The Map of Tiny Perfect Things (2021) é mais um desses casos que não mexe em time que tá ganhando, sabe? Os filmes que colocam personagens dentro do chamado looping temporal ganharam força em Hollywood nos últimos tempos e parece que vieram para ficar. Seja pela habilidade de contar uma boa história – isso se contada do jeito certo, claro – pela forma que o roteiro, e o filme, podem brincar com algumas situações ou até mesmo, em vermos como esses personagens se saem nessa situações que vivem e que estão presos. Isso se eles conseguem no final né?
E The Map of Tiny Perfect Things faz tudo isso, uma comédia romântica que mistura uma trama de Dia da marmota e que realmente entrega pequenos momentos, muitos fofos e adoráveis, que se conectam com a história de uma forma, assim por dizer, perfeita.
Tudo clica e se conecta muito bem no filme, seja por nos apresentar personagens que são extremamente carismáticos, ou pela história já batida de pessoas presas em dias únicos. Mas aqui, temos um twist para a trama de “uma única pessoa vivendo um único dia sempre”, afinal, tanto Mark (Kyle Allen) quanto Margaret (Kathryn Newton) estão presos no mesmo dia juntos. E The Map of Tiny Perfect Things também se garante pelas boas surpresas que a busca de tornar esse dia repetido perfeito oferece, e talvez, por fim, de como fazer com que os personagens consigam sair desse loop. Ou não.
E realmente é o ano, ou o momento, de Kathryn Newton, no seu segundo filme seguido (depois do ótimo Freaky – No Corpo de Um Assassino) com um tema até que parecido. Aqui, em The Map of Tiny Perfect Things a atriz entrega uma personagem completamente diferente, mas ao mesmo tempo super cativante e que apenas compra que Newton é super talentosa, e mais uma vez se firma como uma das próximas grandes estrelas teen de Hollywood.
O mais bacana de The Map of Tiny Perfect Things é que o longa nos conquista com essas pequenas coisas que fazem diferença para a história, seja o texto afiadíssimo de Lev Grossman, ou ainda pelos os detalhes que compõem essa busca dos nossos protagonistas em criar o tal mapa do dia perfeito, onde tudo isso é que faz o filme dar muito certo, e sim, ser uma grata surpresa.
The Map of Tiny Perfect Things não subverte o gênero do Dia da Marmota, e não tenta ser totalmente amalucado e abraçar outros sub-gêneros como foi em No Limite do Amanhã (2014) ou A Morte Te Dá Parabéns (2017) e sim, faz uma típica comédia romântica, mas que brinca com as questões teóricas e também bastante reais sobre as consequências de estar preso nesse único dia. A diferença é que aqui, o jovem Mark percebe que não está sozinho nisso tudo, e descobre que outra pessoa, além dele, também vive esse dia eterno. E que talvez, para Margaret, esse dia não seja um bom dia.
Mas é extremamente cativante vermos Mark indo atrás de viver seu dia, um dia após outro, e Allen consegue entregar um espírito de descontração muito bacana, onde o ator parece confortável em suas passagens que são muito divertidas, como a minha favorita, aquela em que uma menina leva a bolada na cabeça na piscina comunitária, ou quando ele usa um trator no meio da cidade que vive, ou ainda quando o vemos ter discussões com seu amigo Henry (Jermaine Harris) quanto eles jogam vídeo-game e filosofam sobre essa garota que o rapaz encontrou e está apaixonado. Mark e Henry conversam sobre diversas possibilidades e diversas coisas mesmo o rapaz sabendo que no próximo dia o amigo não vai lembrar de nada mesmo.
The Map of Tiny Perfect Things tem apenas 1h35 de duração, mesmo que para mim pareceu ter mais de 2 horas e não pelo lado ruim da coisa, afinal, eu fiquei super entretido com as peripécias que o roteiro de Grossman entregava, e queria saber mais das coisas que Mark e Margaret poderiam fazer e que soavam perfeitas para eles. Desde de um caminhão parar na rua com a fachada em formato de asas que se encaixam perfeitamente quando uma pessoa senta em um banco em determinado horário do dia, ou até mesmo um pôr do sol com pássaros voando pelo céu avermelhado. Tudo em The Map of Tiny Perfect Things foi criado, tanto pelo roteiro, e depois pela execução de Ian Samuels (que dirige o longa) de uma forma muito envolvente e que puxa o espectador para dentro dessa história.
E juntamente com esse trabalho de ambientação, The Map of Tiny Perfect Things trabalha muito bem em como desenvolver os mistérios que a história oferece, como por exemplo, por qual motivo eles estão presos nisso? Como eles vão sair? E se eles vão algum dia sair? E por qual motivo Margaret sempre some no mesmo horário e sempre por conta da ligação de uma pessoa misteriosa?
The Map of Tiny Perfect Things diferente de outros longas do gênero, responde tudo isso, e acerta ao colocar seus personagens para viverem tudo dentro dessa bolha sem se preocupar muito em se, e como, eles vão sair. E é nesse momento onde o filme se sobressai, ao entregar uma história de amadurecimento muito forte e super interessante e que realmente combina com a trajetória dos personagens independente da trama de looping temporal.
E muito disso se dá pela química entre Allen e Newton com seus diálogos afiados, discussões sobre questões sobre a vida, e passagens que soam quase teatrais, mas que combinam com o que o longa se propõe. Alguns momentos em que vemos a câmera acompanhar a dupla em suas aventuras, algumas quase num plano-sequência infinito, são incrivelmente sedutoras do ponto de vista estético e que ajuda essa narrativa nos conquistar, e embarcar na trama desses dois jovens que são bem agradáveis de se acompanhar.
No final, eu só queria ter mais tempo com eles ao longo do filme, mas para isso acho que só se dermos o play novamente em The Map of Tiny Perfect Things quando o filme terminar. Coisa que definitivamente farei, e recomendo o mesmo. Vamos?
The Map of Tiny Perfect Things chega em 12 de Fevereiro no Prime Video.