sexta-feira, 22 novembro, 2024
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The Beanie Bubble | Crítica: Uma peculiar história corporativa contada por três mulheres distintas.

2023 tem se consagrado por entregar uma tendência bem específica em Hollywood: filmes sobre produtos. E principalmente produtos que marcaram épocas e gerações. Foi assim com o longa Air sobre o tênis Air Jordan no começo do ano, de uma certa forma com o mega sucesso Super Mario Bros, mas também Barbie, o longa do salgadinhos, e na Apple o longa de Tetris.

E a plataforma aqui lança mais um desses projetos com The Beanie Bubble – O Fenômeno das Pelúcias (The Beanie Bubble, 2023) que acompanhou a trajetória das bonecas de pelúcia que foram febre nos EUA nos 90.

É um nicho bastante específico, um produto bem específico, lançado em um momento bem específico da história americana e no contexto social e político que a sociedade do país vivia. Mas graças ao roteiro, e de certa forma as atuações fenomenais, a história da ascensão e da queda do fenômeno cultural e empresarial que foi as bonecas Beanie entrega um bom e divertido filme.

Elizabeth Banks e Zach Galifianakis em cena de The Beanie Bubble – O Fenômeno das Pelúcias.
Foto: Courtesy of Apple Original Films.

E realmente  o ator Zach Galifianakis (que eu particularmente nunca dei muita bola) está muito bem no papel como Ty Warner, o CEO da Ty, Inc que realmente abriu as portas para as empresas de brinquedo serem o grande conglomerado que são hoje em dia. Mas como vemos em The Beanie Bubble, por trás de um grande homem, sempre existe uma grande mulher. E aqui o longa apresenta 3 delas que passaram pela vida do empresário em momentos distintos de sua vida, onde a história conecta essas mulheres ao contar basicamente a mesma coisa: como elas influenciaram as ideias e as decisões que o empresário teve e o que o levaram a comandar uma empresa multibilionária durante quase duas décadas.

Cheio de reviravoltas corporativas, um humor afiado, e non-sense mas que combina com o que Hollywood tem debatido atualmente, The Beanie Bubble entrega um conto de empoderamento bastante interessante e extremamente atual para os dias de hoje, mesmo anos depois de ter acontecido realmente.

E se Galifianakis está bem, o mesmo dá para dizer das atrizes escolhidas para interpretar essas mulheres: Elizabeth Banks, Geraldine Viswanathan e Sarah Snook. Com personagens distintas entre si, e com as próprias atrizes por entregarem atuações bem diferentes, o trio dá o nome para The Beanie Bubble na medida que Robbie (Banks), Maya (Viswanathan) e Sheila (Snook) passam pela vida de Ty e o ajudam, direta ou indiretamente a tocar o negócio. O longa coroa o bom trabalho dessas atrizes no ano em outros projetos. 

A decisão narrativa do roteiro de Kristin Gore (baseado no livro The Great Beanie Baby Bubble: Mass Delusion and the Dark Side of Curte) em contar a narrativa fragmentada, na visão individual das três protagonistas, no começo soa uma decisão que não parece ser muito interessante, mas quando as peças que Gore (que também dirige o longa) começam a se juntar para ajudar a mostrar onde o longa quer chegar e fazer sentido, fica claro que a escolha é a mais da acertada, para compreendermos tudo que envolve o que esses personagens passam e as relações que elas tiveram individualmente com Ty.

E assim, enquanto as trajetórias de Robbie, Maya e Snook não se cruzam, The Beanie Bubble segue por apresentar a história desde do começo, onde vemos Robbie e Ty criarem a empresa juntos, depois que o pai dele morre, e o marido dela fica extremamente doente e os dois não estão em uma boa fase. 

O faro comercial de Robbie e as ideias, e design, de Ty criam um novo tipo de vertente para a indústria de brinquedos na medida que as pelúcias criadas por eles se tornam um sucesso monstruoso de vendas. E claro que durante os anos, a dupla começou um relacionamento, brigou, se acertou, gastou o dinheiro que receberam e tudo mais. E Banks e Galifianakis vendem essa parte mais “”bate e assopra” desses personagens, nesse momento, muito bem. 

Até que a ideia de se expandir a empresa para fora dos EUA se mostrou um impasse no melhor estilo Eduardo Saverin e Mark Zuckerberg em A Rede Social, onde Robbie e Ty ensaiam um término corporativo. Mas é claro que tem mais coisa nessa história. 

Zach Galifianakis e Geraldine Viswanathan em cena de The Beanie Bubble – O Fenômeno das Pelúcias.
Foto: Courtesy of Apple Original Films.

E o mesmo vale para a jovem Maya (Viswanathan, mais uma vez ótima) que começa a trabalhar na Ty, Inc “apenas para pagar as contas” e depois de anos assume a figura de “chefe informal” da empresa, mas nunca é recompensada financeiramente.  O boom da tecnologia, e a chegada da internet nos anos 90, dá para a Ty, Inc a possibilidade de expandir os negócios de uma forma relativamente inédita para a época. E essa jornada pelo digital, pelas ideias de Maya ajudam a empresa a se tornar um fenômeno ainda maior na medida que as bonecas Beanie viram itens de colecionadores e a demanda é muito maior que a oferta que a empresa oferece e leva a empresa a faturar “de milhões para bilhões.”

E com a sociedade americana abraçando o capitalismo de uma forma sem precedentes no final dos anos 80 e começo dos anos 90, as pelúcias Beanie são uma febre. O momento que o caminhão cai e espalha as pelúcias pela rodovia é um dos pontos mais divertidos do filme (e isso aconteceu de verdade) e deixam Viswanathan e Galifianakis brilharem em diversas cenas.

E paralelamente vemos a personagem de Snook (ainda com alguns poucos vestígios de Shiv de Succession, afinal teve ter filmado o longa perto das gravações da temporada da atração) que entra na vida pessoal de Ty junto com as filhas e representa o lado não tão corporativo do empresário mas que também é fundamental para o sucesso da empresa, quando as garotinhas dão ideias sobre produtos e o que as crianças gostariam que a marca fosse.

Assim, o texto de The Beanie Bubble ao costurar todas essas narrativas vai por pintar um quadro sobre os relacionamentos abusivos, no sentido psicológico, que essas mulheres tinham com o empresário e como elas resolveram sair dele para melhor. Os momentos finais onde vemos os destinos de cada uma delas são muito interessantes e realmente empolgantes de se assistir e torcer e deixam o filme um sabor satisfatório de justiça.

No final, The Beanie Bubble pega essa história extremamente única, e peculiar, e entrega um filme de apelo universal marcado por atuações maravilhosas de quatro atores que estão muito bem. Uma boa aposta para se assistir no streaming sem dúvidas. 

Avaliação: 3 de 5.

Onde assistir The Beanie Bubble – O Fenômeno das Pelúcias?

The Beanie Bubble – O Fenômeno das Pelúcias chega em 28 de julho no AppleTV+


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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