domingo, 24 novembro, 2024
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WeCrashed | Crítica: Anne Hathaway e Jared Leto com sotaques carregados… Vale a pena?

Dois atores com Oscar de atuação na mala e uma história (real e totalmente verídica) sobre uma start-up que movimentou o mercado corporativo americano, e de de Wall Street, lá nos anos 2000, tinha tudo para ser uma produção daquelas, não é? Com certeza, mas já afirmo que talvez não seja o caso de WeCrashed, a nova minissérie da Apple TV+ que chega no dia 18, e que aqui realmente entra em ritmo de colisão e bate sem conseguir se sair bem.

Fica claro que não basta atores talentosos para contar uma história que efetivamente, bem, talvez, não seja uma boa história para se contar.Talvez também pelo fato que a jornada de Adam Neumann (Jared Leto) e Rebekah (Anne Hathaway) possa não ter sido diferente de metade das histórias que têm pipocado de empresas iniciantes que ganharam fortunas e que desapareceram da noite para o dia. O que temos aqui, novamente, são figuras poderosas de CEOs com suas visões para seus modelos de negócios e com um faro para atrair as pessoas certas para colocarem toneladas de dinheiro em seus projetos.

A diferença da história da WeWork para a do Facebook, a Apple, o Uber, é que assim como a da Theranos (que está em alta também), as duas deram muito errado, bilhões de dólares foram gastos, e muita gente se deu mal nessa. Esse é o grande ponto que tem cobiçado Hollywood nos últimos anos, histórias baseadas em acontecimentos reais, executivos que não souberam bem levar seus negócios, e a trajetória de empresas que representam o “novo sonho americano”. Esqueça as histórias de empresas que deram “certo”, como vimos lá em A Rede Social lá em 2010, mais de 10 anos depois, o interesse agora é quem não deu certo, quem não achou o seu unicórnio, e quem não mudou o cenário global para sempre. 

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Kyle Marvin e Jared Leto em cena de WeCrashed
Foto: Apple TV+

Claro, não podemos deixar de lado o método de ganhar os investidores no gogó e com um pouco de excentricidade envolvida é convidativo, e que permeia quase todas essas histórias, mas sinto que WeCrashed não tem nada de novo, ou que se destaca, de todas elas. Com a minissérie, sinto que o que temos apenas é Hathaway e Leto com sotaques carregados, e quase uma caricatura das figuras reais que foram Adam e Rebekah, por mais exagerados que eles se apresentavam ao mundo e que a série faz questão de mostrar. Entrar no escritório ao som de Roar ,de Katy Perry? Ah, conta outra. A personificação de Adam como um guru de negócios é um trabalho muito bem feito de Leto por mais que seja surreal como todas as coisas aconteceram e que tentam serem retratadas em tela.

Se não fosse pela seriedade que a história é contada, e pelos outros personagens, como o outro fundador o mais pé chão Miguel (​​Kyle Marvin), ou diversos outros personagens coadjuvantes entre eles investidores, funcionários, ou até mesmo fornecedores com o pé atrás com essa história toda, eu até poderia dizer que WeCrashed seria uma sátira no estilo Adam McKay, mas na medida que a temporada se desenvolve fica claro que não é bem isso.

Talvez seja pelo fato que os produtores resolveram focar muito mais no relacionamento de Adam e Rebekah que esteve intrinsecamente conectado com a forma como a WeWork era conduzida. Problemas no amor e problemas no trabalho? WeCrashed faz menos uma história sobre o que aconteceu com o nascimento de WeWork, e mais uma história de amor onde efetivamente nenhum dos seus protagonistas são pessoas que você torce, ou que realmente, vale a pena falar: poxa eles mereceram. Talvez seja pela forma como os dois massageavam seus egos inflados e que ao verem que um tinham mais destaque do que o outro, as coisas começaram a efetivamente dar mais errado do que certo.

Anne Hathaway e Jared Leto em cena de WeCrashed
Foto: AppleTV+

Mas acho que no fundo Leto e Hathaway em diversas cenas conseguem tirar o melhor e fazer com que WeCrashed não afunde totalmente. Tem pequenos diálogos no meio de toda a excentricidade dos dois personagens (claramente feitos um para outro) que realmente se fossem dados para outros atores não seria a mesma coisa. Ao cair de cabeça na trama, ou pelo menos tentar, já que as coisas nos primeiros episódios são muito rápidas e pouco explicadas em como um vendedor apenas com uma grande lábia, uma boa ideia, e um poder de convencimento gigante, consegue dobrar algumas pessoas para investirem nele, e uma jovem professora de ioga com uma prima famosa e o sonho de ser atriz conseguem lá no futuro conseguem comandar uma empresa avaliada em pouco mais de US$ 47 bilhões.

Ao tentar sair da fórmula Wikipédia de contar a ascensão e a queda de uma empresa, WeCrashed vai para outro caminho que realmente, para mim não deu certo, e vejo não ser a melhor rota para se contar essa história. Afinal, se sua principal meta é tentar inovar narrativamente, a série falha. Aqui o que temos é um sentimento bem estranho de como essa história vai se desenvolver.

A forma como a cultura de start-up as vezes é só uma pessoa com uma boa oratória, e os bordões “basta você trabalhar que vai dar certo” e “finja até conseguir”, as negociações de bastidores com os investidores e conselhos diretivos que tentam ser um novo Succession, tudo é colocado em WeCrashed de uma forma que realmente não existe espaço para a produção formar sua própria identidade.

Parece que estamos vendo a mesma história só que com uma nova roupagem, e dois atores super conhecidos sendo pirados em tela apenas por serem. Não sei se realmente vale o investimento em 8 horas para ver isso. Pelo menos, para o público, WeCrashed terá episódios semanais….

WeCrashed chega em 18 de março na Apple TV+ com seus três primeiros episódios.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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1 COMENTÁRIO

  1. Tentei assistir até o 4 ep, mas não pra continuar. Gosto dos atores, porém não tenho um pingo de simpatia por nenhum personagem. A maneira como tudo se resolve na série é como se fosse empurrado e não tenho quase nada de desenvolvimento. Não vale a pena gastar 8 horas vendo essa série kkkkk

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