Confesso que filmes de possessões e demônios não são muito minha praia, e dentro do amplo escopo dentro das vertentes do gênero do terror como um todo, não são meus favoritos, mas eu estava curioso para ver O Exorcista do Papa (The Pope’s Exorcist, 2023) por conta da história ser baseada nos arquivos reais do padre Gabriele Amorth e claro por conta do ator Russell Crowe que sempre entrega bons momentos em tela.
E aqui em O Exorcista do Papa, não é diferente. Talvez, seja a naturalidade e o sentimento de conforto que Crowe transmite para o papel, e ao longo do filme, que faz o longa dar certo. Enfim, o que fica claro é que o carisma desse ator veterano exorcizou todo mau agouro que o projeto passava.
E não é só isso, o diretor Julius Avery (do muito bom Operação Overlord, mas do ruinzinho Samaritano) é um para ficar de olho. E aqui, com O Exorcista do Papa, Avery acerta em criar uma ambientação bem convidativa para adentrarmos nessa história sobre um dos casos desse Padre, que realmente existiu, e nada ortodoxo que Crowe interpreta.
Ele não é um padre comum, ele é um padre descolado, quase como se fosse um padre super-herói, um Tony Stark de batinas. Ele é desbocado, ele é rebelde e peita outros cardeais e padres do alto escalão do Vaticano, ele bebe conhaque escondido, e anda de lambreta pelas ruas da Itália.
E com esse personagem, e com uma forte ambientação, Avery consegue trazer algo de novo para o gênero com O Exorcista do Papa. As cenas da dominação demoníaca, e possessão de um demônio em uma criança (Peter DeSouza-Feighoney) que se muda para um antigo casarão na Espanha herdado pela mãe (Alex Essoe), depois que o marido morre, são bem interessantes de acompanhar e criam um sentimento de imprevisibilidade para gigante trama e que Avery consegue criar muito bem, aliado com uma fotografia escura, e um ar quase claustrofóbica que o longa desenvolve ao longa das suas quase 2 horas.
O texto da dupla Michael Petroni e Evan Spiliotopoulos (que trabalhou em Rogai Por Nós, outro filme do gênero bem interessante lançado pela própria Sony alguns anos atrás) cai de cabeça na mitologia de exorcismos, história da Igreja Católica e tudo mais e meio que faz com que Amorth seja uma figura importa dentro da hierarquia dessa área dentro da organização religiosa.
Petroni e Spiliotopoulos criam para Crowe um personagem cheio de frases de efeito, divertidas, e que realmente criam uma aura imbatível para ele. Mas ao mesmo tempo, o demônio que Amorth e Esquibel enfrentam parece ser muito mais forte do que imaginavam.
E O Exorcista do Papa ganha força na hora do vamo vê mesmo. Na hora que é Amorth contra o coisa ruim que possui o menino e tudo mais. Por que toda a construção narrativa pré-confronto é bem qualquer coisa e pode ser vista em qualquer filme de terror genérico que vemos por aí. Alguns dos personagens são totalmente opacos e são tão estereotipados com poucas chances de serem desenvolvidos. A irmã rebelde fica jogada de escanteio em boa parte do filme, a mãe some e aparece na conveniência do roteiro, o padre jovem tem um segredo que é tão mal desenvolvido e revelado, e a criança só serve mesmo para ser a cara cheia de efeitos visuais do demônio.
Temos que admitir, que talvez a mistura dos efeitos visuais com práticos tenha ajudado muito, mas o ator mirim que interpreta Henry entrega uma boa criança possuída e mostra a força desse demônio que capitaliza os “segredos” que os padres têm e que são alimentados para o filhote de cruz credo ganhar cada vez mais força e dar trabalho para o time do bem vencer o time do mal.
No final, O Exorcista do Papa então se apoia nessa história que emplaca, ao mesmo tempo que até assusta, sobre esse Exorcista nessa missão. O que importa aqui é que Crowe lidera o elenco de forma muito interessante, está super confortável no papel e realmente eleva a produção para alguma coisa entre o assistível e “se você for fã de filmes do gênero, vai passar alguns bons momentos”.
Onde assistir O Exorcista do Papa?
O Exorcista do Papa chega nos cinemas nacionais em 06 de abril.