A comédia nacional Vai Ter Troco chega com um elenco de comediantes de peso. Na trama, acompanhamos o dia-a-dia de funcionários que cobram os patrões ricos o pagamento dos salários atrasados.
Funcionários cobram patrões ricos em trailer da comédia nacional Vai Ter Troco
No elenco temos os atores Miá Mello, Marcos Veras, Giovanna Grigio, Nany People, Edmilson Filho, Evelyn Castro, Nicholas Torres, Denise Del Vecchio e Saulo Laranjeira no elenco, além das participações especiais dos cantores Ludmilla e Falcão.
Com direção de Maurício Eça, o filme acompanha os altos e baixos desse grupo de funcionários na medida que os patrões que alegam estarem falidos, vivem por esbanjar dinheiro com festas e jantares para a alta sociedade.
Batemos um papo com os atores Marcos Veras que interpreta Afonso, o pai da família endinheirada, os di Silva e um grande empresário. No longa, vemos que o personagem desvia dinheiro da merenda das escolas públicas, junto com outro político, e que será preso pelo chamado “escândalo do merendão”.
Já Evelyn Castro interpreta a empregada Tonha, que tem um filho surdo e é totalmente dedicada à ele, suporta os percalços e as dificuldades no trabalho, porque tem contas para pagar. A personagem é descrita como engraçada, espirituosa e, às vezes, não se aguenta e fala as coisas na lata.
E também com Nicholas Torres que interpreta o outro filho do casal di Silva, o jovem John John. Ele é extremante limitado, e vai virar garoto de programa e trazer alegria para as velhinhas do condomínio quando começa a bolar uma forma de ganha dinheiro depois que o pai, Afonso, é preso.
Confira:
Marcos, você vem aí de um ano de bastante exposição na mídia com novelas Além da Ilusão, Vai na Fé, a dublagem de Gato de Botas 2, a peça Alguma Coisa Podre. O que mais chamou atenção em Vai Ter Troco para você ter colocado esse filme na sua agenda ai bem movimentada e falar: Vamo fazer!
Marcos Veras: O Vai Ter Troco surgiu para mim, se eu não me engano, lá em 2016, como um convite da produtora Daine Maia. E como o processo todo [de fazer cinema] demora né? Eu fiz um outro filme, O Filho Eterno e eu emendei com o do Divaldo Franco (Divaldo – O Mensageiro da Paz), um filme com a temática espírita. E depois logo em seguida veio o Vai Ter Troco.
E claro, eu soube do elenco que ia tá presente, como o Edmilson [Filho], o Nicholas [Torres], a Evelyn [Castro]. E aí eu fiquei, ainda mais atraído por conta do Maurício [Eça] estar na direção, e Rosane [Mulholland], minha esposa, já tinha falado do Maurício porque ela tinha sido dirigida por ele no filme do Carrossel, e já tinha falado muito bem dele. Então, foi esse combo de pessoas né? Porque além do roteiro, que é muito divertido, e é muito importante tocar nesse assunto, dessa luta de direitos dos trabalhadores. Patrões e empregados.
Eu sempre busco trabalhar com pessoas legais. Eu não quero trabalhar com gente chata, eu não quero trabalhar com gente mala. Então eu sempre, eu venho, dando muita sorte, eu me sinto abençoado nesse lugar por que eu quero trabalhar com gente legal. Então, foi isso, Vai Ter Troco teve muita gente legal [envolvida], um roteiro legal, um diretor legal. Agora só falta o público ser legal e ver o filme nos cinemas.
Evelyn, a Tonha e a Zildete têm momentos muito engraçados ao longo do filme. Um dos meus preferidos é quando as duas estão no closet da Sarita, e elas fazem a festa, experimentam as roupas e etc. Como foi trabalhar com a Nany People? Vocês deveriam rir o tempo todo. E se você tem alguma cena preferida?
Evelyn Castro: Conhecer a Nany nesse filme foi um dos maiores presentes. Aliás o elenco inteiro eu pude conhecer mais. Então as trocas foram muito verdadeiras, a gente ria [demais]. Tem uma cena que a gente tá na cama, que é só improviso, a gente tá bebendo, e foi só improviso aquela cena. Tem uma hora que a gente, a Nany cai da cama… ela caiu de verdade, e começamos a rir de verdade. Então, quero dizer, essa troca foi muito, muito verdadeira. Eu amei fazer esse com ela. (…) Eu quero muito fazer mais coisas com a Nany. Ela é muito inteligente.
Depois eu só encontrei com Nany, em outra projeto, mas nem fazendo cena comigo assim, mas eu quero muito fazer mais coisas com a Nany e a Nany é muito inteligente. Ela é muito inteligente.
Aí a gente só ganha também para cena, né? Se a gente se dá bem na vida real, isso a gente só ganha por personagens também, então foi isso que aconteceu.
Nicholas, você acha que os fãs do Jaime Palito de Carrossel vão te acompanhar nessa nova história? Por que eles cresceram igual você….
Nicholas Torres: Acho que o John John realmente é um grande presente na minha vida, assim porque realmente é fora de tudo que eu já tenha feito, de tudo quanto é tipo de personagem que eu já tenha feito, até então e que abriu muitos leques de ensinamentos para mim
Eu tive que buscar a referência para fazer o John John, onde coisas que eu não faço ideia, né? Então a gente acaba por fazer. Vai buscando inspirações de pessoas próximas, né, olhando ali, aqui né? Umas coisas assim e acho que é realmente um divisor como você falou né, o divisor na minha carreira que, talvez, no primeiro momento vai dar um choque no público por estarem acostumados a me verem em novelas, em projetos mais juvenis.
Então acho que vai dar realmente um baque assim na galera, vai mostrar “Putz ele cresceu! Tá diferente!” e acho que vai ser bem legal, assim vai ser um impacto assim, prazeiroso.
O elenco comenta sobre a trajetória do cinema nacional e o espaço dos longas no calendário das estreias junto com os blockbuster, e ainda toda a questão com o novo governo e o cenário da cultura no pós pandemia.
Marcos Veras: O cinema nacional nunca parou de produzir né? Até na pandemia o cinema, o audiovisual conseguiu produzir, mesmo que de forma online, mesmo que de forma mais tímida, a gente nunca parou de produzir. O que tá acontecendo é que agora há governo que curte a cultura, apoia a cultura, e sabe da importância da cultura no país.
Então o que agora é uma retomada, e também tudo a ver com um pós pandemia, né? Eu acho que os artistas os profissionais do cinema do teatro da televisão e o público estão ávidos por verem coisas novas, e por verem coisas nossas.
Agora, eu sou completamente contra a essa quantidade de salas exibindo filmes internacionais. Eu amo o filme internacional. Eu quero ver filme internacional, mas eu quero também espaço para os nossos filmes, porque os nossos filmes são muitos legais não só as comédias, os nossos dramas, os nossos documentários, a nossa cara.
Então eu acho que isso já aconteceu, passamos por um hiato, onde acabaram com a lei da cota de tela nacional. E agora há um movimento novamente dos profissionais de cinema. Para retomar essa cota obrigatória que não devia ser obrigatória, né?
Porque obrigatório, parece que é uma coisa meio forçada, mas se tiver que ser assim que seja, porque o legal seria do tipo “gente é natural, vamos botar os filmes nacionais, vamo dar uma dividida. Bota 4 vezes Barbie e não 40. Sabe?”
É isso, eu sou a favor da cota de tela Nacional.
Evelyn Castro: Eu também. Eu também sou a favor da cota de tela nacional e cabe a nós também ia falar dessa conscientização dos nossos produtos, do nosso né? Eu acho importante também.
Nicholas Torres: Já tem trazido o movimento acho que desde da volta da pandemia, né? Nesse pós pandemia, com a galera já com essa de “Vamos ao cinema”, “Vamos ao teatro.” Onde os próprios artistas mesmo já tem tendenciado o público para trazer para cada vez mais né?
Tem produções nacionais, às vezes, que são tão melhores quanto as gringas e acho que nosso país infelizmente não tem essa aceitação pública, talvez aí entra questões burocráticas de governo, enfim, mas acho que já tem mudado sim. E a galera já tem sacado isso e já tem aceito mais produções que estão vindo aí para para bagunçar, para a gente mostrar que brasileiro também pode fazer cinema, pode fazer a arte e é tão bom, quanto qualquer outro lugar do mundo.
Evelyn Castro comenta os principais desafios para a criação da personagem Tonha em Vai Ter Troco.
Evelyn Castro: O maior desafio para a Tonha, e para a personagem, foi aprender, os sinais, a linguagem dos sinais. Foi o maior de todos, e colocar em cena. Porque eu precisava fazer direitinho porque o ator que faz o Washington, de verdade ele tinha deficiência auditiva, então ele sabia fazer certinho e eu tinha que fazer certinho. E quando eu fazia errado, ele não me respondia.
E eu falava para ele: Não me responde mesmo. Porque eu queria aprender e eu queria fazer aquilo certo, então acho que foi a maior dificuldade…em que aquilo fosse natural. Então encontrar aquilo de uma forma orgânica, para que aquilo acontecesse, para trazer aquele cotidiano deles.
Que passasse verdade na hora da cena para que eu não parasse na hora e fizesse o sinal. Acho que foi a maior dificuldade para Tonha, para encontrar ali naquela relação com o filho, mas ele me trouxe muitas coisas boas, eu até falo a gente teve uma conexão, eu e aquela criança que eu me emocionava de verdade com aquela criança que agora deve tá um homem né? Porque eu não vejo ele há muito tempo.
Marcos, o Afonso e o personagem do Edmilson Filho tem uma dinâmica curiosa e que desenvolve para uma certa reviravoltinha lá no final do filme. Vocês trabalharam as primeiras cenas de uma forma diferente já sabendo dessa reviravolta ou foi uma coisa meio ah lá na frente a gente decide?
Marcos Veras: Se a memória não me trai, eu acho que a gente foi meio construindo quando foi chegar a cena. Porque eu e o Edmilson a gente também já trabalhou junto já, fizemos O Shaolin do Sertão juntos, e a gente se entende muito no olhar e na mesma galhofa. Temos o mesmo DNA.
Enfim, ele é cearense raiz, eu sou cearense genérico, porque meus pais são do Ceará eu nasci no Rio. Então a gente tem uma um jeito de falar inclusive parecido em alguns momentos. Então se minha memória não me traz a gente construiu meio que quando a gente foi fazendo o filme. Inclusive, foi motivo de riso. A gente teve crise de riso.
A gente brincou na hora, a gente se beija ou não, vamos se beija, ou não vamos se beijar. Não vamos deixar no ar. Então foi muito divertido fazer essa cena com o Edmilson que é um super comediante o cara muito rápido com raciocínio muito peculiar com uma assinatura muito forte.
Então eu acho que foi isso a gente foi brincando brincando na hora de fazer aquela cena a gente se divertiu mais ainda.
No longa, Tonha (Evelyn Castro) e Zildete (Nany People) trabalham há anos para a família de Afonso (Marcos Veras), sua esposa socialite Sarita (Miá Mello) e os filhos John John (Nicholas Torres) e MIranda (Giovanna Grigio). Após meses sem receber salário e atentos aos caprichos dos patrões, que alegam estarem falidos, mas vivem esbanjando em festas e jantares para a alta sociedade, as domésticas decidem cobrar o pagamento de uma forma mais veemente. Para isso, contam com a ajuda de Nivaldo (Edmilson Filho), o motorista faz-tudo que conhece todas as armações do patrão, incluindo suas relações misteriosas com políticos.
Juliana Araripe, Otávio Martins e Marcio Castro cuidaram do roteiro e Mauricio Eça da direção.
Vai Ter Troco em cartaz nos cinemas.