Talvez um dos maiores méritos de Pantera Negra (Black Panther, 2017) seja fazer um bom filme independente de ser um filme de super-herói! Sem dúvidas, o longa tem um dos melhores roteiros da Marvel desde Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014) e consegue a façanha de mostrar um mundo completamente à parte do que já estávamos acostumados nesses 10 anos do Universo Cinematográfico do estúdio e ainda faz uma trama com personagens carismáticos, interessantes e bem desenvolvidos.
Um grande acerto da Marvel!
Então Pantera Negra nos entrega uma excelente história que acaba não sendo uma de origem, mas sim de apresentação de personagens que são mostrados e pontuados de forma bastante bacana ao longo do filme. No final todos tem sua função e fazendo parte desse grande círculo da vida, ops filme errado.
Mas as comparações com O Rei Leão (1994) não acabam por ai, o filme como a animação utiliza os cenários africanos para dar um grande espetáculo visual e claro se apoia em toda um trama com conspirações palacianas que remete ao desenho e que no final também lembra um pouco a série Game of Thrones, mas sem dragões e aqui com elefantes gigantes e muita luta corporal.
Comparações à parte, Pantera Negra acerta em ser também um ótimo filme que roda complemente fora do arco principal da trama dos Vingadores e faz aquele tipo único de produção que tem seus momentos de humor que mesmo com uma carga dramática um pouco mais pesada, faz uma ótima introdução para novos personagens, vilões e novos ambientes, sendo um longa no mesmo estilo de outra aposta arriscada da Marvel, Guardiões da Galáxia (2014).
Pantera Negra é um filme que então honra suas tradições e isso nos é apresentado logo no começo onde conhecemos a fundação de Wakanda e como país vive com um contraste de um mundo super tecnológico com outro cheio de regras, misticismo e hábitos milenares e isso é uma das partes mais interessantes de se acompanhar do roteiro. Juntamente claro, com as cenas de ações que são de cair o queixo pelas acrobacias, as invenções ah lá Batman e pelo fator de realismo que elas apresentam mesmo que às vezes as imagens geradas por computador fiquem um pouco evidentes demais, principalmente se você assistir em um tela dessas IMAX.
O filme se destaca também por sua trilha sonora que chega a ser quase uma experiência audiovisual que tem músicas com um ritmo e uma batida super diferentes e autênticas e que fazem quem assiste ficar completamente tomado pelo seu som e deixa a sensação de estarmos realmente em Wakanda. Mas uma das melhores coisas do filme nem está nele mesmo, que é ótimo, e sim na sua produção, onde vemos que o filme é um daqueles que tem uma super importância tanto para a Marvel, quanto para o público, ao incluir um elenco diversificado que além de terem bons papeis ainda tem a oportunidade de interpretarem personagens com profundidade e protagonismo.
Como disse a atriz Viola Davis ao ganhar o Emmy de Melhor Atriz em Série Dramática em 2015, “você não pode ganhar prêmios para papéis que não existem para você” e é isso que Pantera Negra faz ao criar personagens que são generais das Dora Milaje (a força especial de Wakandiana), são gurus da tecnologia e engenheiras habilidosas mas que podem ser espiãs super treinadas mesmo que também carreguem o título de princesas
É colocar em tela uma inspiração para todas as crianças de outras raças, além da branca, em que elas possam ser vistas nesses personagens, reconhecidas e conseguirem colocar um rosto em alguma coisa que não é muito comum no cinema e nos filmes de super-herói.
Danai Gurira e Lupita Nyong’o vem com personagens com personalidades fortes, que são mulheres guerreiras e que literalmente roubam a cena. Letitia Wright fica com um alívio um pouco mais cômico, mas tem sua total importância para a trama e brilha em todas suas cenas principalmente com Chadwick Boseman, que mesmo um pouco duro e parecendo até desconfortável, às vezes acaba entregando uma boa atuação também, e quando é preciso mostrar suas habilidades nas cenas mais dramáticas, o ator não faz feio.
E Michael B. Jordan faz finalmente um vilão multi-facetado, cheio de motivações interessantes e que estão dentro de um contexto muito bem arramado para a trama, não estando lá só para explodir alguma coisa com um raio azul. Seu personagem garante algumas viradas no roteiro mesmo que não sejam muito surpreendentes mesmo sendo ameaçador, inteligente e astuto e provavelmente uma das melhores aquisições para o time da Marvel desde Loki, em Thor (2011). O carismático Martin Freeman tem seus momentos como o Agente Ross onde fica como o espectador encantado e deslumbrado com os avanços tecnológicos de Wakanda e mostra um frescor no melhor estilo Agent Coulson no primeiro filme dos Vingadores (2012).
Estiloso e empolgante, Pantera Negra vem para fechar mais uma etapa da Marvel nos cinemas e isso não poderia acontecer da melhor forma possível. Colorido e convidativo o filme tem uma mensagem poderosa de união e solidariedade que joga uma luz no final do túnel como os olhos brilhantes de uma pantera numa noite escura.
PS: O filme tem duas cenas pós-créditos.
Pantera Negra tem estreia prevista para 15 de fevereiro.
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