Depois que a nova trilogia Star Wars nos cinemas ficou no olho do furacão e estremeceu a relação de alguns fãs com a franquia, a Disney e a LucasFilm tiveram que recalcular a rota da Millennium Falcon em relação a novos projetos.
Com a chegada do Disney+ e a estreia de The Mandalorian os ventos pareciam mudar, afinal, a primeira atração Star Wars no streaming teve um impacto gigante na cultura pop e na forma como o espectador assistia e consumia Star Wars.
Assim, ficou claro lá em 2019 que a franquia, em algum lugar na galáxia, de alguma forma, estava de volta. O seriado durou até agora 3 temporadas, teve um spin-off focado em Boba Fett, e no segundo ano apresentou diversos personagens do mundo animado de Dave Filoni que foram introduzidos pela série Star Wars: Rebels e que em The Mandalorian deram as caras pela primeira vez em live-action.
Lá na temporada 2 da atração tivemos primeiro a aparição da mandaloriana Bo-Katan, depois de Ahsoka Tano, onde a primeira retornou para a temporada 3 e a segunda, a antiga Jedi e aprendiz de Anakin Skywalker, agora ganha uma nova aventura Star Wars para chamar de sua e protagoniza Ahsoka a nova atração do Disney+ que chega com 2 episódios iniciais no dia 22.
Rosario Dawson, maravilhosamente bem escalada, está de volta como a personagem laranja depois de ajudar Din Djarin e Baby Yoda lá na atração protagonizada por Pedro Pascal, onde aqui vemos que ela vai precisar se unir com conhecidos nomes do Universo Star Wars do seu passado quando rumores sobre uma nova ameaça surgem para abalar a frágil República depois da queda do Império.
E ao dar continuidade para as aventuras na galáxia que vimos em The Mandalorian, Ahsoka realmente faz um começo que empolga e que faz o espectador querer conhecer mais dessa parte da mitologia Star Wars que foi pouco explorada em live-action até então.
É preciso ter visto a série animada para ver Ahsoka? Não, a atração meio que nos dois primeiros episódios consegue rodar sozinha em sua própria maneira, e estabelece os personagens, tanto os da série Star Wars: Rebels que dão as caras em live-action aqui pela primeira vez, quanto os outros que vão ajudar a história a ser contada.
Os 2 primeiros capítulos funcionam como um mini-filme em que a história se resolve ali e ainda terminam com um gostinho de quero mais. A trama apresenta os conflitos desses personagens, suas motivações, e ainda o complexo histórico de Ahsoka com alguns deles com tramas e discussões importantes dentro da mitologia Star Wars. Talvez tendo visto a série animada, alguns dos diálogos, algumas das passagens que sinalizam alguns easter-egg fiquem mais claro para quem já era fã, mas Ahsoka realmente funciona de forma isolada se o espectador der play apenas tendo visto as séries em live-action no Disney+.
Assim como Star Wars: Rebels foi muito focada na relação entre a aprendiz Padawan Ahsoka e seu mestre Jedi Anakin Skywalker (que deve dar as caras aqui na atração em algum momento), Ahsoka também trabalha com essa relação mestre e aprendiz, Jedi vs Sith, e a dualidade e o equilíbrio do bem e do mal tão presente na franquia há diversos anos.
Ahsoka vai, então, atrás da jovem Sabine Wren (Natasha Liu Bordizzo) que se isolou depois dos eventos que vimos na série animada em que Ezra Bridger (Eman Esfandi que só aparece via holograma) derrotou Grand Admiral Thrawn (Lars Mikkelsen que também deve dar as caras em algum episódio da temporada) e os dois desapareceram e foram dados como mortos. Assim, com os rumores do possível retorno de Thrawn, a antiga Jedi está confiante que a ameaça imperial ainda vive e começa a busca pelas pistas que recebeu da localização do antigo General.
Então não só vemos o lado do bem se movimentar para descobrir o que acontece nos confins da galáxia, mas Ahsoka também apresenta novos personagens do time do mal que garante não só novas ameaças interessantes e imprevisíveis para a atração com novas cenas de sabre de luz que movimentam a atração e dão para o seriado aquele visual e tonalidade característico da franquia.
Ahsoka precisa fazer as pazes com Sabine, recrutar Hera Syndulla (Mary Elizabeth Winstead) para esse antigo grupo e tentar desvendar as pistas dadas por uma informante sobre o paradeiro do General Thran enquanto os suspeitos e vilanescos Baylan Skoll (o falecido Ray Stevenson em um dos seus últimos papéis), Shin Hati (Ivanna Sakhno) e Morgan Elsbeth (Diana Lee Inosanto) também estão em busca dessas informações.
A cena do trio no meio de uma fortaleza onde veem que Ahsoka já tinha passado por lá e depois uma batalha de sabre de lutz entre dois personagens fazem um dos pontos mais altos do combo inicial e que farão os espectadores vibrarem, com certeza.
Dawson realmente está muito bem, mas é Bordizzo que rouba as atenção e aqui está excelente no seriado e se destaca em diversas cenas dos primeiros capítulos na medida que vemos sua personagem em jornada de superar o desaparecimento de Ezra e aceitar embarcar, não só nessa nova jornada com a colega, mas também a encarar seu treinamento Jedi deixado para atrás.
E o ritmo dos primeiros episódios de Ahsoka fazem maravilhas para o começo dessa atração. A missão é clara, o caminho que esses personagens precisam enfrentar também, e as alianças e as relações são muito bem desenvolvidas e apresentadas dentro do contexto de Star Wars apresentado.
A trama de conspiração lembra um pouco o tipo de atração que Andor passou, com um clima mais de espionagem e de segredos, junto com as cenas de ação marcantes de The Mandalorian, e os sabres de luz que voltamos a ver com Obi-Wan Kenobi. Mas mesmo dentro da fórmula, Ahsoka se mostra uma atração quase única, interessante e robusta de se acompanhar em uma mais uma empreitada dentro do Universo de Star Wars no Disney+ e totalmente feita para os fãs da franquia.
No final, ao dar continuidade ao mundo Star Wars: Rebels agora em live-action, Ahsoka entrega um começo interessante e instigante para o que promete ser uma atração Star Wars imperdível.
Ahsoka chega em 22 de agosto no Disney a partir das 22 horas.