sexta-feira, 22 novembro, 2024
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Paper Girls | Crítica 1ª Temporada: Série empolga mais na parte coming of age do que na parte sci-fi

Em Paper Girls temos um grupo de jovens, que, ao andar de bicicleta por aí pelas ruas, presenciam acontecimentos estranhos na cidadezinha em que vivem. Curioso esse ser o plot de uma série né? Depois do grande sucesso de Stranger Things, muitos estúdios de cinema, canais e plataformas de streaming tentaram replicar a fórmula da atração. Alguns conseguiram, outros não.

Mas aqui com Paper Girls, o Prime Video acho que é um dos poucos que 1) mesmo que entregue uma atração com um tom mais parecido com a atração da rival consegue se desvencilhar de disso tudo e 2) entrega alguma coisa bem diferente do que se espera dessa atração com uma premissa já batida como essa.

Fina Strazza, Sofia Rosinsky, Riley Lai Nelet e Camryn Jones em cena de Paper Girls
Foto: Anjali Pinto/Copyright: Amazon Studios

E com isso Paper Girls faz uma das produções mais caprichadas do ano, num trabalho visual incrível de se assistir e com atuações de um elenco mirim escolhido a dedo que se garante para segurar os episódios dessa atração teen com toque de ficção científica. Acho que é a primeira vez que fico confortável ao passar algumas horas com um grupo de protagonistas no ano. E olha que o ano já está na metade e por enquanto apenas Paper Girls conseguiu esse feito.

A atração se dá muito bem quando foca nesse grupo de jovens meninas, entregadores de jornais físicos que se encontram pela primeira vez no amanhecer depois do Dia das Bruxas no final dos anos 80. “É o pior dia do ano”, afirma uma delas enquanto elas tentam fugir dos valentões da cidade que querem ainda pregar algum tipo de peça por conta da data, com os clientes mal-humorados, e os perigos de ser uma criança que anda de bicicleta pela madrugada.

E num primeiro momento, a premissa de Paper Girls parece simples na medida que somos apresentados para elas, até que de uma hora para outra esse grupo de garotas precisa se unir para superar essa manhã caótica, e as coisas encaminham para ficarem ainda mais surreais quando elas encontram um grupo armado, vão parar numa espécie de nave espacial, uma nuvem rosa toma conta do céu, e puf… elas estão de volta para onde estavam antes. Mas o lugar, por mais parecido que seja, não é o mesmo que elas deixaram. E parece que elas não estão mais em casa, Totó.

Sim, Tiffany Quilkin (Camryn Jones, ótima), Erin Tieng (Riley Lai Nelet), Mac Coyle (Sofia Rosinsky, ótima) e KJ Brandman (Fina Strazza) foram parar no futuro. Anos depois daquela manhã pós-Halloween. E ainda pior. Estão sendo perseguidas por um exército de robôs liderados por sua impiedosa e misteriosa líder (Adina Porter, tão boa aqui).

Paper Girls leva um tempo para nos dar respostas, é um início bem mais lento do que eu estava esperando para a atração, mas tudo isso é recheado com situações típicas de adolescentes, diálogos incrivelmente bem feitos e escritos, e passagens que realmente mostram o quanto essas meninas precisam amadurecer para enfrentar tudo que vem pela frente.

E isso só dá certo por conta do entrosamento do elenco. Essas jovens atrizes entregam atuações carismáticas e cada um tem seus momentos de destaque. Em Paper Girls, tudo é muito bem conduzido pelo roteiro que dá tempo para nos aprofundarmos nas histórias de cada um delas, e o que essas jovens de 12 anos, fazem quando começam a pensar “e se a gente for tentar encontrar novas versões mais velhas nesse futuro?”.

E é isso que a atração faz, ao longo dos episódios, vamos por encontrar e descobrir como anda a vida dessas garotas, já mais velhas, a começar pela versão de Erin, adulta, interpretada pela sempre competente Ali Wong que aqui está excelente. Assim, vemos as diversas questões que cercam essas personagens, seja uma delas a descobrir sua sexualidade, outra com o relacionamento conturbado com o irmão que tem uma segunda chance com ele no futuro, e ainda sobre o que fazer quando você é a mais inteligente da turma e achava que tinha sua vida mapeada e o futuro, o seu eu do futuro, não é aquilo que você imaginava.

Riley Lai Nelet, Camryn Jones, Fina Strazza, Ali Wong e Nate Corddry em cena de Paper Girls
Foto:  Courtesy of Prime Video/Copyright: Amazon Studios

Paper Girls começa a mesclar sua história coming of age com o que diabos está por acontecer com essas meninas. Por que elas foram para o futuro? Por que elas foram para aquela data específica no futuro? Por que o exército mega evil está atrás delas? O que diabos significa aquele céu com a tonalidade rosa? E principalmente como elas vão fazer para voltar para casa, na sua própria linha do tempo, lá em 1988, onde elas tem 12 anos e entregar jornal é o que elas vão fazer naquelas próximas horas.

Ao longo da temporada então, Paper Girls vai por apresentar diversos personagens que vão ajudar, ou não, as garotas nessa empreitada, seja suas versões do futuro, seja o líder uma resistência contra essas forças do futuro, o fazendeiro Larry (Nate Corddry), que nos apresenta os motivos de tudo que está por acontecer, e também por entregar diversas reviravoltas que prometem mudar todo o nosso entendimento sobre a trama que caminha para uma certa imprevisibilidade quando se trata de uma atração sobre viagem no tempo e que apenas deixa a série ser extremamente maratonavel.

No final, Paper Girls entrega uma das séries mais legais do ano até agora, uma ficção científica de respeito, com questionamentos sobre o espaço e tempo, robôs gigantes ah lá Transformers para dar um tom que ação, mas que se garante principalmente nos momentos dos mais humanos possíveis, que lidam com temas como o medo do que vem por aí, o poder da amizade e ainda o que fazer com segundas chances. Para os fãs de séries teen, e do gênero sci-fi, uma combinação ideal e que fazem de Paper Girls um prato cheio.


Paper Girls tem seus 8 episódios disponíveis no Prime Video.

*Crédito da Imagem em Destaque: Prime Video


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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