O diretor Clint Eastwood brotou com O Caso Richard Jewell (Richard Jewell, 2019) nesta temporada de premiações quase no último minuto, onde o longa pulou diversos festivais, e estreou timidamente no AFI Fest no final de novembro. Com um elenco de chamar atenção, Eastwood entrega uma interessante adaptação do artigo de Marie Brenner sobre os atentados em Atlanta durante as Olimpíadas de 1996.
O maior destaque de O Caso Richard Jewell fica com as atuações deste elenco escolhido a dedo pelo diretor, que estão muito bem obrigado. O problema que O Caso Richard Jewell faz um filme super quadradinho, que não se arrisca o bastante para contar sua história, numa produção que podemos chamar de Oscar Bait, onde para os olhos mais treinados, começa a aparecer diversas bandeiras vermelhas ao longo do caminho.
Não que O Caso Richard Jewell não seja um bom filme, pois a produção é, apenas que tudo parece se encaixar perfeitamente, e isso, em determinado ponto do filme acaba por incomodar, afinal, são mais de 2 horas de duração.
Eastwood nos entrega um longa super intenso, principalmente para aqueles que não conheciam a história como aquele que os escreve, e assim provoca o espectador com as questões apresentadas envolvendo segurança que dá título ao filme, e joga com a percepção do público sobre os fatos, onde O Caso Richard Jewell expõe o pior lado do trabalho jornalístico, e de investigação policial, numa história quase impossível de se acreditar.
Na trama, quando uma mala suspeita aparece jogada no meio de uma apresentação durante as Olimpíadas em Atlanta, é o vigilante Richard Jewell (Paul Walter Hauser, ótimo) que primeiro sinaliza que aquilo poderia ser um alerta de bomba. Sempre desacreditado pelos colegas da polícia, e com um passado marcado por polêmicas, Jewell se vê, após a explosão da bomba que feriu mais de 100 pessoas, impulsionado para herói nacional.
Mas a investigação do FBI começa a não ter rumos sobre os culpados, e uma das pistas é investigar se Jewell poderia, ele mesmo, ter plantado a bomba para logo em seguida salvar a todos. A informação é vazada para o Atlanta Jornal pela jornalista Kathy Scruggs (Olivia Wilde, incrivelmente ácida e debochada) o que gera um maior reboliço na mídia. Assim, vemos o caso de Richard Jewell tomar uma outra proporção, onde ele passa de herói nacional para suspeito número 1, e tem sua vida esmiuçada pela imprensa america que abocanha a história como um tubarão ao ver sua presa na água.
E assim, a trama caminha a passos largos nos eventos, tudo é muito rápido, e as informações sobre as investigações ficam apressadas em tela e no desenvolvimento da história. Como falamos, para quem não conhecia a história, Eastwood faz um excelente papel em criar uma dúvida na cabeça do espectador com a criação do caso pelo agente Tom Shaw (Jon Hamm, bem e num papel detestável) do FBI que quer prender Jewell a todo, e pelo apelo popular em relação ao caso.
Eastwood ainda usa a figura da mãe de Richard, Bobi (Kahty Bates, ótima e que deve levar o filme para a temporada de premiações após sua indicação ao Globo de Ouro) para dar um humaniza na história e no personagem juntamente com a figura do advogado de defesa do personagem, o ator Sam Rockwell novamente em um papel de destaque.
No final, O Caso Richard Jewell faz um filme interessante sobre pré julgamentos, percepções erradas, e o papel da imprensa como um agente de informação, tudo isso sobre a ótica da visão de uma figura inocente. Com seu novo filme, Eastwood entrega uma boa produção, dentro do esperado para os longas do diretor, e que se destaca e é marcada por excelentes atuações que valem a pena conferir de perto.
O Caso Richard Jewell em cartaz nos cinemas