sexta-feira, 22 novembro, 2024
InícioFilmesCríticasO Castelo de Vidro | Crítica

O Castelo de Vidro | Crítica

Em O Castelo de Vidro (The Glass Castle, 2017) somos transportados para dentro das memórias de Jeannette Walls e as relações com sua família. O filme resolve mostrar de forma muito interessante as aventuras que os Walls passaram e a transformação que a personagem sofreu ao longo de sua vida. É um filme bonito, tocante e com um mensagem poderosa sobre o que é ter um lar, a importância da família na vida das pessoas e de superação. A produção que conta com um mega elenco é baseado no livro de mesmo nome escrito pela própria Jeannette que já está disponível em português e é fantástico assim como o filme.

Foto: Paris Filmes

Contato em formato de flashback começamos com a personagem já adulta interpretada pela sempre cativante atriz e vencedora do Oscar por O Quarto de Jack (2015), Brie Larson. Ela trabalha num jornal na coluna de fofoca enquanto seu noivo David (Max Greenfield) a leva para jantares para impressionar futuros clientes. Em um desses encontros a personagem é perguntada sobre sua família e ela mente sobre como estão seus pais naquela época.

Assim ela relembra que a vida com eles nem sempre foi fácil, a artista Rose Mary (a competente mas apagada Naomi Watts) e Rex (Woody Harrelson) sempre foram, digamos espíritos livres e vivem de mudança. O único problema que eles levam os quatro filhos a todo canto. Eles não frequentavam a escola, tinham pouco acesso a comida e itens básicos e de higiene pessoal mas se divertiam seguindo os pais pelo país de carro seja fugindo dos credores ou indo atrás de idéias e sonhos dos pais.

A verdadeira mensagem do filme aqui é como a personagem principal conseguiu navegar durante momentos chaves e tristes da sua infância para mais tarde entrar na faculdade, conseguir um trabalho e virar escritora. O filme não é preto no branco e chega até ser brutal em várias partes e a trama tem a preocupação de mostrar como isso afetou a vida dos diversos personagens. O Castelo de Vidro consegue mostrar em várias passagens como algumas situações afetaram a vida da família desde de pequenos conflitos, como acidentes na cozinha até assuntos mais pesados como dependência de álcool e abuso tanto físico quanto psicológico.

Claro que o filme tem seus problemas principalmente no roteiro que até chega a romancear algumas situações e estender por demais algumas cenas para definir a personalidade de alguns personagens mas um dos grandes destaques do filme é a forma que ele consegue se conectar com situações que podem ser encontradas em qualquer família. Alguns eventos podem ter acontecimento de outra forma com a própria autora mas em O Castelo de Vidro eles servem para entregarem poderosas atuações principalmente de Harrelson e Larson.

Como o pai, o ator se entrega de uma forma incrível e realmente conseguimos ver toda sua dor, remorso e frustração mas mesmo sem perder aquele ar sonhador e otimista. Principalmente na busca pela construção da utópica Casa de Vidro que representa tudo aquilo que ele acha que sua família merece Harrelson mostra nesse filme uma atuação forte, marcante e é um dos destaques que valem a ida ao cinema.

Foto: Paris Filmes

Larson, como sempre nos mostra uma atuação precisa, carismática e muito envolvente e ao interpretar Jeannette em duas fases (jovem e adulta) temos o prazer de conseguir ver o contra-ponto de suas personagens. Uma assustada mas esperançosa adolescente pronta para enfrentar o mundo depois de encarrar muitas adversidades e a outra uma adulta formada, mais séria e confiante. Brie Larson faz em uma das cenas, a do jantar de Ação de Graças, uma das passagens mais tocantes e bonitas de todo o filme. As crianças fazem também uma boa atuação tanto em nas fases mais jovens quanto na fase pré-adolescentes e os destaques ficam com os atores mirins Chandler Head (com a jovem Jeanette) e claro Charlie Shotwell (como o jovem Brian).

Com uma fotografia muito bonita, passando por desertos e pelo interior dos EUA, como os estados de Virginia e Arizona, o filme consegue capitar de uma excelente forma o interior do país e como as famílias lutam para sobreviver. Quando está em Nova York, a produção consegue reproduzir bem a cidade nos anos 80 e a ambientação toda do filme é muito bem feita com as roupas, os cabelos e tudo mais e faz um contra-ponto interessante entre a vida antiga e a vida nova da personagem, e isso fica muito claro na cena que mãe e filha já adulta vão almoçar, depois de algum tempo sem se ver.

O Castelo de Vidro é um filme que te comove do começo ao fim, e mostra de forma fantástica e fenomenal alguns assuntos muito delicados. O longa consegue ter momentos profundos junto com pitadas de comédia e é um daqueles que te deixa relembrando as cenas e a trama durante dias. Mirando na temporada de premiações em 2018, o filme é uma produção daquelas para se apreciar com calma e claro na sala do cinema.

Nota:

O Castelo de Vidro chega aos cinemas no dia 24 de agosto.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

Artigos Relacionados

Newsletter

Assine nossa Newsletter e receba todas as principais notícias e informações em seu email.

Mais Lidas

Sutura | Primeiras Impressões: Série nacional costura ótima Cláudia Abreu com trama cheia de reviravoltas

Nova série médica nacional do Prime Video costura ótima Cláudia Abreu com trama cheia de reviravoltas. Nossa crítica de Sutura.

Últimas

“Quanto mais convincente, quanto mais familiarizado que tivéssemos com isso, com os termos médicos (…) melhor.” afirma Claudia Abreu em bate-papo sobre a...

"Quanto mais convincente, quanto mais familiarizado que tivéssemos com isso, com os termos médicos (...) melhor" afirma Claudia Abreu em bate-papo sobre a série médica Sutura