quinta-feira, 19 dezembro, 2024
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The One | Crítica 1ª Temporada: Um match instantâneo e viciante

O que você faria se pudesse encontrar o amor verdadeiro através de um simples teste que usasse sua combinação de DNA? Você iria atrás do seu felizes para sempre com a pessoa destinada a ser seu par ideal? Essa é a premissa da nova série da Netflix chamada The One. 

Claro, a ideia, o conceito, não é inteiramente nova, afinal Soulmates lançada no ano passado pelo canal AMC nos EUA (disponível aqui no Prime Video) segue basicamente a mesma premissa. Mas The One é um pouquinho diferente, é baseada no livro de John Marrs, e é muito mais viciante de se assistir.

Eu diria que The One é um match instantâneo para os fãs de série de conspirações e assassinatos. The One faz uma mistura de How To Get Away With Murder (menos os estudantes chatos) com qualquer episódio de Black Mirror. E essa combinação, aqui, dá muito certo sim. Vou explicar.

The One - 1ª temporada Netflix
The One – 1ª temporada
Foto: Robert Viglasky/Netflix

Com 8 episódios que vimos de forma antecipada, o seriado mostra a história da organização multibilionária The One (que dá o título da série) que serve como uma casamenteira moderna e que já uniu milhões de pessoas ao redor do mundo através da ciência ao descobrir quem é o seu match perfeito. Só é preciso enviar uma amostra de DNA, um fio de cabelo, por exemplo, para os escritório e voilà em dias você tem a resposta. Esqueça encontros monótonos, sexo ruim, e arrastar para lado eternamente no Tinder, ou dar um Woof, The One te garante a certeza do amor verdadeiro. E graças à empresária Rebecca Webb tudo isso é possível. 

Como a personagem diz logo no primeiro episódio: se vamos apostar, por que não jogar os dados e tirar um 6 logo de cara?  É o que a empresa The One promete. Mas claro, como vemos em um bom e velho episódio de Black Mirror a tecnologia parece não ser tão perfeita assim, afinal, lidamos com um fator de imprevisibilidade muito maior: pessoas. 

E é aqui que The One destaca. O seriado nos apresenta personagens tão reais, humanos, e identificáveis com a nossa realidade que é impossível não se pegar pensando nas inúmeras possibilidades que o tal match tecnológico proporciona.  E junto com tudo isso, temos ainda uma história que envolve corpos misteriosos aparecendo por aí, flashbacks que ajudam a contar essa história, e ainda uma trama bem amarrada e que realmente mostra que nenhum dos personagens está a salvo e que os roteiristas não vão poupar nada e ninguém, assim como a nossa protagonista Rebecca.

O mais bacana para mim que boa parte dos personagens poderiam soar clichês e sem profundidade, mas aqui, por conta de um bom roteiro, vemos que muitos deles tem uma oportunidade para se destacarem com suas histórias isoladas e que acabam, por uma via ou outra, se conectam com apenas uma coisa, o teste de DNA da empresa The One, e claro, sua CEO, a implacável Rebecca (Hannah Ware, muito bem).

Ao mesmo tempo que vemos essa figura linha dura, uma agressiva mulher de negócios, e uma cientista brilhante, vemos também como Rebecca se tornou essa poderosa empresária de tecnologia. Será que ela encontrou o seu conto de fadas? Ou vive um pesadelo? Assim, vemos como o teste criado por ela e pelo colega James (Dimitri Leonidas) que aliás, por algum motivo que não sabemos logo de cara, está afastado do dia-a-dia da organização, influencia a vida de diversas pessoas que cercam a vida da empresária e quais segredos ela esconde. Será que a criação da The One foi assim tão simples? E olha te falar que são muitos segredos que a série apresenta ao longo desse primeiro ano.

The One cria uma trama tão bem amarrada, e digamos tão complexa, quanto sair por aí na busca de um par ideal (antes da pandemia, claro). The One consegue nos fazer querer saber o que vai acontecer com os personagens logo de uma vez, eu mesmo maratonei super rápido a série (coisa que nunca faço) só para saber o que tinha acontecido, e claro, com a trama principal e nos faz querer descobrir todos os esqueletos presos no armário de Rebecca que sim tem muita coisa para esconder.

The One Netflix
The One – 1ª temporada
Foto: James Pardon/Netflix

Ao mesmo tempo, The One também cria diversos outros pequenos arcos narrativos que dão uma certa sustância para a série e que mostram como essa tal tecnologia pode realmente afetar os relacionamentos, como a taxa de divórcios no país (o seriado se passa na Inglaterra), a economia, as leis de acesso às informações, ou o que você faria se descobrisse que a pessoa ideal de seu parceiro, não é você. Aqui o casal Hannah (Lois Chimimba, ótima) e Mark (Eric Kofi-Abrefa) podem soar um pouco desconexos e fora da história principal, mas a trama do casal é uma das mais divertidas e boas de se acompanhar. Hannah fica na piração de tentar descobrir quem é a match do marido, descobre quem é, e fica amiga dela, a jovem Megan (Pallavi Sharda). É uma situação meio estranha, maluca, mas completamente divertida, e Chimimba realmente está muito boa, para mim faz um dos destaques da série.

E assim, vemos que o casal está envolvido com Rebecca (Mark é um jornalista que escreve uma matéria sobre a empresa e a The One) que ganha atenção da polícia quando um corpo aparece no meio do Rio Tamisa e a polícia investiga a ligação da pessoa misteriosa com a empresária e com a The One. Assim, entra também na equação uma dupla de investigadores que começa agir e tentar desvendar este mistério. O foco fica com a detetive Kate (Zoë Tapper) que também tem um arco narrativo muito interessante e que tangencia a trama principal, afinal, enquanto ela ao mesmo tempo precisa investigar a empresa, também tem que lidar com a descoberta de quem é o seu match, e a pessoa ser alguém completamente diferente do que ela imaginava. E o seriado consegue trabalhar bem o embate entre Kate e Rebecca e quem no final sairá de pé até o final da temporada.

No final, The One tem tudo para ser a sua próxima obsessão na Netflix e realmente a série consegue construir seu mistério (com o uso de flashbacks) durante toda a temporada e acerta e muito a forma que conta essa história de uma forma em geral. O mais legal é ver os personagens interagindo com as consequências que o tal teste de DNA para encontrar o amor trouxe para suas vidas. Para mim deu match, e vocês?

The One chega em 12 de março na Netflix.

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Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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