sexta-feira, 22 novembro, 2024
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Resident Evil | Crítica 1ª Temporada: Série foca na humanidade dos personagens e deixa lado gamer de lado

Ao longo dos anos a franquia Resident Evil tenta se reinventar e agradar os fãs dos jogos e também quem não é. E bem pelo visto nunca consegue acertar de nenhum dos lados. Mas ainda assim, algum executivo, em alguma sala de reunião, em algum mega prédio, sempre dá seus pulos e aprova um projeto novo.

Rolou isso lá na Sony Pictures com o último filme da franquia, o Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City que não soube se conectar com os fãs e bem com quase ninguém, e realmente passou bem batido do grande público, e agora temos um novo projeto Resident Evil com a série da Netflix. 

Mas aí que tá, na medida que o longa do ano passado tentou entregar uma pasteurização de tudo que já vimos na franquia e em filmes do gênero, pelo mennos aqui Resident Evil: A Série consegue entregar uma coisa diferente e sem se apoiar na grande marca que é Resident Evil.

Particularmente eu nunca fui muito fã da franquia, mas aqui o tom de mistério, as atuações, e basicamente toda a trama apresentada me fez me engajar com a produção, onde eu sentei e maratonei boa parte dos episódios de uma vez.

Ella Balinksa em cena de Resident Evil
Foto: NETFLIX © 2022

Os episódios de Resident Evil: A Série são feitos, montados, e cortados de uma forma que te prende a atenção em querer saber o que vai acontecer nas lacunas que o roteiro não apresenta logo de cara. E isso para uma série de streaming, e com função de maratona, é muito bom. É como se tivéssemos um grande filme cortado em algumas partes. 8 (episódios) para seremos exatos.

A série, claro, tem muitos dos clichês que já estamos acostumados a ver por aí, diálogos duros, personagens opacos, e tramas que são de fácil resolução, mas de alguma forma consegue deixar eles de lado e entregar uma boa história. Ao focar na humanidade desses personagens, e em alguns casos na falta de, a produção consegue se desvencilhar da pressão de fazer um filme gamer, e igual o jogo, e de entregar um filme que parece que os personagens estão num jogo, cheio de fases, para focar nessas relações entre eles e nessa busca para salvar o mundo dos zumbis (aqui chamados de zero) que evoluíram e se transformaram não só em pessoas sem vida atrás de sangue mas também em grandes e perigosos seres e monstros que vão dar muito trabalho para a protagonista Jade (Ella Balinska).

E em seu segundo papel de destaque em uma grande produção, Balinska realmente se mostra uma atriz de talento. Sua Jade é bad-ass, segura a serra elétrica como ninguém para matar os zumbis, é inteligente (é uma cientista que busca estudar o comportamento dos zeros e uma forma de tentar impedir o vírus), extremamente humana (tem sua família e sua filha a sua espera num local à salvo da invasão zumbi), e no final, o que temos aqui é uma personagem complexa numa ambiente complexo.

O ano é 2036, e em Resident Evil: A Série o mundo vive um apocalipse global por causa de um vírus (o T-Vírus) que matou bilhões e diminui a população global para a faixa dos milhares. Jade está em missão de estudar o comportamento desses seres na busca de entender e tentar combater o vírus na medida que o mundo que sobrou tenta viver juntamente com essas criaturas.

Ao mesmo tempo que a trama tem esse tom de sobrevivência, Resident Evil: A Série também nos mostra o passado, onde é 2022, e vemos a história de duas irmãs (as atrizes Siena Agudong e Tamara Smart) que vivem com o pai, um cientista da Umbrella Comporation, após o incidente em Racoon City, onde todos eles vivem num tipo de comunidade isolada na África do Sul depois que um outro experimento realizado pela empresa, e liderado pelo cientista, em Tijuana deu errado e foi encoberto.

Lance Reddick e Paola Nuñez em cena de Resident Evil
Foto: NETFLIX © 2022

O lado dos flashbacks entrega uma coisa mais teen, com duas irmãs no colégio, numa nova cidade e cheia de problemas típicos de adolescentes, mas também o lado mais corporativo da atração na medida que o foco fica entre ​​a história das jovens, e o trabalho de Albert Wesker (Lance Reddick, ótimo aqui) com uma nova droga experimental chamada Joy, a pressão da nova chefona da empresa, a executiva Evelyn (Paola Nuñez) e toda a questão pré-evento catastrófico global causado novamente pela Umbrella Comporation, e como isso afetou os eventos lá no futuro com Jade.

Resident Evil: A Série então vai por criar e desenvolver seus mistérios ao longo da temporada, temos muitas reviravoltas ao longo dos episódios, onde perguntas são feitas e logo em seguida respondidas. O que acontece quando uma das irmãs é infectada pelo vírus durante um ataque de um cachorro que faz parte dos testes e dos estudos do T-Vírus? Como eles vão lidar com um jornalista que tenta liberar para o público, através de uma matéria, as coisas que acontecem na Umbrella Corporation? E os testes que envolvem o medicamento Joy como impactaram tudo isso? A relação das garotas com os garotos, principalmente do garoto bom de TI chamado Simon (Connor Gossati), a relação delas com o pai e os segredos corporativos que ele esconde? Como Jade lá no futuro vai conseguir escapar dos zumbis gigantes, de uma seita religiosa, e da própria Umbrella? E claro, como os eventos do passado vão se conectar com os do futuro?

Ao longo dos primeiros episódios, Resident Evil: A Série vai por dar todas as pistas desse quebra cabeça, que chegam a serem tão misteriosos que a atração faz mais perguntas do que dá respostas. Isso até chegarmos na metade da temporada, onde a trama do futuro dá um pouco mais de espaço para a de flashbacks e temos um episódio 4 – Virada e episódio 5 – Filmes Caseiros muito bons e informativos onde as duas irmãs começam a caçar as pistas sobre o que realmente acontece na Umbrella e o envolvimento do pai delas nisso tudo.

Reddick entrega a melhor atuação do seriado ao lado de Balinska, onde aqui os dois atores estão muito bem e seguram as pontas nas suas respectivas partes e arcos narrativos que lideram. 

Resident Evil, a série, está longe de ser perfeita, ou uma adaptação de jogos perfeita, mas acho que aqui talvez nem fosse o foco da atração, e sim de contar uma história sobre as consequências das ações humanas que impactam a vida no mundo. A sede de poder, a ganância, e a arrogância de alguns personagens e a tentativa de brincar de Deus fica claro que impacta a vida de bilhões de pessoas.

No final, acaba por ser muito mais que apenas atirar em alguns monstros e tentar fugir de um prédio abandonado, Resident Evil: A Série mostra que tem uma história para contar, ela pode não ser excelente, mas vai te fazer entrar de cabeça nela e da forma sanguinária e violenta que é contada.

Resident Evil: A Série está disponível na Netflix.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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