Fora o núcleo The Mandalorian, as produções Star Wars no streaming tem sofrido um pouco para atingir e se conectar com o público. Seja os fãs raiz ou os fãs em potencial. Até mesmo a queridinha dos fãs da animação Star Wars Rebels, a jedi Ahsoka sofreu para encontrar uma audiência alguns meses atrás. E agora, no competitivo e corrido, final do ano, a LucasFilm aposta em uma mais uma produção Star Wars e realmente entrega uma que promete trazer um sentimento de leveza para a franquia e quem sabe atrair um público mais jovem.
E até mesmo o fã mais antigo pode acabar gostando da atração, afinal, Skeleton Crew brinca com a nostalgia para contar essa nova aventura numa galáxia tão tão distante. É como se o time de produção pegasse todas as inspirações possíveis para essa história nas aventuras clássicas dos anos 80 e 90, como E.T. O Extraterrestre (1982), Os Goonies (1985) e Hook – A Volta do Capitão Gancho (1991) e, fizesse igual a Netflix, fez com Stranger Things, e regasse a atração com banho do passado e uma dose de mistério.
E claro, animais fofinhos, outros assustadores, ameaças e uma trama que atiça, empolga e nos faz querer saber o que está acontecendo. Afinal, Skeleton Crew coloca um grupo de crianças numa aventura intergaláctica maior do que elas poderiam imaginar e realmente começa lá em cima essa história. Afinal, a premissa em Skeleton Crew é simples, e na trama, conhecemos Wim (Ravi Cabot-Conyers) e Neel (Robert Timothy Smith) que são melhores amigos e que vivem numa espécie de subúrbio, onde a coisa mais empolgante para eles é brincarem de serem jedi quando esperavam o trem chegar para os levar para a escola. Mas o tímido Wim quer mais do que isso, e acha que pode viver mais, enquanto o azulão Neel está satisfeito em ficar sentado no seu lugar na classe, observando a garota que ele tem um crush, de longe.
As coisas mudam quando, no dia de um exame importante que perde, Wim encontra alguma coisa embaixo da terra em uma floresta a caminho do colégio. E claro que ele é pego por um robô de vigilância e vai parar na detenção. E entre receber uma bronca da administração da escola, uma do seu pai, Wendle (Tunde Adebimpe) e conhecer a jovem rebelde Fern (Ryan Kiera Armstrong), Wim abre a boca para a garota e diz que o que ele achou foi um Templo Jedi.
Logo depois, os dois voltam a se encontrar no mesmo lugar, na mesma noite, onde Neel também aparece a contra gosto e Fern leva a amiga KB (Kyriana Kratter) com ela para ajudar a desvendar o que é aquilo sem a ajuda desses “meninos nojentos.” Enquanto mistura O Clube dos Cinco (1985) e Os Batutinhas (1994), Skeleton Crew apresenta um novo lugar para essas crianças desbravarem irresponsavelmente numa noite: Uma nave espacial que começa a funcionar e os leva para uma aventura fora do planeta em que vivem.
Skeleton Crew então coloca esse grupo de jovens numa aventura para lá de divertida de se assistir principalmente quando vemos eles tentando lidar com o fato que estão numa nave especial, no hiperespaço, distante de casa e numa galáxia que não foi feita para crianças, ainda mais jovens crianças inocentes criadas em apartamento. Dos sustos com o funcionamento da nave, para o encontro com um robô antigo e que dá seus últimos suspiros e até mesmo por atracarem em um porto cheio de piratas espaciais, a atração coloca esses personagens com personalidades opostas para se virarem para tentarem retornar para casa. Jon Watts (dos filmes do Homem-Aranha com Tom Holland) que cuida da direção do primeiro e David Lowery, responsável pela direção do segundo, tem estilos diferentes, onde o episódio de Watts é mais para o lado aventura e o de Lowery um pouco mais de suspense, mas que ajudam a contar essa história e introduzir as ameaças e o que esperar da trama na medida que nos afeiçoamos para esses personagens.
Definitivamente se Skeleton Crew tivesse sido feita na mesma época que essas diversas outras produções citadas acima, hoje teria um selo de clássico e uma legião de fãs (eu incluso). Fica claro que Watts e Lowery realmente prestam uma homenagem para o gênero, sem dúvidas, e além disso, ajudam a colocar esse sentimento de leveza, com esses personagens inocentes dentro do Universo Star Wars, o que é uma coisa extremamente bem-vinda depois de tantos erros nos últimos projetos.
E se as crianças ditam o tom da atração, especialmente Smith como a figura azul feita por efeitos especiais e que deverá ser o novo favorito dos fãs (presta atenção Baby Yoda!), o mesmo vale para os adultos que permeiam a atração. Da indicada ao Oscar Kerry Condon, como uma oficial do governo para Adebimpe como o pai de Wim que mais trabalha do que qualquer outra para Jude Law que aparece brevemente nesse começo mas parece que vai ser um dos grandes destaques ao interpretar um personagem ambíguo e que não vamos saber se está do lado das crianças ou contra elas.
E ter Law na atração, juntamente, com Lowery é curioso, afinal o ator foi a melhor coisa da adaptação do diretor para Peter Pan que foi lançado no Disney+ alguns anos atrás e que o ator interpretou o ardiloso Capitão Gancho e aqui é novamente um personagem adulto que está cercado de crianças travessas.
No final, Skeleton Crew faz um sólido começo que há muito tempo uma produção de Star Wars no streaming não via. Talvez seja a premissa, talvez seja a narrativa, talvez, seja o sentimento de frescor que se apresenta no Universo. Mas com essa leva inicial de dois episódios, dá para dizer que Skeleton Crew promete ser a grande série para fechar em 2024 na plataforma, igual foi com Percy Jackson no ano passado e que faz um início bastante promissor.
Skeleton Crew estreia com episódio duplo no dia 2 de dezembro e depois um novo episódio toda terça-feira no Disney+.
