Lembram quando a série 24 Horas era um fenômeno televisivo nos anos 2000 porque tínhamos o agente Jack Bauer resolvendo um caso em 24 episódios, onde um episódio era 1 hora tensa da vida do personagem de Kiefer Sutherland?
Pois então, bons tempos da TV aberta americana né? Mas agora na Era do streaming, temos em Sequestro No Ar (Hijack, 7 episódios no AppleTV+) uma premissa bastante parecida: vamos acompanhar as 7 horas de um voo que saiu de Dubai até Londres que é sequestrado.
Protagonizada por Idris Elba, o seriado já faz uma das melhores novas séries do ano, sem dúvidas. Tensa, e que prende a atenção do começo ao fim de cada episódio, Sequestro No Ar é uma explosão de adrenalina que dá respostas na medida que te joga diversas outras mais perguntas.
Criada por Jim Field Smith e George Kay (que trabalharam em Criminal e Lupin, ambas da Netflix), o seriado, ao longo dos episódios, entrega reviravoltas, e o sentimento de “o que vai acontecer agora?” gigante na medida que as horas dentro do voo se mesclam com as horas fora, onde diversas partes do governo britânico tentam solucionar o caso.
Sequestro No Ar brinca muito com essa dualidade dos eventos retratados aqui, como bem explicado no episódio 3. O texto da atração sempre joga um: “e se?” para o episódio que vamos assistir e a resposta está nas ações que os personagens tomam ao longo dos episódios.
No começo, nas primeiras horas, onde a aeronave acabou de ser sequestrada, a trama foca nos personagens fora do avião se indagando se realmente o avião foi sequestrado. Já dentro dele, e com os minutos correndo de uma forma impressionantemente rápida, é “como vamos sobreviver a isso tudo?”.
E Sequestro No Ar, realmente consegue puxar o espectador para dentro dessa trama. Os personagens são introduzidos aos poucos, suas histórias, e tudo mais, desde dos passageiros em viagem, para a equipe da tripulação, e também os sequestradores, suas motivações e seus planos.
E a cada momento, uma nova informação é liberada, e uma nova pista desse quebra-cabeça é dada para nós, que acompanhamos em tempo real os acontecimentos, vermos o que acontece nesse avião pelos olhos de Sam Nelson (Elba, ótimo). E vemos como essas horas vão se desenrolar. Dentro do avião, o sentimento é claustrofóbico de tensão, e realmente a série consegue transmitir que tudo pode dar errado, tanto para os passageiros, quanto para os sequestradores.
E a série inunda o espectador com perguntas. Desde como eles conseguiram embarcar com as armas?, como eles passaram pela segurança do aeroporto?, até mesmo o que eles querem com isso tudo?, e a forma como eles dominam os passageiros, e conseguem entrar dentro da cabine do piloto (Ben Miles, muito bem). Todas elas devem pipocar ao longo dos episódios.
Assim, Sequestro No Ar costura essa trama, na medida que os passageiros, e os membros da tripulação tentam bolar um plano para tentarem a voltar com o controle da nave. Pequenas manobras mostram que o negociador corporativo de Elba tenta estar um passo à frente dos sequestradores, e do líder deles (Neil Maskell).
Seja a troca de mensagens com o piloto em um jogo online, ou até mesmo identificar qual o tipo de arma com a ajuda de um outro passageiro, até mesmo a tentativa de passar as informações para as centrais de comando na Terra na medida que o avião começa a cruzar as fronteiras dos países em sua rota para Londres.
E em Terra, a investigação começa a passar de mão em mão, onde os personagens começam a desconfiar que alguma coisa está errada, desde do detetive O’Farrell ( Max Beesley) o novo companheiro da ex-esposa de Nelson, a doutora Marsha (Christine Adams) que recebe uma mensagem enigmática do ex ao logo após a decolagem.
Até mesmo a controladora de voo Alice (Eve Myles, muito boa) e também a agente de contra-terrorismo Zahra Gahfoor (Archie Panjabi). Assim, Sequestro no Ar vai por montar esse jogo de xadrez em pleno ar onde a cada movimento de peça as coisas ficam mais perigosas e imprevisíveis de se assistir. O grande triunfo da atração é realmente a trama nunca ir para onde estamos por imaginar que possa aí e isso aliado com ganchos monumentais de se assistir entre um episódio e outro. O modelo semanal de lançamento é ideal para esse tipo de atração.
E essa é a grande graça. Se Sam Nelson está alguns passos à frente dos sequestradores, a série em si também está alguns passos à frente do espectador e isso deixa a experiência de acompanhar Sequestro no Ar uma das mais interessantes dos últimos meses. É realmente uma série que vai prender sua atenção e uma das atrações mais imperdíveis do ano.
Sequestro no Ar chega ao Apple TV+ na quarta-feira, 28 de junho, com dois episódios, e depois um novo episódio toda quarta-feira.