A melhor série da atualidade está de volta! Após sua excelente 1ª temporada, The Handmaid’s Tale retorna com força total e uma tarefa bem complexa: prosseguir com história original sem perder a qualidade após utilizar todo o material base. É com grande prazer que informo que é possível dizermos que a nova leva está ainda melhor! Vamos ver o que aconteceu em June. Praise be! (Louvado seja!)
ALERTA DE SPOILER: Este artigo contém informações sobre os principais acontecimentos do episódio. Continue a ler por sua conta e risco.
A série retoma do exato momento em que deixamos Offred na temporada passada, entrando na vã dos Olhos. É possível ver seu crescente desespero ao não saber seu destino. Que cena aterradora! Foram quase nove minutos de pura tensão em que destruíram qualquer expectativa de uma fuga tranquila. The Handmaid’s Tale não é uma série que nos passa esperança e não pode cair na tentação de uma saída fácil. É importante vermos a consequência das ações das Handmaids ao se recusarem a apedrejar Janine, pois não podemos esquecer que a Gilead é um governo totalitarista. Nenhuma insubordinação pode passar despercebida sem sua devida punição.
Me intriga que, em uma sociedade tão falocêntrica como a Gilead, Tia Lydia tenha tanto poder. Não se trata apenas do controle total sobre tudo que diz respeito às Handmaids, mas a utilização de recursos e de Olhos em tamanha proporção apenas para dar um “susto”. Imagino que seja um pensamento do tipo “mulheres que se adestrem em sua inferioridade”, mas a magnitude do teatro orquestrado por ela é de espantar.
O mais interessante das cenas de flashback é que podemos identificar como o mundo já possuía células de pensamento conversador. A obrigação da assinatura do marido para comprar contraceptivo e a bateria de perguntas onde a médica deixa implícito que June é uma mãe negligente não são de total estranhamento em uma realidade onde a natalidade é extremamente baixa e rara. É como se os preceitos da Gilead já estivessem sendo instaurados antes da tomada de poder, utilizando-se da fé e crença da população. Interessante vermos que muitos dos argumentos são utilizados na nossa sociedade.
Tia Lydia é realmente intrigante. Não consigo entender quais são suas reais motivações. Em um momento diz amar todas as Handmaids e chora de alegria ao saber que Offred está grávida, para logo em seguida ameaçá-la de tortura e desfiguração caso não siga suas regras. E como se não bastasse a tortura mental, ainda sente a necessidade de deixar uma marca física nas desobedientes. Será que todas perderão as mãos? Ou terão “apenas” queimaduras graves? Temos que lembrar que mãos não são necessárias para gerar filhos…
O reencontro com Serena Joy foi maravilhoso. Eu adoro como Offred é sarcástica sem ser ofensiva, deixando a mestra sem oportunidade de resposta. O que me estranhou foi a naturalidade com que o Comandante Fred agiu. Parece que o confronto a esposa nem aconteceu. Duvido que esteja tudo bem de fato. Além disso, somos lembrados da condição de útero externo de todas das Handmaids.
A fuga de Offred foi, sem duvidas, uma das partes mais empolgantes do episódio. Demonstra o grau de planejamento e infiltração que a Mayday tem dentro da Gilead. Ao mesmo tempo, me pergunto como foi possível, afinal, seus mestres a estavam esperando fora da sala. Como nenhum sinal foi dado e deixaram um caminhão sair do perímetro sem nenhuma repercussão? Achei meio forçado.
A simbologia de Serena Joy sentada na janela na mesma posição de Offred serve como contraponto de suas posições nesse governo. Mesmo sendo esposa de um Comandante, ela não passa de uma prisioneira em cárcere privado. Sua desolação ao descobrir que Offred fugiu e, consequentemente, não terá mais um filho seria tocante se não soubéssemos de seu caráter.
Voltamos para acompanhar o exato momento da tomada de poder da Gilead. Homens armados metralhando políticos em Washington e explodindo a Casa Branca. Acho importante percebermos que absolutamente nada impede que esse tipo de situação ocorra nos Estados Unidos, devido sua política de venda de armas. A 2ª emenda permite que a população se arme contra o Estado caso estejam abusando de seu poder. O problema é que nada impede que uma facção tome o controle utilizando suas próprias crenças como justificativa, afinal, de acordo com eles, o Estado não estava agindo pelo bem maior da nação.
Finalmente temos a confirmação de que Nick realmente faz parte da Mayday. O reencontro foi terno, mas gostaria que pudessem dar uma enfase maior à cena, é triste que não possam nem aproveitar do momento pois é necessário iniciar a fuga. O foco na transformação de Offred é valoroso. Todo o momento em que esteve na Gilead, sua vida foi cheia de rituais. A queima do informe e corte de cabelo também possuem aspectos ritualísticos. Simbolizam a erradicação de sua persona imposta e a incorporação de sua nova faceta de rebelde e fugitiva.
Que aflição ter que acompanhar a automutilação para se livrar da marcação como Handmaid. Será que não havia nenhuma ferramenta por perto que conseguisse cortar o metal sem ter que perder metade da orelha? Mas serve para nos mostrar o grau de resolução que estava apenas esperando para explodir. E é importante que ela mesma tenha cortado seu cabelo e orelha, pois simboliza seu empoderamento e tomada de controle sobre seu próprio corpo. June agora é uma mulher livre que fará de tudo para manter sua liberdade e a de seu filho.
A trilha sonora continua excelente. A música instrumental de Adam Taylor é absolutamente de perder o fôlego, nos colocando nas mesmas situações claustrofóbicas e aterradoras. Eu adoro que as músicas com letras não servem apenas para melhorar uma cena, mas também fazem parte da narrativa e contam uma história.
- Offred Is Taken Away – Adam Taylor
- This Woman’s Work – Kate Bush
- Going Back To Where I Belong – Sugar Pie DeSanto
O EVANGELHO DE GILEAD:
- Para quem não se lembra, o motorista do caminhão é o mesmo açougueiro que entregou o pacote de Moira no episódio 1×09 – The Bridge.
The Handmaid’s Tale é exibida no Brasil pelo Paramount Channel aos domingos às 21:00, com reprise durante a semana (chequem a programação aqui). Para quem quiser aproveitar, a VivoTV liberou acesso livre até 09 de setembro.
O que acharam da premiere da 2ª temporada de The Handmaid’s Tale? Deixem suas opiniões nos comentários! Praise be!