Nada supera a força da nossa infância. A nostalgia está em alta já faz alguns anos e prova disso são os inúmeros remakes e reboots que vem imundando a cultura pop. Falta de originalidade ou a necessidade de resgatar algo perdido? A segunda temporada de Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco chegou à Netflix inundado de crítica dos especialistas da internet. Grande parte das pessoas não viram, mas garantem que a série é um “lixo” – termo muito utilizado e que na minha opinião fere não apenas uma obra, como também quem se esforçou e deu duro para que a mesma fosse realizada. Mas deixando a tendência atual de lado, vamos focar no que interessa? A história!
Diferente da primeira parte, a nova safra de episódios veio cheia de ação com vilões saindo de todas as partes para lutar contra os nossos queridos cavaleiros de bronze. O arco dos Cavaleiros de Prata foi adaptado quase que integralmente baseado no mangá (salvo algumas alterações que podem incomodar, mas não interferem no andamento da história). Porém, o que incomodou mesmo foi o protagonismo escrachado de Seiya, que ocupa grande parte da narrativa dos seis atuais episódios. Ele praticamente vence a maioria dos Cavaleiros de Prata sem muito esforço, porém, isso é explicado dentro do roteiro e uma nova teoria – inclusive já debatida antes mesmo da animação existir – volta a tona: seria o Cavaleiro de Pégaso o verdadeiro eleito como o principal defensor de Athena?
Novamente os roteiristas mostraram que fizeram o dever de casa e jogaram referências na cara do expectador. Tem homenagens ao mangá clássico (principal fonte da produção), ao filme A Lenda do Santuário, Next Dimension e algumas pitadas do anime clássico. A fotografia é mantida igual a primeira parte (isso já era de se esperar, tendo em vista que foram feitas juntas e para compor uma temporada única).
Os pontos positivos vão para a forma que a equipe conseguiu amarrar esse segundo arco. Diferente da parte 1, aqui vemos uma história mais fluída e sem grandes barrigas. Tudo rápido, prático e sem tempo para enrolações. O que também chamou a atenção foi o protagonismo da Saori. Antes retratada como uma deusa apática, aqui ela apresenta mais atitude e toma a frente da situação, mostrando que realmente os roteiristas levaram a sério adaptar a obra de Massami Kurumada com maior participação dos personagens femininos.
Temos alguns pontos negativos? Com certeza! A localização é confusa e muitas vezes um personagem está numa cascata e na cena seguinte passeando pelas ruas de uma cidade onde não sabemos onde fica. Enquanto Saori foi explorada de uma forma interessante, o mesmo não podemos falar da Shina. A Amazona de Cobra não tem motivos para existir nesse universo e as próprias crenças e determinações mudam sem explicações concretas. Ela muda de lado como se brincasse de amarelinha. Também temos que ressaltar a falta de protagonismo dos bronze boys. Com exceção de Seiya, nenhum se destaca. Nem mesmo o arco do Shiryu parece ter tanta importância, minimizando as consequências da luta contra Argol.
Porém, mesmo com vários pontos negativos, a parte 2 desse remake/reboot chega a impressionar. Notavelmente é muito superior a outra leva de capítulos e consegue segurar o público na cadeira episódio após episódio. Já foi confirmada de forma não oficial uma 3ª temporada, que deve chegar no segundo semestre, adaptando o início da Saga das 12 Casas. Com as críticas do público, agora a produção pode realmente avaliar o que não deu certo e concertar erros pontuais que tiraram o sono de muita gente.
De modo geral, a nova série de Os Cavaleiros do Zodíaco é divertida, gostosa de se assistir e certamente vai agradar quem tem a mente aberta para compreender que a história de passa num plano completamente diferente da série clássica. A quem der uma chance, o que te espera são personagens carismáticos e uma história instigante, que mistura o que você conhece com o desconhecido. Porém, a quem não quiser assistir, tudo bem também. O clássico está na Netflix e você pode se manter na roda viva dos 116 episódios.
O importante é se divertir!