domingo, 22 dezembro, 2024
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O Corvo | Crítica: Nem Bill Skarsgård salva

Para que fazer um novo O Corvo? Em versão, nem Bill Skarsgård salva. Nossa crítica do longa.

Confesso que tenho zero memória afetiva com O Corvo original lá dos anos 90, estrelado pelo ator Brandon Lee, e muito menos por toda a polêmica de bastidores da época. Respeito, mas não foi um filme que cresceu comigo.

Então, quando foi anunciado que o talentoso e multifacetado Bill Skarsgård (vindo de It – A Coisa, Noites Brutais e também da minissérie Clark) iria assumir o projeto de uma nova versão dessa história eu pensei: ok, talvez, isso seja interessante?

Boa, boa, não, mas, talvez, uma promissora? Sim. E depois de um trailer bem editado e montado, falei para mim mesmo: talvez, realmente possa sair alguma coisa de boa daí vai? Vamos ser otimistas, e esperar para ver. Bem, eu vi o filme tem quase 1 semana já e ainda estou esperando.

Bill Skarsgård and FKA twigs in THE CROW. Photo Credit: Larry Horricks for Lionsgate

Tipo, pensando aqui, o filme tem apenas uma cena realmente boa, lá para o final, onde o personagem de Bill Skarsgård acaba com os bandidos na escadaria de um teatro na base do soco no melhor estilo John Wick (em que o ator esteve inclusive), e que está no trailer diga-se de passagem. O problema é todo o resto que vem antes, e também, depois. 

Que pavor! Da edição picotada, das péssimas, e sem nenhum critério, escolhas musicais que tomam conta das cenas e não conversam entre si, de Skarsgård que parece que engoliu um abacaxi e que está realmente bem estranho, para o fraco desempenho que FKA twigs entrega no longa. Ela deveria demitir quem foi a pessoa da equipe que falou: Putz, você deveria fazer esse filme?. Claro, a jovem deve ser uma ótima cantora, mas que aqui deixa, e muito a desejar.

Claro, a dupla até tem uma certa química e conseguem vender bem esse filme, como um esse casal de jovens delinquentes que se envolvem com a máfia e veem seu amor ser tão forte que fazem o jovem Eric de Skarsgård voltar da morte e ir em busca de vingança contra aqueles que mataram a amada Shelly (FKA twigs). É uma história um pouco batida se formos ver como uma narrativa de um projeto em pleno anos 2024? Sim. Talvez, lá na década de 90, tenha sido uma história que tenha dado certo e tudo mais, mas aqui O Corvo deixa muito a desejar em todos os sentidos.

Tudo é péssimo, ruim e horrível em O Corvo? Claro que não, o filme até entrega um visual que chama atenção, desde uma estética escura, a ambientação meio gótica para os figurinos pesados e meio punk rock, mas nem isso ajuda ou nos atrai essa história.

O Corvo parece se preocupar mais em fazer um filme bonito do que contar uma boa história, e até mesmo se distanciar do longa dos anos 90. Afinal, tudo é meio feito a toque de caixa, numa rapidez muito grande e meio que de qualquer forma. Das cenas que vemos Eric ir para um tipo de prisão, reformatório, até o momento que ele e Shelly se conhecem, e bolam uma fuga do lugar. Até mesmo para os dias e noites que o casal passa em uma mansão vazia no meio da cidade.

Nesse momento temos o filme de navegar entre cenas um pouco mais sérias para cortes bruscos onde vemos a dupla em uma festa e a música está no último volume. A trama avança nesse zig zag visual e sonoro, então vemos a implacável Marion (Laura Birn) receber ordens do seu chefe, o empresário de dia e líder da máfia de noite, Viccent Roeg (Danny Huston), em que ela precisa reunir um grupo de capangas e ir atrás de Shelly por motivos que a trama segura bastante para contar, por algum motivo. Quando os pombinhos veem, eles já tão com sacos na cabeça e foram de arrasta para cima.

Assim, o roteiro de O Corvo que já lutava para tentar incluir todas essas informações na narrativa para contextualizar o espectador nessa história, passa um bom tempo pirando visualmente para mostrar Eric na espécie de limbo enquanto bate um papo com o misterioso Kronos (Sami Bouajila) e para estabelecer as regras que levaram o seu retorno para a terra. 

No meio de divagações, muito sangue e umas doideiras, Eric volta a vida com “habilidades” e parte em busca de encontrar os chefões do crime que deram cabo nele e na amada. E quando o personagem ganha essas “habilidades” de autocura e que impedem ele de morrer, Skarsgård até consegue entregar bons momentos, onde o ator (tipo o Jared Leto como Coringa), meio que a muito custo, consegue entregar  uma nova camada para esse personagem e realmente consegue além de entregar boas cenas de luta e mostrar alguma coisa minimamente interessante.

Bill Skarsgård em cena de O Corvo. Photo Credit: Larry Horricks for Lionsgate

Mas seja a rapidez com que a história avança e ou ainda como tudo é desenvolvido, O Corvo faz um filme que realmente deixa a desejar. Parece que todas as decisões ruins, ou erradas, que poderiam terem sido tomadas aqui, são essas que são as escolhidas e que prejudicam a experiência de ver o longa. 

No final, quando Eric assume e abraça sua figura de justiceiro maquiado, sem camisa e com um grande sobretudo e botas, e parte para tentar encontrar com o chefão que tem uma questão sobrenatural que é extremamente má explicada pela história, o longa parece que vai finalmente engrenar. Só que aí ele acaba.

É como se a ideia aqui fosse que esse novo O Corvo servisse de algum tipo de história de origem para Eric e quisesse ser tipo um primeiro filme de uma franquia, e resolvesse que não precisava fazer um único e bom filme que conseguisse se manter sozinho por si só. Fica claro, que O Corvo apenas recicla a ideia do longa original, e dos quadrinhos na qual foi baseado, e que coloca o nome O Corvo ali e vida que segue. Era melhor não ter feito nada e economizado tempo de todo mundo envolvido na produção, seja a frente das câmeras ou atrás, e também o nosso que só efetivamente vimos o filme. 

Nota:

O Corvo está em cartaz nos cinemas nacionais.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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