quarta-feira, 11 dezembro, 2024
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Pinguim | Primeiras Impressões: Um brutal jogo de xadrez pelo controle de Gotham

Já se passaram quase 3 anos desde que vimos Colin Farrell pela primeira vez caracterizado como Oswald Cobb, (Oz para nós, íntimos que já o conhecemos), em Batman (2022) estrelado por Robert Pattinson. E se na época que o filme dirigido por Matt Reeves foi lançado, a surpresa foi grande e meio chocante, igual a quantidade de próteses que o ator usou, agora na série, anos depois, a caracterização impecável liderada pelo time de Michael Marino continua a chamar atenção pelo cuidado com os detalhes.

Colin Farrell em cena de Pinguim. Photograph by Macall Polay/HBO

E não só isso que chama atenção aqui, e sim como a série do Pinguim continua a história vista no longa, e agora em outra mídia, realmente serve como uma sequência direta para o que vimos na telona em 2022 e deve preparar o terreno para o que vem por ai nos eventos em Batman 2 que chega nos próximos anos. E se Oz de Farrell está de volta e a cidade de Gotham que fomos apresentadas nos cinemas, também, a série do Pinguim meio que segue a narrativa logo depois que vemos os planos do Charada (Paul Dano) serem impedidos pelo Morcegão (Pattinson), e a morte do mafioso Carmine Falcone (no filme John Turturro, na série Mark Strong numa reescalação por conta de agenda) abrir as portas para surgir um novo poder no comando da cidade. 

E Pinguim deverá contar essa história. Se em Batman a ideia era mostrar o vigilante no seu ano 2 como o “protetor” de Gotham, a série do Pinguim deverá mostrar Oz brincando de xadrez com diversas outras figuras poderosas da cidade pelo controle do submundo do crime. É como o personagem diz em um dos momentos do primeiro episódio: quem controla a gota (a substância ilegal vendida nas ruas e responsável pela epidemia de saúde na cidade), controla Gotham.

E assim, Pinguim (a série) começa com os personagens colocando as cartas na mesa de forma brutal e violenta, onde vemos logo no começo da atração que um dos filhos de Carmine vai assumir os negócios da família. E essa mudança na chefia da máfia, talvez, não seja o melhor dos cenários para Oz, afinal, Alberto Falcone (Michael Zegen) não é uma das figuras mais competentes para controlar as operações ilegais do pai.

E isso fica claro no diálogo que abre a atração. Assim, quando vemos Oz acabar com o rapaz na calada da noite, a situação apenas escalona para o personagem e meio o que dá o ponto de partida da série. A atração rapidamente já coloca Oz para lidar com essa questão na medida que ele cruza caminho com o jovem adolescente órfão chamado Victor (Rhenzy Feliz) que testemunha tudo enquanto tenta roubar o carro roxo do mafioso.

O mais interessante de Pinguim é que a série continua a narrativa de explorar esses personagens fora dos seus arquétipos dos quadrinhos e os trabalha como figuras humanas por trás das máscaras, seja de vilões ou de mocinhos. E mesmo sem o charme cinematográfico que Batman apresentou, onde o ar sombrio, paranoico e claustrofóbico apresentado no filme fique de lado aqui na série deixa claro realmente que estamos vendo um produto diferente, Pinguim se sustenta no personagem título, na excelente caracterização que Farrell imprime aqui e que está muito bem novamente no papel e nas relações entre seus personagens.

Em sua própria maneira, e de maneira mais contida que o filme, Pinguim não deixa de ser uma expansão, convidativa e interessante do universo apresentado, sem dúvida. Aqui, o foco é a máfia e toda a ambientação urbana de Gotham que vem com ela. É em mostrar como as consequências geradas pela a ação de Oz em dar cabo no novo chefe da máfia vão ser desenvolvidas na narrativa e mostrar como personagem vai dar seu jeito, com uma lábia extremamente afiada, nas coisas e como ele vai conseguir se manter vivo enquanto enfrenta as famílias criminosas que comandam a cidade. 

Cristin Milioti em cena de Pinguim. Photograph by Macall Polay/HBO

É realmente um jogo de xadrez, onde Oz precisa se posicionar em ser o mais esperto entre todos eles, e com planos para o futuro. Seja Sofia Falcone, uma excelente Cristin Milioti e que de certa forma é quem tá ali pau a pau com Farrell em quem mais tá surtado aqui, a filha de Carmine que acabou de sair do Asilo Arkham e poderia muito bem dar as mãos para Arlequina em algum momento, ou para os mafiosos John Vitti (Michael Kelly), o número 2 da família Falcone e Salvatore Maroni (Clancy Brown), o mafioso rival que continua a administrar seus negócios da prisão. 

Ao explorar a feiura na luz do dia da cidade de Gotham, Pinguim mostra que ainda existem muito mais coisas interessantes sobre o local que de certa forma se comporta também como uma personagem na atração, do que apenas ser o local, onde a figura mascarada de Batman dá as caras por aí. Ao focar no dia-dia da cidade, nos mafiosos e sua guerra pelo poder, Pinguim retira a camada de ser um drama baseado em quadrinhos e entrega uma história que se aproxima de uma realidade muito mais palpável para o espectador casual e o público alvo do canal. 

Afinal, o texto e a história humanizam esses personagens, onde, por exemplo, aqui conhecemos a mãe do Pinguim, chamada Francis, interpretada por Deirdre O’Connell, e temos um contexto sobre as dificuldades de Oz como personagem, seja por conta de seus problemas motores que dificultam sua locomoção e tudo mais, onde a atração prioriza o diálogo em vez de cenas de ação, tão características das produções do gênero.

No final, Pinguim faz uma série urbana, sobre mafiosos, controle de poder, ah lá Família Soprano (lançada também pela HBO) só que tem como foco personagens dos quadrinhos de um dos personagens mais conhecidos do mundo. Aqui, nesse seriado, ele não aparece, e sim quem lidera a trama é um dos mais vilões mais conhecidos da extensa galeria de figuras do mal que circulam pela cidade de Gotham. É um começo extremamente empolgante, principalmente depois de estarmos afastados dessa cidade sombria que é Gotham por tanto tempo.

Os dois primeiros episódios de Pinguim estão disponíveis no streaming pela Max e novos episódios chegam todos os domingos, às 22h.



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Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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