domingo, 24 novembro, 2024
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Pai em Dobro | Crítica: Carisma de Maisa é o verdadeiro protagonista

Não me levem a mal, quem me conhece e interage comigo nas redes sabe que eu amo filmes teen, aqueles que chamamos informalmente de farofinha… vocês sabem, né? Aquele tipo de filme descompromissado que a gente assiste e sabe que não vai mudar a sétima arte, não vai ganhar uma porrada de prêmios, que está ali apenas com a função de te divertir por algumas horas e que no final que tá tudo bem ser assim.

E era tudo que eu queria com Pai em Dobro (2020), mas a única coisa em dobro que notei ao assistir, foi a quantidade de vezes que eu pausei o filme por achar ele maçante demais. Pai em Dobro se sustenta única e exclusivamente no carisma de Maisa, a apresentadora mirim que agora alça novos voos, depois de fazer novela, ter seu próprio programa, se tornar a adolescente mais seguida do Instagram, fechar acordo com a Netflix, e receber recado do próprio chefe, o CEO da plataforma Reed Hastings, que a considerou a jovem a “dona e proprietária” do streaming.

Maisa mira nas estrelas, mas aqui em Pai em Dobro parece que não consegue propriamente decolar.

Pai em Dobro | Crítica
Foto: SUZANNA TIERIE/NETFLIX © 2020

Claro, para o público que cresceu com a apresentadora, Pai em Dobro deve ser um estouro, e o filme, eu querendo ou não, tenho que concordar que até tem algumas passagens divertidas, mas num conjunto, como produção, nossa como foi difícil para mim de acompanhar. Mas como eu falei, não sou o público, acompanho Maisa de longe, pelas redes, sem nenhuma outra conexão maior. Pai Em Dobro é o puro suco de Thalita Rebouças, que já fez outros trabalhos para o cinema, inclusive e de outras adaptações de suas histórias e livros. Mas parece que aqui ter ido pelo caminho ao contrário, de ter escrito o roteiro primeiro, e depois adaptado para livro, não foi uma boa ideia.

Não to falando que tudo que Maisa já fez foi ruim, hein? Por exemplo, o Cinderela Pop (2019) e a participação em Ela Disse, Ele Disse (2019) são bem mais legais que Pai em Dobro por exemplo. Sinto que aqui o filme fica preso num fiapo de conceito que no final é pobremente desenvolvido ao longo de suas horas.

Claro, a presença dos atores veteranos como Marcelo Médici e Eduardo Moscovis (vindo de um outro trabalho marcante em 2020, e também na Netflix, a ótima série Bom Dia, Verônica) é um certo alívio para o filme e a dupla contracena muito bem com Maisa. Em Pai Em Dobro, a atriz é Vicenza, uma garota que mora em uma comunidade hippie e que nunca conheceu seu pai por mais que tenha insistido muito com sua mãe (Laila Zaid, divertida) para isso acontecer. Ao fazer 18 anos, a garota foge e embarca em uma jornada para tentar descobrir quem é ele, apenas para descobrir a figura do artista ranzinza Paco (Moscovis) no Rio de Janeiro. Mas Vicenza ao longo do caminho também cruza com a figura de Giovanne (Médici), um cara que trabalha no mercado financeiro e que é completamente diferente do outro que ela achava ser seu pai, mas que também tem um bom coração.

Pai em Dobro | Crítica
Foto: SUZANNA TIERIE/NETFLIX © 2020

E talvez, para mim, o problema de Pai em Dobro, é sobre as diversas concessões que precisamos fazer para que o longa funcione, sabe? É tudo muito conveniente, desde das possíveis situações de não perigo que a personagem vive ao chegar no Rio de Janeiro, até mesmo pelas reações dos dois caras sobre como a situação, e como tudo acontece com a chegada da jovem, muda e altera suas vidas.

Os desdobramentos da trama, com Vicenza pulando de encontro e encontro com um dos pais até são divertidos, bem Sessão da Tarde, mas como falei, pouco sustentam a trama para um filme de mais de 1h30. O envolvimento da garota com a turma do bloco de Carnaval, com um jovem simpático (Pedro Ottoni, aqui também muito bem), e o resto do pessoal da pousada onde ela fica, serve para tapar os buracos, mas apenas mostra que mais uma vez que adulto não sabe escrever muito bem texto para colocar na boca dos jovens, é tudo muito duro, falado ensaiado, e sem soar natural ou orgânico.

Pai em Dobro é cheio de problemas em dobro, mas consegue aos poucos, e aos trancos e barrancos, contar essa história simples, e entregar algumas reviravoltas, mesmo extremamente previsíveis. Para um olhar mais velho, essas situações apresentadas soam completamente batidas e desinteressantes, mas talvez funcionem com as crianças? Talvez. O tempo dirá e o Top 10 da Netflix também.

No final, o que eu sei que Maisa tem um futuro completamente promissor, e que Pai em Dobro seja apenas um capítulo para colocarmos, e deixarmos de lado, na carreira da atriz.

Avaliação: 2 de 5.

Pai em Dobro chega em 15 de janeiro na Netflix.

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Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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