O Homem nas Trevas foi um desses filmes de terror de baixo orçamento que realmente fizeram um certo burburinho no mundo cinéfilo lá em 2016. Com uma premissa simples, um grupo de jovens que invade uma casa e são perseguidos pelo seu dono, um ex-soldado (cego!) que não é tão inofensivo quanto ele parecia ser, o longa tinha nomes conhecidos do público atualmente como Jane Levy (Zoey’s Extraordinary Playlist), Dylan Minnette (13 Reasons Why) e Daniel Zovatto (Penny Dreadful: City of Angels).
E nenhum deles retorna aqui.
Além disso, o primeiro filme ainda ajudou o diretor Fede Alvarez e o roteirista Rodo Sayagues a ganharem um certo reconhecimento em Hollywood e a firmarem uma parceria com a Sony Pictures que lançou o projeto e agora retorna com o novo filme que chega exclusivamente nos cinemas nacionais.
E a dupla também retorna para a sequência. Eles cuidam do roteiro, mas agora é a vez de Sayagues ficar na direção.
Assim como o ator Stephen Lang que também dá as caras como Norman Nordstorm, também conhecido como o Homem Cego.
E O Homem nas Trevas 2 (Don’t Breathe 2, 2021) ao mesmo tempo que repete a fórmula que deu certo no primeiro filme, com três pessoas que estão prontas para invadir a casa do protagonista, com Norman dando um pau nos invasores, e claro, das diversas reviravoltas na história. E a sequência parece também querer ser maior do que o primeiro foi, seja ao tirar os personagens da nova casa que o protagonista agora vive e que é invada, e também no que a dupla de roteiristas prepara para tentar surpreender o espectador que está pronto para retornar para esse mundo.
E Alvarez e Sayagues conseguem.
Eu confesso que não estava esperando O Homem nas Trevas 2 fosse ser tão mais violento e pesado que seu antecessor foi lá em 2016. Aqui, o longa é bem mais pesado e gore do que o primeiro, sem dúvidas nenhuma. O longa abusa de cenas de fazer o espectador se esconder na cadeira de serem tão gráficas e sanguinárias. E isso está muito mais ligado com a história surreal que Alvarez e Sayagues querem contar. Aqui, Norman encontra invasores dignos de suas habilidades, não são mais adolescentes que decidiram invadir sua casa apenas para roubar dinheiro, e sim, outros ex-soldados muito mais treinados e que com habilidades de combate muito mais desenvolvidas e afiadas do os invasores que vimos no primeiro filme.
Claro, o tom de Esqueceram de Mim de terror do primeiro filme se mantém aqui na sequência, afinal, Norman (e seu cachorro, sim, ele retorna também!), não estão sozinhos em casa. Aquilo que o personagem mais queria no primeiro filme: ter uma nova filha é realizado na sequência. Agora ele é pai da jovem chamada Phoenix (Madelyn Grace) e o longa nos joga para essa relação pai e filha muito interessante ao mesmo tempo que brinca durante alguns minutos com a nossa percepção da situação. Seria, a sequência um filme prequel? A tal jovem Phoenix é a filha que ele sempre citou no primeiro filme? Ou não, ela é uma outra criança aleatória? Ou ainda será que a garotinha é uma que poderia ter conexões com os eventos do primeiro filme?
O longa dá rapidamente essas respostas e brinca com outras alusões e acenos para o seu antecessor de formas muito boas, mesmo que para quem viu o primeiro filme, o sentimento de déjà vu seja muito grande, seja na abertura com uma pessoa sendo arrastada pelas ruas, com um o cachorro latindo para uma pessoa dentro de um carro, ou o telhado de vidro que está para rachar quando alguém cai em cima dele. Por outro lado, O Homem nas Trevas 2 consegue construir ainda mais a figura de Norman como um antagonista, mas aqui coloca o personagem com um desafio ainda maior quando ele tromba com pessoas piores e mais malucas liderados pelo líder dessa gangue o brutal Raylan (Brendan Sexton III) e seus comparsas Jim (Adam Young) e Jared (Bobby Schofield). O trio não está ali para roubar a casa de Norman, e sim adentra ao local, com uma motivação muito mais sombria que permeia a trama por um bom tempo.
Fica claro que o jogo virou para Norman e O Homem das Trevas 2 sai efetivamente do ambiente de uma única localização, quando o filme tem uma reviravolta lá para sua metade e explica boa parte de sua história. Eu particularmente acho que a franquia perde um pouco da sua identidade ao fazer isso, mas também acho que é melhor do que fazer um repeteco da trama do primeiro filme. O Homem das Trevas passa de um filme focado em adolescentes, onde os adultos ganham destaque na trama e aqui eles são mais violentos e imprevisíveis do que os invasores da primeira vez e o combate entre eles e Norman são a grande cereja do bolo para os fãs de suspense.
Claro, quando o filme está dentro da casa de Norman, Sayagues consegue construir o ritmo de tensão de uma forma de prender você na cadeira como foi no primeiro filme. A parte quando os invasores chegam no local, e Norman está do lado de fora, e apenas Phoenix está dentro de lá é incrivelmente tensa e a ambientação escura e as diversas cenas e ângulos escolhidos realmente contribuem para a sequência se destacar em cenas pontuais. Mas será que tudo isso é o bastante para o filme?
Como um filme isolado de suspense, O Homem das Trevas 2 faz um que chama atenção, sem dúvidas nenhuma. Como parte de uma franquia, e se comparamos com o primeiro filme, deixa a desejar. Mas a forma como Alvarez e Sayagues conduzem essa história, nos dando pedaços por pedaços, onde temos reviravoltas atrás de reviravoltas, que ajudam o espectador a entender o que acontece com esses personagens e os motivos que os levam a fazer certas coisas acaba por ser realmente o grande destaque do filme.
Ps: O filme tem uma cena pós-crédito.
O Homem das Trevas 2 chega nos cinemas nacionais em 12 de agosto pela Sony Pictures.
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