Longa do diretor Magnus von Horn faria parte da Seleção de Cannes na edição 2020 do Festival que foi cancelada por conta do coronavírus.
Sinopse:
Sylwia é uma digital influencer com milhares de seguidores, ávidos por suas dicas sobre exercícios físicos e um estilo de vida fitness. Apesar de tantos admiradores, conhecidos e funcionários fiéis, ela procura uma relação de intimidade verdadeira e que tenha algum significado com alguém.
Durante os três dias em que acompanhamos a rotina de Sylwia, a narrativa do filme se pergunta como é a vida dos digital influencers quando o celular está desligado, observando seu tédio e solidão.
O que achamos:
O quanto você se empenha nas suas redes sociais e principalmente na sua conta de instagram? Para Slywia a resposta é clara: muito, ela se empenha muito e sua bastante para dar para os seus mais de 600.000 de seguidores um pouco de como é sua vida. Mas para Slywia não existe isso de um pouco, é muito, e é basicamente tudo que ela tem.
Sweat foi uma daquelas coisas mágicas que só acontecem em época da Mostra SP, você navega pela programação cheia de nomes pouco conhecidos, e precisa decidir qual desses filmes vale a pena gastar por umas 2 horas. E te garantimos, com Sweat você não vai se arrepender.
O drama polonês entrega um intenso e triste olhar sobre o poder das mídias sociais com uma atuação completamente sedutora de sua protagonista, a atriz polonesa Magdalena Kolesnik.
O mais interessante de Sweat é que nem o filme, nem Kolesnik, não retratam Slywia como uma coitadinha vítima das garras das redes sociais, e sim uma garota esperta, uma pessoa com sentimentos, emoções, dias bons e dias ruins, que sim usa o poder do seu alcance para criar um império de ginástica e fitness. Claro, Slywia é vulnerável e ganha mais notoriedade após uma sequência de stories que fala que se sente sozinha e comenta que gostaria sim de ter um namorado.
Ao sair dessa concha perfeita, cheia de eventos, mimos, e uma aparência perfeita é que Slywia parece se entender mais como pessoa. A atuação de Kolesnik é excelente e varia entre a figura público super enérgica e alto astral para uma figura privada mais contraída e introvertida quando é apenas ela, e seu cachorro Jackson, na calada da noite. O roteiro também é de Magnus von Horn e leva Slywia para uma espiral de opções erradas, onde ao longo de três dias que acompanhamos a jovem tendo uma crise de consciência sobre seu trabalho. E a chegada de um stalker que ronda seu prédio parece não facilitar a vida da jovem. Claro, Sweat parece levar sua trama para um lado em termos de falar sobre o poder das redes, mas também vai para outro mais surtado, com a chegada desse cara em específico que desestabiliza ainda mais o emocional da jovem e garante intensas e pesadas cenas.
Sweat abusa de cores vibrantes e cheia de vida para mostrar o lado mais influencier de Slywia e outras mais opacas para quando vemos a jovem refletir sobre tudo isso de uma forma bastante introspectiva. Seja a relação com a mãe, e com o resto da família, que gera um almoço bem explosivo, ou ainda uma saída com um colega instrutor (Julian Swiezewski) tudo é construído para deixar essa dúvida sobre como Slywia se compreende como pessoa.
ma das cenas mais interessantes é quando ela encontra uma colega e elas desabafam sobre a vida e o que para Slywia é um momento importante para a outra mulher é apenas uma oportunidade de conseguir uma selfie para uma mega celebridade.
No final, Sweat faz a gente suar na cadeira e torcer que nada de ruim aconteça com a jovem. Uma das surpresas da 44ª Mostra SP sem dúvidas.
Filme visto em sessão virtual da 44ª Mostra Internacional de São Paulo em Outubro de 2020.