Confesso que The Shrink Next Door era uma das séries que eu mais estava empolgado para ver em 2021. E não teria por que não estar empolgado né? A Apple uniu os atores/comediantes Paul Rudd e Will Ferrell nos papéis principais dessa produção e logo em seguida adicionou a talentosa Kathryn Hahn no mix. Uma combinação de sucesso, certo? Não sei bem dizer se sim.
Baseada em uma série de podcasts, a premissa de The Shrink Next Door é simples: a série vai acompanhar a estranha relação entre um psiquiatra e o seu paciente ao longo de sua vida. Uns 27 anos assim por dizer. Mas precisava ser tão estranha assim? Nos três primeiros episódios disponibilizados para a imprensa e que chegam na AppleTV+ no dia 12, tudo me pareceu muito sutil demais e a série faz um começo morno para o que a produção poderia oferecer em sua premissa que mesmo simples é muito promissora.
Talvez o seriado tente fazer um “ninguém é o real culpado do aconteceu” nesse começo para nos fazermos ligar para esses personagens, e não assumir um lado logo de cara, mas senti que faltou uma definição mais clara de como o Dr. Isaac Herschkopf (Rudd, excelente com um sotaque divertido) manipula seu paciente, o empresário Martin Markowitz (Ferrell sendo ele mesmo) para fazer as coisas que ele quer. Acho que a série trabalha isso de uma forma muito simples, onde, talvez, nesse começo o Dr. Issac não saiba bem o poder da sua influência sobre o seu paciente.
Queríamos uma coisa meio Joe de You, recebemos a dupla jogando basquete em uma quadra em Nova York nos anos 80 e festas de Bar Mitzvá com 40 anos. O tema religioso é muito presente nesse começo, mesmo que efetivamente não influência a trama de maneira geral, mesmo que ver Ferrell e uma garotinha treinando para o evento religioso foi bem divertido de se assistir.
Por mais que a dupla principal esteja bem em seus papéis, e a trama oferece um mistério para sabermos o que aconteceu na cena de abertura, onde vemos, no presente, o Dr. Issac em uma grande festa num casarão, e o personagem de Martin claramente tendo algum surto e servindo como um faz tudo no local, ainda fica muito distante do que é apresentado no passado logo em seguida.
Afinal, como falei, The Shrink Next Door começa muito lento para o que se propõe. A forma como Dr. Issac entra na vida do paciente e se dá pelo fato que a irmã de Martin, Phyliis (Hahn, magnífica e diria que a melhor coisa desse começo) acha que o irmão precisava ver e falar com alguém após a morte do pai, onde ele precisa assumir o negócio da família. Mas Martin nunca foi uma pessoa muito pulso firme, vemos isso nas diversas cenas de flashback em sua infância, mas parece que agora com os conselhos do Dr. Issac, as coisas vão mudar para ele e ele vai se impôr mais na sua vida. Mas será que é para o seu melhor? Ou para o que o Dr. Issac acha que é melhor?
Fica claro que Martin sempre foi co-dependente de alguém, primeiro com sua irmã Phyliss, onde os dois trabalham juntos e tocam o negócio da família, depois com suas namoradas (a cena em que ele precisa terminar com uma delas e a moça pede uma viagem de férias é muito boa). Mas agora o foco de Martin parece mudar para o Dr. Issac, onde fica claro que o doutor vai tentar minar todas as outras relações do seu paciente. Mas por qual motivo? Isso é uma começa que nesse começo a série deixa em espera. O mais curioso que The Shrink Next Door nunca pinta, pelo menos nesse começo, o Dr. Issac como vilão, e a atuação de Rudd é certeira para nos fazermos ficarmos com essa pulga atrás da orelha sobre as verdadeiras intenções do personagem e como a personalidade de um vai se espelhar no do outro.
Com 8 episódios, The Shrink Next Door tem tudo para engrenar por conta de seu elenco talentoso, uma ótima ambientação de época e tudo mais. Mas por enquanto, falando apenas desse começo, a série ainda não mostrou para que veio.
The Shrink Next Door chega dia 12 com três episódios na Apple TV+, e exibe depois todas às sextas, um novo episódio.