Com as séries jurídicas perdendo força na televisão devido a sua saturação aliado com os cancelamentos das séries forenses (os mais de quatrocentos CSIs da vida) um filme onde se passa totalmente de um tribunal é um prato cheio para quem é fã do gênero em que a cada cena somos apresentados a uma peça do quebra cabeça pode sair satisfeito de Versões de um Crime que faz um filme com um caso polêmico, atuações fortes e com um suspense na medida certa. Mas dentro do grande leque de produções na TV com o mesmo tema, como por exemplo Making a Murder da Netflix e American Crime Story: People vs O.J. Simpson da FX, o filme acaba por se tornar uma produção não muito memorável.
Em Versões de um Crime (The Whole Truth, 2016) temos um filme com um caso não muito complexo e que passa quase todo dentro do tribunal. Estrelado por Keanu Reeves e Renée Zellweger o longa tem direção de Courtney Hunt (do filme Rio Congelado). Reeves faz o advogado Richard Ramsay que representa o jovem Mike Lassiter (uma atuação destacável do ator Gabriel Basso) que foi acusado de assassinar seu pai, Boone (um canastrão Jim Belushi). O personagem de Reeves é o advogado da família e tem que ajudar a viúva Loretta (uma irreconhecível Zellweger) a passar por tudo isso depois de todos os abusos que sofria do falecido.
O único problema para Ramsay é que seu cliente não abre a boca e não fala nada para ajudar o advogado a montar o caso de defesa. Assim ele ganha a ajuda de Janelle (Gugu Mbatha-Raw) a filha de um amigo que depois de um momento afastada da profissão resolve voltar a ativa sendo esse seu primeiro caso em um tribunal. Então os dois partem para montar o caso e tentar defender o cliente. Mas será que ele é inocente? Como apresentar as evidências para o juri e tentar ganhar o caso? A medida que o filme se desenvolve o público conhece via flashbacks um pouco mais da história da família onde descobrimos que tanto Loretta e Mike sofriam agressões verbais e físicas e uqe Boone não era uma pessoa muito boa. Mas o suspense que o filme tenta manter é bem raso com as cenas do tribunal se anulando pelos flashback e o público esperando pela entrada de alguém no estilo de Annalise Keating (papel de Viola Davis na série How to get Away with Murder) ou uma Alicia Florrick, a fantástica Juliana Margulies em The Good Wife para tentar apressar a resolução e vencer logo o caso.
O roteiro tenta explorar ainda mais histórias dos outros personagens como o passado da outra advogada ou uma testemunha que tem conexões com a família mas só joga essas informações para segurar a resolução do caso e ir enrolando a história para claro caber em filme de 1 hora e pouco em vez de resolver em um episódio perdido de alguma série jurídica de 40 minutos. As pequenas reviravoltas no final com a resolução do caso são bem aceitáveis em termos da trama e devem deixar satisfeito quem embarcou na premissa do filme e foi assistir a produção. O grande chamariz mesmo são os dois atores principais que já fizeram mais sucesso nos cinemas.
Assim Versões de um Crime se apoia nos seus atores principais para fazer um grande episódio de tribunal que não se apega a grandes reviravoltas durante seu percurso mas sim com textos longos e cenas de flashbacks bem conclusivas sobre o que realmente aconteceu. A pressão talvez seja entregar um filme a altura de Reeves e Zellweger mas se eles aceitaram fazer parte um de filme menor como esse quem é a gente para criticar não é mesmo? É um ótimo filme para assistir sem muitas pretenções e embarcar nas resoluções do crime mesmo ele não sendo um dos melhores do ramo.
Versões de um Crime estréia em 09 de março.