terça-feira, 03 dezembro, 2024
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A Ressurreição da Fênix é realmente necessária?

Quem acompanha o andamento dos quadrinhos da Marvel sabe que a última novidade é o retorno da Fênix e da Jean Grey original. Como grande fã da entidade cósmica que representa a vida e a paixão, comecei a me perguntar: “será que isso é realmente necessário?”.

A Marvel está sofrendo uma grande reestruturação após a saga Legends, atendendo ao pedido de muitos fãs e revertendo o status quo de vários personagens às suas iterações clássicas, mas essa gana em agradar está transformando o universo em uma grande tigela de sorvete de baunilha. Sam Wilson já não é o Capitão América, Tony Stark voltará a ser o Homem de Ferro e Odinson reassumirá o posto de Thor, acabando com anos de avanços em diversidade.

As mudanças desnecessárias também atingiram os X-Men e a vitima atual é Jean Grey. A mutante nível ômega morreu pela última vez em 2005 e era esperado que permanecesse assim, afinal, é muito difícil se importar com o sacrifício de um personagem quando sabemos que ele retornará em alguns meses.

Além disso, já temos uma Jean Grey viva na timeline atual, a versão jovem que foi trazida do passado pelo Fera em 2012 na série Novíssimos X-Men. A personagem estava recebendo um bom destaque, inclusive com uma revista própria, apenas para ser substituída sumariamente?

O que muitos fãs ansiosos por esse retorno não percebem é que a personagem, infelizmente, não passa de um artifício narrativo. O que era para ser uma lenda pelas suas façanhas e sacrifício se transformou em apenas um truque utilizado quando a criatividade acaba.

A minissérie que reintroduz Jean Grey é bem escrita, fofinha, faz várias homenagens a personagens que já se foram (dá até para fazer um teste e ver quem consegue reconhecer mais personagens), mas, ao mesmo tempo, deixa claro que não passa de fanservice. Absolutamente nada substancial é acrescentado aos eventos atuais dos mutantes.

O que mais me desagrada nesse retorno é a forma como estão tratando o evento. Jean Grey é, sem dúvidas, uma das mutantes mais famosas, mas não há nenhuma movimentação ou promoção mais forte por seu retorno. Pelo contrário, no período em que a minissérie estava em publicação, todas as revistas receberam capas variantes dos Vingadores e do Venom!

Outro desperdício é não aproveitarem o lançamento do filme X-Men: Dark Phoenix como forma de divulgação. Concordo que em nenhum momento os personagens dos quadrinhos foram adaptados às suas versões do cinema (exceto alguns designs novos), porém em todas as situações novas revistas foram lançadas para capitalizar. O melhor exemplo foi o megaevento Civil War II, apenas para fazer um extra na rabeira do filme Capitão América: Guerra Civil.

A impressão que fica é de desespero para agradar e aumentar as vendas a qualquer custo. Após o desastre que foi a tentativa de fazer os Inumanos acontecerem, está claro que os leitores querem os X-Men poderosos e imponentes como sempre foram, mas será que dessa maneira porca e mal feita vale a pena?

Ainda não há previsão de lançamento no Brasil pela Panini.


Paulo Halliwell
Paulo Halliwell
Professor de idiomas com mais referências de Gilmore Girls na cabeça do que responsabilidade financeira. Fissurado em comics (Marvel e Image), Pokémon, Spice Girls e qualquer mangá das Clamp. Em busca da pessoa certa para fazer uma xícara de café pela manhã.

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