Após um longo período entre a segunda e terceira temporada, onde parece que a Netflix nos colocou no Mundo Invertido, Stranger Things retorna, enfim, para 8 novos episódios. Com a expectativa lá em cima, um hype absurdo, e ainda um material de divulgação prometendo um grandioso retorno, o seriado chega no início do feriado americano de 4 julho, e felizmente, mostra para que veio em alto e bom som, assim como, o grito de um Demogorgon.
Com um clima de despedida, Stranger Things faz aqui, até então, sua temporada mais sólida em termos de construção de narrativa, e desenvolvimento de seus personagens, onde ainda vemos a série introduzir novas peças para esse grande cabeça que a produção sempre nos apresentou. Ao misturar momentos divertidos, com um drama teen mais robusta pegando carona no crescimento do personagens, Stranger Things 3 acaba por ser a emancipação de Eleven e cia, e faz uma temporada cheia de novos e empolgantes mistérios, divertidos passeios ao shopping, e um verão inesquecível, tanto para os protagonistas, quanto para o público que retorna à Hawkins depois de vários meses de espera.
Os irmãos Duffer parecem mais confortáveis com os personagens que foi criados e com o tipo de história que eles querem contar aqui em Stranger Things 3. A trama parece ter sido desenvolvida e planejada com mais cuidado, e diferente do segundo ano, é nítido que os produtores conseguirem entregar episódios sem aquela pressão de precisa superar uma ótima primeira temporada. No terceiro ano, é nítido como os pequenos detalhes são sentidos e que fizeram totalmente a diferença, onde Stranger Things 3, parece construir seu novo ano, de uma forma que a história é contada de uma forma fracionada, em pequenos grupos focais de personagens, do que tentar ser uma coisa gigantesca e épica todo o tempo.
Claro, Stranger Things 3 pisa no acelerador com os arcos dos personagens antigos, principalmente Eleven (Millie Bobby Brown, muito bem) e os meninos Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo, rouba todas as cenas), Lucas (Caleb McLaughlin), e Will (Noah Schnapp). E o novo ano ainda dá chance para o espectador aproveitar também os outros coadjuvantes que ganham mais destaques e maior tempos de tela do que lá na segunda temporada como Max (Sadie Sink), Billy (Dacre Montgomery) e Erica (Priah Ferguson) ganham no terceiro ano.
As bicicletas e os jogos de tabuleiros ficam de lado, onde Stranger Things começa a focar nos relacionamentos entre os membros do grupo, onde as prioridades mudam, as histórias ficas mais madura e diferentes personagens interagem mais uns com os outros. Eleven ganha voz própria, Mike e Lucas dividem problemas com as garotas, e Will sofre por ter perdido tanto tempo no Mundo Invertido, e que aqui acaba apenas por ser um pára-raio para a chegada dos vilões.
O mesmo vale para as trama dos adultos como o detetive Hopper (David Harbour, uma indicação vem aí? ), Joyce (Winona Ryder, ótima), Steve (Joe Keery) e o casal Nancy (Natalia Dyer) e Jonathan (Charlie Heaton), onde por mais que as tramas sejam diferentes acabam por se conectarem com as histórias dos adolescentes lá na frente. Coisa que Stranger Things 3, consegue de uma forma completamente natural e fluida introduzir novas figuras para a trama e para os eventos que movimentam a cidade na véspera do grande feriado de 4 de julho.
Assim, Stranger Things 3 nos apresenta sua história para seu novo ano com a chegada do centro comercial de Starcourt, aliado com uma trama de espionagem russa, e adolescentes cheio de hormônios em plenas férias de verão, e junta tudo isso, com pequenas outras sub-histórias que levam um certo tempo para conectarem entre si, uma das marcas registradas da série lá no seu primeiro ano, onde aqui, a série retorna de uma forma ainda mais instigante de se acompanhar.
Tudo em Stranger Things 3 parece estar em cena para levar à alguma coisa lá na frente, seja a criação de um mini-satélite portátil, ou um caso de fertilizante desaparecido. E os produtores capricham ao envolver a história com uma trilha ainda mais deliciosa de ser ouvir com músicas de The Cars, Madonna,The Poynter Sisters, Foreigner, Peter Gabriel, figurinos extravagantes, afinal é 1985, e os EUA precisam mostrar sua opulência para o mundo com grandes cabelos, roupas coloridas e chamativas, não é mesmo?. O processo de ambientação dos personagens naquela década, seja com as referências aos filmes da época como De Volta Para o Futuro (1985), Dia dos Mortos (1985), Karatê Kid – A Hora da Verdade (1984), Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984), apenas, mostram o cuidado que a produção teve em colocar a cidade Hawkes naquele período especifíco de tempo.
Assim, Stranger Things 3 é marcado por um tom crescente em sua trama, onde lá para o episódio 4 – The Sauna Test começamos a ver grande norte chegar, onde nossas teorias viram certezas na medida que os irmãos Duffer nos dão respostas para tudo que tem acontecido, mesmo que de uma forma silenciosa até então. Stranger Things então começa a caminhar para seu final de temporada que começa no frenético 3×07 – The Bite e conclui seu novo ano no devastador 3×08 – The Battle of Starcourt.
Stranger Things termina seu novo ano com um ar mais sombrio, mas termina sua história novamente com um final redondinho e apoiado em resoluções que invocam um sentimento de seriedade e que trabalha as consequências das decisões dos personagens como uma forma de encerrar mais um novo ciclo, onde o futuro da série parece estar em jogo. No final, Stranger Things 3 faz uma temporada explosiva e colorida, assim como os fogos de artificio do céu de Hawkins em uma noite iluminada de feriado.
As três temporadas de Stranger Things estão disponíveis na Netflix.
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