Dos mesmos produtores de Tropa de Elite e premiado como “Melhor Filme” no Brooklyn Film Festival, o longa brasileiro Macabro, dirigido por Marcos Prado (Estamira), estreia no Cine Belas Artes Drive-In, em São Paulo e no Lovecine Drive-in no Rio de Janeiro a partir do dia 28 de julho.
Macabro é inspirado na história real de Ibraihim e Henrique de Oliveira, os “Irmãos Necrófilos”, que nos anos 90 foram acusados de brutais assassinatos de oito mulheres, um homem e uma criança, na Serra dos Órgãos, em Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro.
O filme teve estreia nacional durante a 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, foi exibido no Festival Internacional de Cinema do Rio e sua estreia internacionalmente foi na competição oficial do Festival de Austin no Texas, premiado como melhor filme, na categoria “Dark Matters” do Austin Film Festival, além de ter vencido o prêmio de melhor filme pelo júri popular no Brooklin Film Festival, em junho de 2020.
Os crimes narrados no filme foram amplamente noticiados na mídia nos anos 90, quando assassinatos em série cometidos por dois jovens irmãos negros, seguidos de estupro, estavam acontecendo na região serrana, envoltos em lendas e histórias sobrenaturais, contadas pelos próprios moradores – uma comunidade de imigrantes suíços, extremamente religiosa e conservadora.
A captura dos “Irmãos Necrófilos” foi uma das missões mais longas e difíceis da história do BOPE. O filme adota esse ponto de vista, ao acompanhar o sargento Teo (Renato Goés), um jovem policial que nasceu na região e passa por uma crise profissional e ética, quando é resignado para voltar à sua cidade natal na busca pelos suspeitos escondidos na Mata Atlântica.
A ideia de fazer Macabro surgiu em 2009, quando o diretor teve acesso a detalhes sobre o caso. Nessa época Prado foi procurado pelo advogado de Henrique, um dos irmãos que se encontrava preso, alegando que ele havia sido condenado injustamente – que não haviam provas contra Henrique, e que ele não havia participado dos crimes com o irmão Ibrahim.
Como ter certeza de que Henrique havia ou não participado dos crimes? Como construir uma narrativa em que deixasse essa suspeita sem solução? Quais seriam as motivações para esses crimes tão bárbaros? Porque a maioria dos crimes foram feminicídios? “O que mais me chamou atenção nessa história, além das barbaridades dos crimes em série cometidos pelos ‘irmãos necrófilos’ e as lendas criadas pelos locais, é que talvez Henrique tenha sido condenado injustamente a 49 anos de prisão. Eram muitas perguntas sem respostas e uma porção de camadas a serem exploradas”, comenta Prado, diretor de Paraísos Artificiais, Estamira e Curumim e produtor dos filmes Tropa de Elite 1 e 2.
O roteiro de Macabro, escrito por Lucas Paraizo e Rita Gloria Curvo, é fruto de uma extensa pesquisa por parte dos roteiristas e do próprio diretor, em fóruns, processos, autos de julgamentos, entrevistas com moradores da região e com o próprio acusado, Henrique de Oliveira.