que o seriado diz pertencer não são definidas logo de cara), Cavaleiro da Lua trabalha com um tom de mistério e perguntas no mesmo estilo de WandaVision e nos deixa ali colados em tela, na busca por todas as pistas possíveis, para formar esse convidativo quebra-cabeça.
O mais interessante é que aqui, Cavaleiro da Lua precisa trabalhar a criação desse novo personagem para duas vertentes: os fãs dos quadrinhos que sabem tudo, todas as histórias e tudo mais, e o espectador comum, aquele que pode até gostar das produções da Marvel mas sem muito outro compromisso. E aqui, pelo menos ao longo dos primeiros episódios, que é fica a armadilha para Cavaleiro da Lua e para a forma como a série vai ser lançada no Disney+.
Cavaleiro da Lua nos apresenta a figura atormentada de Steven (Isaac), um moço gentil, mas que realmente se passa despercebido do restante do mundo, e principalmente dos colegas de trabalho do Museu que ele trabalha e sua chefe mala. E Steven tem um problema que o aflige além de todos os outros: ele tem problemas de sono, e realmente parece que alguma coisa acontece quando ele dorme e isso acaba por afetar também sua vida acordado, que parece que não vai muito bem também. E assim, Cavaleiro da Lua narrativamente, e um pouco exageradamente, constrói essa figura que realmente não é uma que você sentaria para ver 6 horas no Disney+, convenhamos.
Mas tudo que envolve Steven acaba por mudar quando descobrimos que esse personagem tem alguns lapsos (a parte que ele dirige um caminhão e some por vários minutos, ou quando ele está cercado de pessoas e depois elas aparecem feridas no chão são os melhores casos de como isso funciona) e começa a aparecer em lugares estranhos, com pessoas suspeitas, e carregar objetos esquisitos (uma joia antiga) por aí.
Assim, a forma como Cavaleiro da Lua resolve contar sua história é super convidativa para quem é fã de mistério, e de observar pistas para chegar numa resposta final, mas que talvez fique mais interessante para quem realmente conhece tudo que o seriado quer mostrar. Isso quer dizer que é preciso ler os quadrinhos antes? Não. Isso quer dizer que Cavaleiro da Lua é ruim? Absolutamente não. É que particularmente acho que Cavaleiro da Lua vai acabar sendo uma tipo de produção para uma parcela específica de espectadores e que não vai ter um apelo maior como teve as outras produções, ou gerar um sentimento de euforia on-line, como foi as primeiras produções do MCU no Disney+. Talvez os fãs ficarão no hype para esperar Doutor Estranho 2?
O que é curioso, afinal Cavaleiro da Lua é a chance de Oscar Isaac conseguir interpretar mais de um personagem de uma forma tão intensa e caprichada que odiaria ver a série passar pela lupa afiada dos fãs (ou seriam haters?) on-line. Afinal, na hora que Cavaleiro da Lua engrena, descobrimos efetivamente que Steven tem transtorno dissociativo de identidade, que as cartas são postas na mesa, e vemos as personalidades de Steven (ou sei lá quem é for a personalidade dominante) entrarem em conflito para ver quem vai assumir o controle do corpo, afinal Steve parece atrapalhar os planos do mercenário Marc Spector (Isaac) que sim é uma personalidade que vale a pena acompanhar uma série sim. A introdução também do Deus Egipício Khonshu (voz de F. Murray Abraham) vem para mostrar e dar o tom mais sombrio e sobrenatural para a atração que se beneficia com toda aquela história de termos “avatares” desses deuses antigos que assumem corpos de pessoas aqui na Terra. E claro, da figura de Arthur Harrow (Ethan Hawke excelente aqui) e seu culto que surge na trama para então, efetivamente, os roteiristas darem início para essa aventura em busca de tentarem trazer de volta uma outra divindade antiga e então fazer com que Cavaleiro da Lua se mostre que realmente é uma produção que vale a pena assistir.
É no todo, com todas as peças em mãos, que Cavaleiro da Lua se firma como uma atração interessante que chama a atenção e promete ser uma produção da Marvel para ficar de olho. Esqueça que as interações de Steven com a voz de Khonshu parecem iguais com as de Tom Hardy com Venom, esqueça que por enquanto que o seriado não tem nenhuma conexão com o MCU, ou easter-eggs para ficarmos caçando ou tudo mais. Apreciem o que Isaac tem para oferecer: personagens completamente diferentes uns dos outros, onde o ator arrebenta em todas as vezes, e entrega todos os detalhes e nuances em mudanças rápidas de expressões na medida que as personalidades se digladiam para ver quem vai assumir o controle do corpo e claro, os segredos que a personalidade de Marc Spector tem a esconder a respeito da tal joia antiga que parece que fundamental para os planos do sinistro Arthur e também da personagem da atriz May Calamawy, uma misteriosa mulher que aparece e diz ter um relacionamento com Marc para a surpresa de Steven.
Cavaleiro da Lua acaba por ser um grande filme com muitas horas para ser contado e serve para introduzir um novo personagem no MCU, e fazer com que o estúdio saia do lugar comum mais uma vez e mude novamente a chavinha de “personagens de apoio em terapia”. O que temos aqui é uma jornada que eu particularmente estou empolgado para acompanhar a cada semana e assistir a cada momento uma personalidade surgir em tela na medida que Isaac entrega um show de atuação.
Cavaleiro da Lua chega com seus episódios em 30 de março no Disney+.
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