No último domingo tivemos a estréia da nova série Star Trek: Discovery, uma produção da CBS para o CBS All Access com distribuição mundial pela Netflix. Essa é a sexta série televisiva da franquia, e mesmo com tanto material já produzido ainda conseguiram nos trazer algo novo no universo de Star Trek. Confira aqui onde esta produção se encaixa na linha do tempo da franquia.
Dois episódios foram liberados pela Netflix na segunda-feira após a exibição de domingo pelo canal CBS nos EUA. Vamos aos comentários COM SPOILERS dos dois episódios.
ALERTA DE SPOILER: Este artigo contém informações sobre os principais acontecimentos do episódio. Continue a ler por sua conta e risco.
1×01 – O Olá Vulcano / The Vulcan Hello
Logo no início já somos apresentados a dicotomia que dirige a história dos dois episódios, de um lado temos os Klingons e do outro a Federação. Ambos os lados são muito bem apresentados, então não se preocupem em conhecer algo da série antes de chegarem em Discovery.
Mas os Klingons novamente tiveram suas feições alteradas, numa forma muito mais alienígena do que as anteriores. É a quinta vez que alteram a aparência da raça desde a série clássica, mas isso não afasta do ponto principal deles nesses dois episódios: A cultura Klingon aqui está mais presente do que nunca, e facilmente reconhecível das séries e filmes anteriores. Aqui vemos fanáticos pela manutenção da cultura Klingon, um traço já muito utilizado em Star Trek: Nova Geração, onde frequentemente a continuidade dessa cultura era posta em cheque pelo personagem Worf.
No lado da Federação temos a Capitã Phillipa Georgiou, muito bem interpretada por Michele Yeoh (O Tigre e o Dragão), e a comandante Michael Burnham (Sonequa Martin-Green, The Walking Dead), com ambas desde o início tendo uma relação de amizade e confiança que vai sendo colocada a prova conforme os episódios passam e a interação com os Klingons aumenta.
O episódio aborda justamente a interação de uma nave da Federação, a U.S.S. Shenzhou com os Klingons comandados por T’Kuvma (Chris Obi, American Gods). Ao longo do episódio a Comandante Burnham vai se abrindo e mostrando mais e mais as camadas do seu passado e sua personalidade. Pra quem viu as séries anteriores, ela lembra tanto Spock, de Star Trek: A Série Clássica, em alguns momentos pela sua fala, como o comandante Ryker, de Star Trek: Nova Geração, e a atriz com certeza conseguiu alcançar o carisma que ambos atores tinham ao interpretarem.
Após um primeiro encontro violento com um Klingon, Burham ferida retorna a nave, e lá enquanto é socorrida vemos a lembrança de Sareek (James Frain, Gotham), seu mentor, e também pai de Spock. Após acordar e alertar a nave do perigo a espreita temos a partir desse alerta um constante estado de guerra no episódio, o que dura até o fim do segundo episódio. Extremamente empolgante a série se aproveita muito bem dos efeitos especiais e visual dos filmes da última trilogia, assim como usa muito bem o espaço temporal em que a série se encontra (99 anos depois de Star Trek: Enterprise e 10 anos antes de Star Trek: A Série Clássica), usando de diversos elementos do que já foi utilizado antes.
O episódio termina fantasticamente com o motim de Burnham para salvar a Shenzhou e a chegada da frota Klingon, representada por 24 naves, uma de cada casta guerreira, como previra Burnham.
1×02 – Batalha das Estrelas Binárias / Battle at the Bianary Stars
O episódio começa apresentando o passado de Burnham e assim nos mostrando mais a forma que ela e a capitã pensam. A capitã Phillipa em alguns momentos me lembrou o próprio Capitão Kirk na série clássica, com seu jeito ponderado e filosófico. A partir do retorno ao presente a U.S.S. Shenzhou entra em alerta e preparo para a batalha, enquanto vemos T’Kuvma e seu pupilo Kol convencerem o Alto Conselho Klingon a se unirem contra a Federação pela preservação do Império e sua cultura.
A batalha se inicia com a chegada de outras naves da Federação, e só termina com a destruição de maior parte das naves da Federação. É muita ação, e muito empolgante, algo que só víamos mesmo nos filmes da nova trilogia, mas que não deixa de usar os elementos das séries anteriores, como a tentativa constante da capitã Phillipa por diplomacia. Não vou descrever muito da batalha, mas vale a pena a todos verem e reverem.
“Nós viemos em paz“, o grande lema da Federação para justificar a exploração espacial, aqui é revertido em sua essência como uma afronta a cultura Klingon. Essa desconstrução do conceito central foi muito interessante como plot para esses dois episódios, ditando a diferença entre as culturas apresentadas.
A capitã encontra seu fim ao tentarem capturarem com vida T’Kuvma, mas digo que apesar de apenas dois episódios, Michele Yeoh com certeza já deixou sua marca na franquia. Então, e isso me surpreendeu um pouco, o fim do episódio é justamente o julgamento de Burnham pelos almirantes da Federação, e a vemos se questionando e aceitando sua culpa, algo que até então não ocorrera.
Com um excelente desenvolvimento dos personagens já somos deixados com um gosto de quero muito mais de todos os personagens apresentados, inclusive o alien Saru (Doug Jones, Falling Skies), chefe de ciências da U.S.S. Shenzhou e também Sareek, já mais conhecido dos fãs.
Que venham mais episódios de Star Trek: Discovery e “vida longa e próspera” a todos.
Posso ver a série, sem nunca ter visto nada de Star Trek?