quinta-feira, 21 novembro, 2024
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Stranger Things 4 Vol.2 | Review: 4×09 – E o plano de Onze

O arranca rabo mais esperado de Hollywood desde de Batman Vs Superman veio aí. Vecna Vs Onze foi trabalhado arduamente pela Netflix ao longo das últimas semanas e finalmente estreou na plataforma. E com 2h20, o que é isso um filme?, Stranger Things finaliza sua maior temporada até então, com um episódio não só gigante em termos de duração, mas também de escopo e tramas paralelas.

Com 4×09 – E o plano de Onze, Stranger Things talvez faça um dos maiores finais de temporada já feitos na TV, mas sinto que faltou ousadia.

Vamos ver o que mais essa viagem para o Mundo Invertido nos reservou? DJ, toca Kate Bush aí para a galera….após a imagem, com spoilers, falamos sobre o episódio.

ALERTA DE SPOILER!

Este artigo contém informações sobre os principais acontecimentos da série/filme.
Continue a ler por sua conta e risco.

Natalia Dyer, Gaten Matarazzo, Joe Keery, Joseph Quinn, Maya Hawke, Priah Ferguson, Sadie Sink e Caleb McLaughlin em cena de Stranger Things
Foto: Courtesy of Netflix © 2022


Logo nos seus primeiros minutos do último episódio da temporada 4 fica claro que Nancy (Natalia Dyer) é uma mulher com um plano. E é impressionante também ver como Dyer conseguiu fazer com que Nancy saísse de ser aquela figura chatinha e irritante das outras temporadas para aqui no quarto ano de Stranger Things assumir as rédeas da gangue na luta contra Vecna. De sua aliança com Robin (Maya Hawke), até os flertes moderados com Steve (Joe Keery) ao longo da temporada, a jovem colocou as crianças na linha e explica para o espectador logo no começo do episódio o que podemos esperar.

E o sobre o plano? Vamos por fases. 4 para sermos exatos. E como o número 4 rondou essa temporada né? Fase 1: Max (Sadie Sink), Lucas (Caleb McLaughlin) e Erica (Priah Ferguson) chegam na casa de Vecna no meio da cidade como vimos no final do episódio anterior. Fase 2: Max vai tentar atrair Vecna para ele (tentar) terminar o que começou antes que a música de Kate Bush o atrapalhasse. Fase 3: Dustin (Gaten Matarazzo, ótimo nessa temporada) e Eddie (Joseph Quinn) tentam se livrar os capangas morcegos de Vecna. E fase 4, o trio de “adultos” formado por Robin (Maya Hawke), Steve (Joe Keery) e Nancy entram, pelo Mundo Invertido, no covil de Vecna para acabar com eles com algumas garrafas cheias de álcool e com panos que pegam fogo.

E é basicamente assim que o gigantesco episódio final do quarto ano de Stranger Things desenvolve. E ainda bem que tivemos uma folga entre os outros primeiros e esse, pois são muitas coisas, muitas tramas, e informações para digerir. O último capítulo segue à risca o plano, e a piada que os roteiristas colocaram lá no primeiro episódio sobre os jogadores do Clube Hellfire e o jogo de tabuleiro deles, e como eles poderiam vencer um oponente também poderoso com a ajuda de várias pessoas se concretiza mais uma vez. Bom planejamento narrativo da série, vamos combinar.

Os Irmãos Duffer que assinam, e dirigem, o capítulo de 2h20min souberam muito bem, e tiveram tempo para construir essa batalha épica da gangue de Hawkins contra o Mundo Invertido. Com todas as frentes munidas não só de armas, mas de informações sobre o local, e como ele funciona, o episódio vai mostrar como eles tentaram acabar com Vecna. 

Desde de lá da Rússia, onde Hopper (David Harbour), Joyce (Winona Ryder), Murray (Brett Gelman) e Dmitri (Tom Wlaschiha) fogem da prisão, e depois, prestes a já tentarem voltar para os EUA se tocam que precisam é voltar para o local e acabar com os Demogorgon que estão lá, onde segundo o policial isso pode dar uma ajuda para as crianças. A parte da Rússia é fundamental para entendermos tudo que rolou na batalha final e deixar, até então, avulsa trama no gelado país não tão avulsa assim.

A introdução da fumaça preta (um restinho do Devorador de Mentes) no local escondido junto com as câmaras que continham os outros Demogorgon, e depois, com toda a explicação de Vecna (no seu monólogo de vilão) sobre sua passagem no Mundo Invertido, ajudou o espectador a entender como a batalha via mentes, para a empolgação de Argyle (Eduardo Franco, ótimo meus bons) se deu e como Onze pegaria uma carona na mente de Max para conseguir atacar Vecna.

Assim, como falamos, todas as partes estavam conectadas, não só pela Mente compartilhada que Vecna tinha, mas coordenados para atacar o vilão de todos os lados. Mas claro, que para 2h20 de episódio muita coisa poderia acontecer e servir como um obstáculo para os personagens. E realmente várias ameaças realmente fizeram sentido estarem ali, no contexto da batalha, e serviram para criar mais uma camada de dificuldade para os personagens.

Como falamos no texto do 4×08, Vecna é o adversário mais difícil que eles já tiveram. “Eu me tornei um explorador de um reino nunca visto pela humanidade.” afirma ele em seu monólogo para Onze no meio da batalha. Uma coisa meio Harry Potter e Voldemort em Harry Potter e o Cálice de Fogo.

Como o personagem diz, ele explorou o Mundo Invertido como ninguém e viu coisas que ninguém viu e isso deu muita vantagem para o vilão no episódio. E isso é sentido no episódio. E lá para a sua metade, Stranger Things é invadida por sentimento de “putz eles perderam bonito”, mas justamente pelo fato que narrativamente os Irmãos Duffer conseguiram criar essa ambientação de “putz ferrou” na medida que vemos todas as fases do plano da gangue darem errado.  

Mas ao mesmo tempo fica sentido a falta de ousadia da parte dos produtores. O episódio final dessa quarta temporada de Stranger Things é épico, incrível, e gigante em tamanho, quantidade de efeitos especiais e escopo? Sim. Mas parece que os roteiristas sempre se apoiam na mesma ideia formulaica e mais uma vez numa batalha gigante tivemos tão poucas causalidades?

Não que eu quisesse que o final de temporada fosse uma batalha de sangue igual ao Casamento Vermelho de Game Of Thrones, ou mortes desnecessárias, até mesmo por que a gente já se apega a todos os personagens, mas os riscos eram muito grandes e algumas baixas davam para ter movimentado as coisas.

Depois de Dr. Brenner (Matthew Modine) (será que morreu mesmo?) tivemos apenas Eddie de personagem que morreu? Um personagem que foi trabalhado a temporada toda para gostarmos e ser assim tirado do nada? Tá certo que Max também morreu mas logo em seguida ficou em coma (mais sobre isso abaixo) e fez com que Vecna conseguiu completar seu quarteto de mortes e rachaduras e no final do episódio.

Tá certo também que o vilão destruiu toda a cidade de Hawkins…. mas no final acho que daria para serem mais ousados que isso. Mas não ser ousado e brincar no seguro talvez seja o que a série e a Netflix (no meio de um caos envolvendo baixa no número de assinantes entre outras polêmicas).

E rumo à temporada final, poderíamos ter uma mudança nisso aí. Tanto para os arcos sobre a sexualidade de Will (Noah Schnapp), ou ainda o vai e vem de Robin com a garota da banda (Amybeth McNulty) ou até mesmo a definição do arco “Com quem Nancy vai ficar”? Uma coisa pelo menos temos que lembrar é que Schnapp entregou uma das cenas mais bonitas da atração e parece que ainda será uma figura importante na temporada final por conta da estadia no Mundo Invertido.

Logo nos momentos finais, o personagem de Schnapp diz que “Agora que estou em Hawkins eu posso senti-lo. Ele está machucado, sem dúvidas, mas continua vivo.” E completa: “ele não vai parar, nunca, até que ele tome conta de tudo.” Assim, o elenco principal se reúne para observar uma nuvem escura que toma conta do céu de Hawkins e mostra que o inimigo está pronto para a batalha final.

Com Eleven com a expansão de seus poderes (sério que ela conseguiu salvar Max de morrer e deixou a personagem em coma?) e com a mitologia do Mundo Invertido explicada em boa parte, os personagens tem uma chance se realmente vencerem esse mal.

No final, o Volume 2 da quarta temporada de Stranger Things como um todo conseguiu finalizar a temporada mais ambiciosa da atração e manteve as características que fizeram o seriado bombar na plataforma: uma história coming of age com personagens carismáticos, um toque de nostalgia e uma ótima trilha sonora.

A única coisa que deve demorar um pouco para o último ano chegar na plataforma.

Os 2 episódios finais do 4º ano de Stranger Things estão disponíveis na Netflix.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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