Talvez as histórias que realmente aconteceram na vida real, aquelas das mais malucas, são as que dão os melhores filmes. Pelo menos os mais inspirados, com certeza, afinal, às vezes não dá para competir com a loucura e a imprevisibilidade de algumas coisas, nem ao menos se você criar uma trama ficcional sobre. E isso é o que o espectador pode esperar de O Urso do Pó Branco (Cocaine Bear, 2023).
O longa vem de uma sequência de produções de histórias originais lançadas pelo estúdio no começo do ano que veio com M3GAN e Batem à Porta e continuará nos próximos meses. E O Urso do Pó Branco meio que se consagra como, talvez, a aposta mais arriscada desse grupo de filmes.
A trama escrita por Jimmy Warden (sem muitos créditos em Hollywood, responsável apenas pelos filmes A Babá da Netflix) é baseada na história real de um urso que engoliu um pacote com drogas depois que um avião do tráfico caiu na região e realmente consegue navegar entre a linha fina entre ser alucinado e galhofa sem perder a chance de garantir boas gargalhadas.
E Elizabeth Banks, em seu terceiro longa metragem na direção, consegue fazer O Urso do Pó Branco se destacar nesse começo de ano no meio de tantos lançamentos grandiosos, sequências, e claro, filmes de super-heróis. O longa é non-sense, é fortemente influenciado pelas comédias dos anos 80, e realmente é uma comédia com um tom que não é para todo mundo.
E O Urso do Pó Branco, e Banks, sabem disso, e garantem fazer o melhor aqui com essa história que poderia ser apenas uma piada só que foi estendida, e espalhada na mesa, e esticada até virar pó, mas que graças aos personagens criados, e a trama que os conecta de maneira geral, na medida que eles precisam fugir desse urso alucinado, é que deixam o longa com aquele gostinho de “que coisa bacana” estamos por assistir.
Uma coisa é claro, O Urso do Pó Branco vai explodir no formato digital, com certeza, mas ver nos cinemas, com um público reagindo a cada loucura do filme, é uma das coisas mais interessantes do ano, sem dúvidas.
O longa é curto, é extremamente bem escrito, e tem diversos nomes conhecidos do público e dos fãs de comédia que só fazem esse filme acabar por entregar alguma coisa bem diferente do que estávamos acostumados a ver em comédias do gênero.
Chega para lá Ghostface, temos um novo assassino na área. Ao colocar esse Urso como a ameaça para esse grupo de pessoas que circulam por um parque dos EUA, o longa brinca com as diversas possibilidades que podem surgir para esses personagens, e as interações que podemos esperar. Margo Martindale como a guarda florestal Liz que claramente tem uma quedinha por frequentador do parque, claramente gay, e aqui interpretado por Jesse Tyler Ferguson (conhecido por seu papel em Modern Family). Oportunidade perfeita para termos boas cenas! Brooklynn Prince como a jovem Dee Dee que tem problemas com a mamãe urso super protetora Sari (Keri Russell) e foge com o amiguinho do colégio Henry (Christian Convery) para matarem aula no parque no dia que o urso encontra o pacote de drogas? Comédia pura!!
Fora que temos no longa, Eddie (Alden Ehrenreich nos lembrando de seu potencial cômico que tinha antes de ser jogado para escanteio em Hollywood depois do desastre que foi o filme de Han Solo) e Daveed (O’Shea Jackson Jr., o destaque do longa, sem dúvidas) como membros de uma quadrilha de mafiosos que traficam drogas lideradas pelo chefe linha dura Syde (Ray Liotta em um dos seus últimos papeis) são o tom para o filme na medida que o detetive Bob (Isiah Whitlock Jr.) chega na região investigar a organização e o descobre que toneladas de cocaína caírem na região do parque.
Na medida que o urso, o verdadeiro protagonista do longa, parte em uma busca desenfreada por mais pó, a trama de O Urso do Pó Branco vai por ficar cada vez mais alucinada, louca e imprevisível e as tramas dos personagens começam a se embolar uma com as outras na medida que eles precisam fugir da ameaça peluda e gigantesca.
De crianças consumindo drogas, para perseguições em ambulâncias e cenas de membros do corpo bem grotescas sendo arrancados, até mesmo para cenas de lutas de facas em banheiros, essa comédia apela para um humor extremamente sem noção para contar essa história, coisa que deixa O Urso do Pó Branco com um ar extremamente único, e um filme que você precisa entrar na onda para curtir.
Quando o frenesi dado pelas mais malucas situações que esses personagens se encontram acaba, fica claro que você sai com o sentimento que foi uma das viagens mais loucas que já experienciou na sala do cinema. O Urso do Pó Branco é pura piração e uma garantia de risada do começo ao final, mesmo que com aquele sentimento: não acredito que eles fizeram isso! Por que eles fizeram.
Onde assistir O Urso do Pó Branco?
O Urso do Pó Branco chega nos cinemas nacionais em 30 de março.