E mais uma vez os homens estragam tudo. Bastou dizer que a qualidade estava aumentando para The Handmaid’s Tale entregar um episódio absolutamente descartável. Cumpriu a função de entreter? Sim, mas não contribuiu em nada para o desenrolar da trama. Pelo menos Luke pôde mostrar que é marido e pai amoroso e que faria de tudo pela família. Vamos entender os problemas de The Other Side! Praise be! (Louvado seja!)
ALERTA DE SPOILER: Este artigo contém informações sobre os principais acontecimentos do episódio. Continue a ler por sua conta e risco.
O episódio é inteiramente focado em Luke e no que lhe aconteceu após se separar de June e Hannah. Novamente, a cinematografia é linda, com belíssimas imagens das árvores cobertas de neve e lagos congelados, além das tomadas em close-up que já são o padrão da série. O que achei desnecessário foi a obrigação em manter a estrutura de flashback. Já se trata de algo que não acontece no tempo presente da narrativa que acompanhamos, é realmente necessário entrecortar essa memória com mais recordações?
A análise do episódio será bem reduzida, pois não há muita informação para digerirmos. O que assistimos foi um filme de fuga clássico e nada mais. Há os momentos de fofura, como o café da manhã no chalé e a brincadeira no lago, mas todo o resto do episódio é uma coleção de momentos de ação e adrenalina alucinantes. Não vou negar que realmente foi empolgante e que em vários momentos achei que ele não sobreviveria, já que ainda não tínhamos a confirmação se ele de fato estava vivo, mas, a recompensa final não foi tão satisfatória quanto a de episódios anteriores.
Gostei de ver o grupo de fugitivos que resgata Luke de morrer congelado no bar e sua diversidade. Não apenas pelo claro exemplo de perseguidos (a freira, o homossexual, a fértil), mas pelas diferentes etnias. Zoe (Rosa Gilmore) é uma ótima líder e é a sua força que faz Luke enxergar a realidade e buscar a sobrevivência como forma de lutar pela sua família. Rosa Gilmore é uma atriz iniciante, mas espero que consiga mais papeis de agora em diante, pois essa pequena participação foi muito boa.
Sobre a mulher resgatada do Centro Vermelho (que tem o nome de Erin nos créditos), ela me fez notar algo novo. Todas as Handmaids tem aquela espécie de marcador na orelha? Eu não tinha reparado nisso antes. É algo que só vi utilizado para a marcação de gado, literalmente. Não é difícil entender o motivo de ela ser tão traumatizada a ponto de ter perdido a habilidade da fala.
Precisamos falar sobre essa fuga. Mas que burrice total foi aquela? Como podiam querer escapar vivos com aquela quantidade enorme de luzes embaixo de uma ponte durante a noite? É óbvio que chamaria a atenção dos Guardiões. Precisei voltar a cena várias vezes e me parece que apenas Zoe não conseguiu escapar, o que já é uma pena enorme, pois sua liderança seria muito útil para a Revolução. Vocês também acham que apenas Zoe foi alvejada? Havia mais pessoas fora do barco, mas os que estavam no ônibus com Luke parecem ter embarcado antes de serem emboscados, o que acham? Deixem suas opiniões nos comentários.
Agora já posso parabenizar a escolha de O-T Fagbenle para o papel de Luke. Seu passado como adúltero poderia causar dúvidas sobre seu amor pela família, mas O-T soube dosar muito bem a emoção entre momentos de fragilidade (como quando se mostrou incapaz de usar um revolver, o que June fez instantaneamente) e proteção familiar. Seu choro de alegria ao descobrir que June e Hannah ainda estão vivas foi muito comovente. Agora, resta saber como será sua reação, afinal, ele faz parte da Revolução que está alocada no Canadá. Será que ele tentará invadir Gilead?
Mais uma vez, a trilha sonora participa da narrativa, auxiliando a transmitir a mensagem do roteiro. A música de encerramento, além de ser uma balada deliciosa, demonstra o papel protetor de Luke em sua família. Sweet Baby James serve para nos passar a ilusão de segurança, apenas para sermos surpreendidos pelos latidos dos Guardiões e suas armas.
O EVANGELHO DE GILEAD:
- O exército de Gilead é composto de Guardiões e Anjos.
- Os Guardiões são uma classe mais baixa do que os Anjos, mas ainda possuem mais privilégios do que um homem comum. Geralmente são jovens que estão apenas iniciando a carreira. São comumente usados para bloquear estradas e vigiar portões. Guardiões designados a um Comandante costumam exercer a função de motorista e realizar pequenos trabalhos pela casa, como ajudar a Esposa no jardim ou proteger Handmaids grávidas.
- Os Anjos são a segunda classe mais alta da República, abaixo apenas dos Comandantes. Anjos lutam as guerras de Gilead e protegem as fronteiras do país. Também são responsáveis pela proteção dos Centros Vermelhos. Anjos são muito devotos ao regime, sendo concedidos privilégios como Esposas e até Handmaids aos mais leais. Guardiões cujo histórico de servidão é exemplar serão, eventualmente, promovidos a Anjos.
- Quando Offred disse que a nova bandeira dos Estados Unidos só tinha duas estrelas, não era uma figura de expressão. As estrelas que representavam os Estados que foram tomados pela Gilead agora possuem apenas o contorno.
O EVANGELHO PERDIDO DE GILEAD: (diferenças entre a série e o livro)
- No livro, o destino de Luke após levar o tiro pelos Guardiões é ambíguo, sendo, portanto, impossível definir se está vivo ou não. Inclusive, fica implícito que Luke pode nem ser seu verdadeiro nome e que Offred o chama dessa maneira como forma de proteger sua real identidade.
- No livro, Luke é caucasiano.
The Handmaid’s Tale é exibida no Brasil pelo Paramount Channel aos domingos às 21:00, com reprise segunda às 23:30, quarta às 21:00, quinta às 2320 e domingo às 00:15. Praise be!
Texto originalmente publicado no Apaixonados por Séries.