O que você faria se pudesse encontrar o amor verdadeiro através de um simples teste que usasse sua combinação de DNA? Você iria atrás do seu felizes para sempre com a pessoa destinada a ser seu par ideal? Essa é a premissa da nova série da Netflix chamada The One.
Claro, a ideia, o conceito, não é inteiramente nova, afinal Soulmates lançada no ano passado pelo canal AMC nos EUA (disponível aqui no Prime Video) segue basicamente a mesma premissa. Mas The One é um pouquinho diferente, é baseada no livro de John Marrs, e é muito mais viciante de se assistir.
Eu diria que The One é um match instantâneo para os fãs de série de conspirações e assassinatos. The One faz uma mistura de How To Get Away With Murder (menos os estudantes chatos) com qualquer episódio de Black Mirror. E essa combinação, aqui, dá muito certo sim. Vou explicar.
Com 8 episódios que vimos de forma antecipada, o seriado mostra a história da organização multibilionária The One (que dá o título da série) que serve como uma casamenteira moderna e que já uniu milhões de pessoas ao redor do mundo através da ciência ao descobrir quem é o seu match perfeito. Só é preciso enviar uma amostra de DNA, um fio de cabelo, por exemplo, para os escritório e voilà em dias você tem a resposta. Esqueça encontros monótonos, sexo ruim, e arrastar para lado eternamente no Tinder, ou dar um Woof, The One te garante a certeza do amor verdadeiro. E graças à empresária Rebecca Webb tudo isso é possível.
Como a personagem diz logo no primeiro episódio: se vamos apostar, por que não jogar os dados e tirar um 6 logo de cara? É o que a empresa The One promete. Mas claro, como vemos em um bom e velho episódio de Black Mirror a tecnologia parece não ser tão perfeita assim, afinal, lidamos com um fator de imprevisibilidade muito maior: pessoas.
E é aqui que The One destaca. O seriado nos apresenta personagens tão reais, humanos, e identificáveis com a nossa realidade que é impossível não se pegar pensando nas inúmeras possibilidades que o tal match tecnológico proporciona. E junto com tudo isso, temos ainda uma história que envolve corpos misteriosos aparecendo por aí, flashbacks que ajudam a contar essa história, e ainda uma trama bem amarrada e que realmente mostra que nenhum dos personagens está a salvo e que os roteiristas não vão poupar nada e ninguém, assim como a nossa protagonista Rebecca.
O mais bacana para mim que boa parte dos personagens poderiam soar clichês e sem profundidade, mas aqui, por conta de um bom roteiro, vemos que muitos deles tem uma oportunidade para se destacarem com suas histórias isoladas e que acabam, por uma via ou outra, se conectam com apenas uma coisa, o teste de DNA da empresa The One, e claro, sua CEO, a implacável Rebecca (Hannah Ware, muito bem).
Ao mesmo tempo que vemos essa figura linha dura, uma agressiva mulher de negócios, e uma cientista brilhante, vemos também como Rebecca se tornou essa poderosa empresária de tecnologia. Será que ela encontrou o seu conto de fadas? Ou vive um pesadelo? Assim, vemos como o teste criado por ela e pelo colega James (Dimitri Leonidas) que aliás, por algum motivo que não sabemos logo de cara, está afastado do dia-a-dia da organização, influencia a vida de diversas pessoas que cercam a vida da empresária e quais segredos ela esconde. Será que a criação da The One foi assim tão simples? E olha te falar que são muitos segredos que a série apresenta ao longo desse primeiro ano.
The One cria uma trama tão bem amarrada, e digamos tão complexa, quanto sair por aí na busca de um par ideal (antes da pandemia, claro). The One consegue nos fazer querer saber o que vai acontecer com os personagens logo de uma vez, eu mesmo maratonei super rápido a série (coisa que nunca faço) só para saber o que tinha acontecido, e claro, com a trama principal e nos faz querer descobrir todos os esqueletos presos no armário de Rebecca que sim tem muita coisa para esconder.
Ao mesmo tempo, The One também cria diversos outros pequenos arcos narrativos que dão uma certa sustância para a série e que mostram como essa tal tecnologia pode realmente afetar os relacionamentos, como a taxa de divórcios no país (o seriado se passa na Inglaterra), a economia, as leis de acesso às informações, ou o que você faria se descobrisse que a pessoa ideal de seu parceiro, não é você. Aqui o casal Hannah (Lois Chimimba, ótima) e Mark (Eric Kofi-Abrefa) podem soar um pouco desconexos e fora da história principal, mas a trama do casal é uma das mais divertidas e boas de se acompanhar. Hannah fica na piração de tentar descobrir quem é a match do marido, descobre quem é, e fica amiga dela, a jovem Megan (Pallavi Sharda). É uma situação meio estranha, maluca, mas completamente divertida, e Chimimba realmente está muito boa, para mim faz um dos destaques da série.
E assim, vemos que o casal está envolvido com Rebecca (Mark é um jornalista que escreve uma matéria sobre a empresa e a The One) que ganha atenção da polícia quando um corpo aparece no meio do Rio Tamisa e a polícia investiga a ligação da pessoa misteriosa com a empresária e com a The One. Assim, entra também na equação uma dupla de investigadores que começa agir e tentar desvendar este mistério. O foco fica com a detetive Kate (Zoë Tapper) que também tem um arco narrativo muito interessante e que tangencia a trama principal, afinal, enquanto ela ao mesmo tempo precisa investigar a empresa, também tem que lidar com a descoberta de quem é o seu match, e a pessoa ser alguém completamente diferente do que ela imaginava. E o seriado consegue trabalhar bem o embate entre Kate e Rebecca e quem no final sairá de pé até o final da temporada.
No final, The One tem tudo para ser a sua próxima obsessão na Netflix e realmente a série consegue construir seu mistério (com o uso de flashbacks) durante toda a temporada e acerta e muito a forma que conta essa história de uma forma em geral. O mais legal é ver os personagens interagindo com as consequências que o tal teste de DNA para encontrar o amor trouxe para suas vidas. Para mim deu match, e vocês?
The One chega em 12 de março na Netflix.