E a surpresa nem fica que os produtores resolveram fazer uma sequência depois de tantos anos do longa original, e sim como essa história é contada e trazida para as telas. E Órfã 2: A Origem (Orphan: First Kill, 2022) acaba por ser uma história prequel, ou seja, vai contar como Esther chegou nos EUA, a primeira casa que ela esteve, e família que ela encontrou (e atormentou!) por lá.
E surpreendentemente, o longa é bom? Para uma produção de baixo orçamento, de terror, e como o primeiro filme ali para ser comparado a todo momento, sim Órfã 2: A Origem entregue uma grata surpresa. Em seu próprio estilo, e dentro das suas próprias limitações, o longa se garante no gore, nas peripécias das mais mirabolantes, e em reviravoltas, para entregar uma trama perversamente divertida.
Com Órfã 2: A Origem, particularmente, meu maior medo, era que os roteiristas repetissem a trama do primeiro filme, e espelhassem os acontecimentos do longa original para dar aos fãs um certo tipo de homenagem apenas pelo fan service pelo fan service.
Claro, o diretor William Brent Bell até faz isso, e é bacana procurar essas passagens ao longo do filme, mas não se preocupem, Órfã 2: A Origem sabe bem se desvencilhar do longa original, e o roteiro David Coggeshall acerta em brincar com as origens da jovem Esther que se passa por uma inocente garotinha mais uma vez. Quer dizer, pela primeira vez.
E mesmo com uma trama diferente do original, e anos depois do lançamento do primeiro filme, a atriz Isabelle Fuhrman está sensacional aqui. O longa consegue novamente nos convencer que a atriz é uma jovem garotinha, e na parte técnica, Bell acerta em trabalhar a câmera em diversas posições, e ângulos, para fazer isso acontecer. É um jogo de espelhos, sombras e percepção muito legal, mesmo que em determinadas partes, é mais empolgante você ficar a tentar acertar como eles fizeram tal cena do que efetivamente prestar atenção no filme.
Como falamos, o longa não é uma produção robusta, seja em desenvolvimento de história, atuações, ou cenários mas garante que a ambientação seja a mais convidativa na medida que Esther chega na casa da família Albright fingindo ser a filha desaparecida de Tricia (Julia Stiles, muito bem aqui) e Allen (Rossif Sutherland). Claro, Esther chega na casa dessa abastada família tranquilamente mas precisa ser muito astuta para conseguir convencer a todos que ela é 1) uma garotinha mesmo tendo 30 anos e 2) que ela é a criança desaparecida do casal, afinal, todos estão de olho nela principalmente o detetive Donnan (Hiro Kanagawa) e a Dra. Segar (Samantha Walkes), uma médica responsável pelo tratamento de Esther.
E na medida que Allen se conecta com Esther através da arte, o pai dessa história é um pintor com bloqueio criativo depois que a filha desapareceu, Tricia e o filho mais velho Gunnar (Matthew Finlan) são menos calorosos em relação ao retorno da jovem para casa, o que gera interessantes cenas dessa dinâmica familiar que o longa nos apresenta logo depois que Esther está acomodada na residência da família. O que se desenvolve logo depois é um mix de paranoia, cenas típicas de filmes de terror b, com pessoas andando pela casa espiando uns aos outros, frases clichês de filmes de suspense, ameaças, e como falamos reviravoltas.
Órfã 2: A Origem se apoia nelas para dar certo e fazer a trama se desvincular do longa original e trilhar seu próprio caminho e faz isso de uma forma extremamente satisfatória para o contexto que se apresenta, sem dúvidas.
No final, Órfã 2: A Origem garante boas horas, nem chega a ser 2 horas no total, dentro de uma premissa interessante, e sem medo de soar muito exagerada ou canastrona. Tudo é entregue dentro do limite para uma produção de terror e suspense no nível que o filme se apresenta. Uma grata e sangrenta surpresa.
Órfã 2: A Origem chega nos cinemas nacionais em 15 de setembro pela Diamond films.