domingo, 22 dezembro, 2024
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Wonka | Crítica: Timothée Chalamet canta, dança e nos leva para mundo de pura imaginação


Ladies and gentlemen

Boys and girls

The chocolate room!

Não tem como, A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971) é um dos filmes que mais marcaram o cinema ao longo de diversas gerações. Seja pelo sentimento de inocência e descoberta, pela doçura, e pela forma como convida o espectador a embarcar em um mundo mágico e de pura imaginação, ou pelas inúmeras reprises na Sessão da Tarde, definitivamente dá para dizer que o longa, sim, marcou época.

E depois de uma tentativa um pouco frustrada de um retorno para essa história alguns anos atrás que mais fez mal para o legado do original, agora, mais de 50 anos depois, temos com Wonka (2023), um acerto gigantesco, numa nova viagem, uma empolgante e encantadora para esse mundo tão saboroso de se estar e assistir. 

Timothée Chalamet em cena de Wonka.
Foto: Warner Bros. Pictures/All Rights Reserved.

E isso se dá por uma combinação interessante, como chocolate e frutas, que começa com um trabalho primoroso de escolha de elenco. Em Wonka todo mundo está bem, os personagens foram criados e interpretados de uma forma que ajudam a criar essa aura fantasiosa, musicalmente divertida, e que nos dá um tíquete dourado para sentarmos na fileira da frente para conseguirmos acompanhar de perto esse mundo que se abre mais uma vez, na nossa frente.

Come with me and you’ll be

In a world of pure imagination

Mas é por causa de uma performance realmente boa de Timothée Chalamet que Wonka surpreende, e o ator realmente ajuda a vender essa história como ninguém. Chalamet é a força motora que faz Wonka ser excelente. Os trejeitos, os maneirismos, os figurinos, tudo isso misturado com um toque de excentricidade e inocência ajudam esse Wonka, a se destacar. Chalamet não só homenageia o filme clássico, mas também Gene Wilder que personificou maravilhosamente o personagem lá do original, como também consegue criar uma versão própria, para Willy Wonka. 

E Wonka é bem mais do que a história de origem desse personagem e de sua fantástica fábrica de chocolate, é uma história robusta, e única, e que funciona de maneira própria dentro do universo criado por Roald Dahl há tantos anos.

Chalamet canta, dança e esbanja carisma ao nos levar mais uma vez para um mundo de pura imaginação num doce e encantador longa. E que ainda é um musical? É como comer aquele chocolatinho depois do almoço, ou junto com um cafezinho. E se Chalamet garante a diversão, o mesmo vale para o restante do elenco que ajuda o protagonista a contar essa história, na medida que vemos Willy Wonka seguir os desejos da mãe, e ir trabalhar com chocolates no único lugar possível: na Galeria Gourmet. 

Mas, na medida que o personagem canta, sonha, e paga a multa por sonhar no meio da praça, Willy Wonka percebe que suas ideias não serão tão fáceis de realizar na medida que ele precisa enfrentar os poderosos e ardilosos membros do Cartel dos Produtores de Chocolate.

E não é só esse grupo formado por esses vilões que dominam as vendas de doces, mas também a dona de uma estalagem, a asquerosa Srta. Scrubit (Olivia Colman) e seu funcionário/capanga Bleacher (Tom Davis).

We’ll begin with a spin

Traveling in the world of my creation

O roteiro de Simon Farnaby e Paul King, que também dirige o longa, e vem dos longas de Paddington (que ditam o tom para esse musical), sabe bem estabelecer a trama, e a jornada que Willy Wonka precisa enfrentar para realizar seu sonho e honrar a legado de sua mãe (Sally Hawkins, numa pequena, mas ótima participação).

 A trama de Wonka dá espaço para outras histórias ganharem destaques, mas nada que impeça o filme de ter o personagem como a figura de protagonista. Com algumas reviravoltas interessantes, e uma forte construção de Universo, o longa sabe trabalhar com todas as peças apresentadas para contar uma história bacana. E não só para Willy Wonka, afinal, a história do personagem se mescla com a da jovem Noodle (Calah Lane), uma órfã que também se vê presa nos truques e nas mentiras da Srta. Scrubit e que faz uma parceria com o personagem que é das mais encantadoras de se ver. 

Calah Lane e Timothée Chalamet em cena de Wonka.
Foto: Warner Bros. Pictures/All Rights Reserved.

E mesmo com menos de 2 horas de duração, Wonka faz bastante com pouco tempo de duração, afinal, apresenta uma galeria de personagens gigante, onde alguns mesmo que excelente em seus papéis, tem pouco tempo de tela, o que acaba ser um desperdício ver tanto talento assim não ser aproveitado.

o grupo de moradores da hospedaria que também levaram um golpe da Srta. Scrubit, um contador (Jim Carter), um comediante não tão engraçado assim (Rich Fulcher), uma telefonista (Rakhee Thakrar), e uma mecânica (Natasha Rothwell), até mesmo para os líderes dos cartéis, todos têm a possibilidade de contribuírem para a trama, e para a história de maneira geral e ajudam não só Wonka, mas também Noodle em suas jornadas.

Mas os destaques ficam Keegan-Michael Key (já figurinha carimbada em musicais) como o Chefe de Polícia corrupto que vê seu vício em chocolate o colocar em maus lençóis na medida que ele tenta abafar as pilantragens do cartel de chocolates, Paterson Joseph como Slugworth, o vilanesco e caricato líder da máfia dos chocolates, e um vilão a cara das aventuras de Roald Dahl, e claro Hugh Grant que realmente aparece pouco mas quando aparece com a cara alaranjada de efeitos especiais e um mau humor que mescla um tom cômico ácido do Oompa Loompa garante bons momentos. 

If you want to view paradise

Simply look around and view it

Timothée Chalamet e Hugh Grant em cena de Wonka.
Foto: Warner Bros. Pictures/All Rights Reserved.

Com a ajuda dos cenários grandiosos, coloridos do centro comercial, e que contrastam com as partes mais escuras da hospedaria no centro da cidade, Wonka se garante como um agradável musical.

Meio história de origem, meio filme de assalto, Wonka se garante também em ser mais do que apenas estar na caixinha de musical de natal, e consegue entregar um filme completo, que faz menções para o longa original, com easter-eggs que vão desde de objetos, frases, e até passagens que espelham o futuro para Wonka. O longa tem personagens carismáticos, uma boa história, e diversas sequências musicais encantadoras, coloridas e que prendem a atenção.

Das novas versões para as clássicas músicas Pure Imagination e a chiclete Oompa Loompa até mesmo para as novas músicas criadas para o longa, no final, Wonka acerta para nos levar mais uma vez para um mundo de pura imaginação, numa história de aquecer o coração e perfeita para ser vista na telona no final do ano.

Nota:

Wonka chega nos cinemas nacionais em 7 de dezembro.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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