O que é real? E o que é fruto da nossa imaginação? São com essas perguntas que The Changeling: Sombras de Nova York trabalha para chamar a atenção do espectador em uma série que mistura o misticismo com o sobrenatural de uma forma bem boa. É como se tivéssemos um American Horror Story só que menos glamouroso, mais realista, e claro, bom.
Afinal, tudo que a série entrega vem por conta das boas atuações de LaKeith Stanfield, que lidera o elenco desses 8 episódios, ao lado de Clark Backo, nesse drama baseado no livro de Victor LaValle (que faz as vezes de narrador desse conto).
Foto: Credit: Courtesy of Apple
O que poderia ser uma grande alegoria sobre lidar com o luto e processar o trauma, em The Changeling: Sombras de Nova York o que temos é alguma coisa a mais. Mais criativa, mais conceitual, mais pirada e que não deixa de tratar, e abordar esses temas, mas também entrega uma atração visualmente incrível de se acompanhar na medida que junto com Apollo (Stanfield) vamos atrás das respostas enquanto o personagem procura saber o que aconteceu com a esposa Emma (Backo).
No começo The Changeling: Sombras de Nova York parece ser o típico conto de fadas tradicional que acompanha um cara, que trabalha com livros raros, e uma moça, uma bibliotecária, que se cruzam na movimentada Nova York e começam um relacionamento. O tradicional garoto-encontra-garota. Do momento do flerte inicial, aos primeiros encontros, até a viagem dela ao Brasil que poderia ter colocado um fim nesse relacionamento que mal começou, até que ela volta. Assim, eles firmam esse compromisso, se casam e The Changeling: Sombras de Nova York constrói essa narrativa para nos fazer torcer e gostar desses personagens juntos, afinal, sabemos que eles tem muita bagagem de eventos de seus passados e que ai eles merecem esse final feliz né? Mas finais felizes só estão nos contos, aqui o que temos é a brutal realidade.
Como falamos, a estética visual de The Changeling: Sombras de Nova York é uma que chama atenção, onde a atração entrega essa ambientação mais escura e realista nos faz acreditar que estamos em um conto de fadas da vida real, mesmo que o roteiro nos dê pistas que alguma coisa mais sombria, sobrenatural e instigante está por acontecer.
Assim, Apollo e Emma, trocam figurinhas sobre seus passados atribulados e que formaram quem eles são hoje na medida que eles avançam nesse relacionamento e tem um filho juntos. Até que as complicações pós parto afetam Emma. Assim, The Changeling: Sombras de Nova York então conduz essa história de amor para uma tragédia na medida que a atração brinca com a narrativa sobre o que é real e o que é fruto da imaginação desses personagens e que sempre parece que existe mais alguma coisa por trás de tudo que vemos em tela e que os personagens contam por meio de flashbacks e que são diferentes das coisas que eles lembram.
Foto: Credit: Courtesy of Apple
E para isso o casal principal é fundamental para fisgar nossa atenção. Backo realmente se transforma da doce e espirituosa Emma para uma mulher desesperada e que dá a possibilidade da atriz mostrar bastante suas habilidades de atuação aqui. O mesmo vale para o elenco de apoio com nomes conhecidos de outras produções do gênero com Adina Porter (vista em diversas produções de Ryan Murphy da franquia American Horror Story), Amirah Vann e Alexis Louder. Mas é claro que é Stanfield se destaca aqui no seriado como esse homem cheio de traumas e um passado carregado na medida que ele descobre que existe um mundo e mais coisas por trás do desaparecimento da esposa e do filho.
E The Changeling: Sombras de Nova York vai com calma costurar essa jornada de Apollo na busca por respostas, afinal, fica claro que ele quer que seu filho tenha uma infância diferente da dele.
Anos presa no universo Venom, a showrunner Kelly Marcel pode entregar algum muito mais interessante aqui. Afinal, série não mede esforços em esmiuçar essa trama e fazer paralelos de eventos do passado da vida desses personagens com os eventos que estão por acontecer no presente e algumas cenas mesmo que parecem deslocadas da narrativa principal se conectam com o que estamos por assistir, onde cada episódio acaba por ser pautado em algum tema geral.
Mesmo com um ritmo lento, com momentos que a história parece devagar e se apoiar em um conceito e um ar cult pretensioso, The Changeling: Sombras de Nova York instiga para nos fazer querer saber o que está por acontecer com esses personagens, e o que acontece eles depois que a fita vermelha dada por uma senhora à beira do rio em terras brasileiras para Emma é rompida e o que isso significa para a personagem, para o marido, e para o futuro deles.
E para isso, um lançamento semanal é a fórmula ideal para fisgar o espectador, onde a cada semana respostas são dadas, mesmo que com elas venham mais perguntas. Padrão para esse tipo de produção, claro.
Onde assistir The Changeling: Sombras de Nova York?
The Changeling: Sombras de Nova York chega com três episódios iniciais no AppleTV+ e depois exibe um novo episódio toda sexta-feira.
