1 casa, 2 pessoas e 3 fantasmas. Essa é a receita do filme nacional Fervo estrelada estrelada pelos atores Felipe Abib, Gabriel Godoy e Paulo Vieira.
Com direção de Felipe Joffily e com roteiro de Thiago Gadelha, o longa chega nos cinemas no próximo dia 19.
Na trama, três fantasmas irreverentes ficam presos em uma casa e assombram os novos moradores na tentativa de finalizarem sua missão na Terra. Quando um casal de arquitetos (interpretados por Felipe Abib e Georgianna Goes) se muda para o casarão e decide fazer uma reforma, descobrem que o local havia sido uma casa de festas chamada “Fervo” e passam por uma série de mal-entendidos e cenas hilárias com os antigos proprietários fantasmas, interpretados por Rita Von Hunty, Gabriel Godoy e Renata Gaspar.
E o ArrobaNerd bateu um papo com o diretor do longa responsável pelos filmes E aí, comeu? (2012), Muita calma nessa hora 2 (2014), Minha Família Perfeita (2022) e o seu mais recente projeto Nas Onda da Fé (2023).
O diretor comenta curiosidades do filme e muito mais em conversa abaixo.
Como foi para você chegar nos nomes para o elenco? Como foi o processo de escolha para compôr o elenco de Fervo?
Felipe Joffily: “Eu sempre trato o elenco como uma unidade. O elenco do filme é o nós. Ele é a terceira pessoa do singular, então, o nós. E para mim tem sido muito simbólico pensar no nós, hoje, por conta de tudo que a gente viveu nesses últimos anos, nesse período de pandemia, e entender que o nós não era um coletivo de “eus”, e sim uma unidade. Um corpo. Então eu comecei a pensar nisso para escalar, no casting, dos filmes.
Eu eu olho o casting dos filmes como uma totalidade, assim, como um grupo. Temos o costume de dizer: “Ah esse casting é muito bom.” Não falamos “Os castings” ou “essas pessoas”. O casting ganha um corpo, o coletivo dessas pessoas é muito bom. E esse filme é um excelente exemplo disso, porque isso foi sendo construído, a partir de conversas com os produtores. (…) fomos levantando nomes no início, mas é sempre muito difícil montarmos um casting.
As pessoas estão sempre envolvidas com muitas coisas…. gostaria de ter vários nomes fazendo vários desses personagens, mas as circunstâncias acabam escolhendo essas pessoas, e isso é muito bom, porque os filmes ganham, na verdade, a sua originalidade por conta dessas pessoas que acabam chegando nos filmes.
Eu também chego num filme, às vezes, não sendo uma primeira opção. E eu sou parte do casting também. Teoricamente. E esse filme aconteceu assim: “Eu gosto de você. Eu gosto de você. Você pode? Você pode? Você pode? Eu posso, eu quero, Eu vou… ih não vou mais, não tenho tempo, ah que pena, ah eu posso, eu to aqui.” e a gente vai montando, esse quebra-cabeça de pessoas incríveis.
Na verdade, eu sou muito grato em de ter trabalhado com muitas dessas pessoas e elas terem chegado para trabalhar. E ainda mais grato ainda de ter conhecido novas pessoas, e essas novas pessoas vão fazer parte desse meu casting, desse meu grupo de colegas profissionais, excelentes atores que eu admiro tanto que eu vou, e espero ter oportunidade de trabalhar, mais uma vez, né?
E sobre quando o filme foi gravado. Foi durante a pandemia? Como foi esse trabalho nesses novos tempos que vivemos?
Terminamos antes da pandemia. Terminamos de gravar uma semana, duas semanas, antes da pandemia realmente se estabelecer no Rio de Janeiro. Estávamos filmando quando em São Paulo começou a rolar os primeiros casos, e era uma conversa nossa de set … Gravamos no Carnaval, terminou o Carnaval ainda tínhamos algumas diárias para fazer. Eu me lembro que tinha me mudado durante as filmagens estava num apartamento novo, e quando eu achei que ia aproveitar uma folga após das filmagens eu fiquei 1 ano e meio em casa.
Em Fervo, a atriz veterana Joana Fomm (que interpreta a Morte no filme) tem uma cena em ela dança Pablo Vittar, uma coisa que jamais imaginaríamos em um filme. Como foi fazer essa cena em particular?
Sobre essa cena da Joana Fomm dançando…. nós filmamos essa cena com ela dançando Sympathy For The Devil dos The Rolling Stones. Eu pedi para tocar… (…) e nem pedi para ela dançar. Eu só surpreendi ela com a música e ela já virou dançado e aquilo para gente foi… imagina estávamos vendo Joana dançando Rolling Stones ao vivo, ali na nossa cara, então eu rodei aquela cena até a música acabar.
Ela dançou, e ela veio dançando, e ela fez a performance dela. E foi sensacional. Muito feliz que tenha entrado no filme. E ter entrando também com mais uma dose de criatividade, com Pablo Vittar.
Como foi trabalhar na locação da casa. Foi uma casa alugada? Foi cenário? Vocês montaram? E os desafios de trabalhar, e filmar, com tantos espelhos no local?
A casa é um personagem do filme. Eu já desde do início falava sobre isso (…) e lembrar de quanto a casa é importante para o filme. Curiosamente Um Dia a Casa Cai com Tom Hanks, um filme lá dos anos 80, era uma referência para mim por que a casa ela tinha esse fenômeno, a casa ela é isso, ela é como se fosse o braço direito da própria morte, ou seja, você personifica casa quando a casa vira essa essa razão para os dois, né? Tanto pra eles, lá atrás nos anos 80, terem escolhido aquela casa para ser o Fervo, tanto quanto para esse casal que nessa aparente ingenuidade do Léo (personagem de Felipe Abbib), quando ele percebe a casa como potencial e não sabe que por trás disso tem muito mais coisa, seja aquela aquela casa ali ela pode ser o vertex do buraco negro da vida dessas pessoas, pode ser o limbo eterno, ou seja, ela é o próprio bicho papão em formato de casa.
Então eu sempre olhei pra casa dessa maneira. E ela tem essa face fascinante de ser uma casa do Sérgio Rodrigues (famoso arquiteto e design brasileiro) e por isso tem uma arquitetura muito impressionante. Foi uma descoberta, e um acerto, do nosso time de produção, do nosso produtor de locação.
Mas foi muito difícil para gente tomar essa decisão e optar por essa casa justamente por que ela tinha esses espelhos e todos esses vidros. Ela tinha muita entrada de luz, ou seja, tudo aquilo que a gente no cinema tenta controlar, né? É então mas isso era muito mais trabalhoso pro fotógrafo do que do que para mim, né?
Para equacionar tudo isso, incorporamos justamente os reflexos, os vidros. Então muitos dos truques que fizemos, foram truques cênicos antigos. Usávamos realmente os reflexos para fazer os fantasmas estarem na imagem, mas não estarem propriamente, porque eles estavam nos reflexos. Então a questão dos espelhos é para as almas penadas também é uma uma razão de ser, então isso foi muito, foi muito, incrível a gente ter tido essa oportunidade.
Tem uma cena que o Dudu Azevedo vem correndo, ele parece que passa pela parede… com o truque de câmera parada, a gente vê ele saindo do reflexo, depois a gente só tinha que apagar o reflexo dele na pós [produção] em alguns casos a gente nem precisava apagar. Foram coisas assim foram truques muito rudimentares assim muito artesanais, eu sempre quis usar esse formato manipulação das imagens a partir de fenômenos artesanais muito mais do que dos digitais eletrônicos.
Fervo chega em 19 de janeiro nos cinemas nacionais.