Nove Desconhecidos chega no Brasil pelo Prime Video no próximo dia 20 e é uma daquelas super produções que chamam a atenção só por reunirem um elenco de estrelas invejável. Mas será que vale tudo isso? Num primeiro momento sabíamos que seria mais uma produção baseada em um livro (da autora Liane Moriarty) e estrelada por Nicole Kidman (aqui repetindo a parceria com Moriaty depois da adaptação de Big Little Lies para a HBO) e a cada novo nome anunciado parece que a frase “Nossa mas todo mundo em Hollywood vai tá nessa série?” era a coisa mais repetida quando um novo artista era cogitado pelas publicações americanas de negociar um papel da série.
E é basicamente isso. De Kidman, até os outros nomes que foram pipocando a conta gotas, como Melissa McCarthy, Regina Hall, Michael Shannon e Luke Evans, o seriado montou esse robusto elenco que chamou a atenção desde de então. Nove Desconhecidos reúne um time de estrelas para contar essa história e pelo menos nos primeiros episódios que vimos antecipadamente, a série começa perfeitamente estranha. E que valeu a maratona. Nove Desconhecidos entrega episódios completamente instigantes na medida que tenta responder a pergunta: “O que tá acontecendo aqui… de verdade?“.
Antes de mais nada, Nove Desconhecidos não segue nenhuma fórmula específica, por exemplo, não apresenta a história de um único personagem por episódio, ou alguém é o foco do episódio enquanto os outros ficam de escanteio. São 8 episódios no total para contar essa história, mesmo que como vemos são nove desconhecidos no título, então a dica é dada aqui. Em Nove Desconhecidos é como se embarcássemos em um grande trem desgovernado, onde tudo acontece com todos o tempo todo.
Claro, como espectadores sabemos de coisas que esses personagens não sabem, como por exemplo que a guru Misha (Kidman), a dona do lugar, os vigia com câmeras instaladas nas dependências do local. Ou que ainda que os sucos que os instrutores Delilah (Tiffany Boone, vindo da ótima Little Fires Everywhere) e Yao (Manny Jacinto, completamente diferente de seu personagem em The Good Place e quase irreconhecível aqui) preparam tem alguma coisa meio sinistra envolvida. E ao mesmo tempo também não sabemos coisas que eles sabem como por exemplos que eles também tem seus próprios segredos e motivações para estarem ali bem mais do que “Ah é apenas um lugar que eu trabalho“.
Ou seja, conhecemos esses funcionários e esses hóspedes (ou seriam pacientes?) na medida que eles se reúnem no primeiro dia de hospedagem desse local conhecido como Tranquilum. Que de tranquilo não tem nada já garanto. O lugar é bem movimentado. E assim, ao longos episódios descobrimos mais sobre suas vidas, suas motivações, como eles estão mentalmente, e claro seus passado.
Alguns são apresentados com um maior de foco e uma dose de suspense, outros nem tanto. É o caso de Heather (Asher Keddie, ótima e que destaca no meio de grandes nomes), seu marido o certinho professor Napoleon (Michael Shannon tem cenas muito engraçadas e ao mesmo tempo tristes) que vivem de luto pela perda do filho e acham que o lugar seria a oportunidade para eles se reconectarem uns com os outros e com sua filha Zoe (Grace Van Patten) que precisa também lidar com a morte do irmão; com o esquentado Tony (Bobby Cannavale), um cara que vê seu atormentado passado tomar conta de si e que o leve para uma série de vícios; e a escritora Francis (Melissa McCarthy, novamente num papel perfeito para ela) que sofre com um caso amoroso que deu errado, está no meio de um lançamento de seu próximo livro e precisa encarrar algumas duras realidades.
Conhecemos mais desses personagens logo de cara nos episódios enquanto a trama tenta dar um contexto deles estarem lá. Quem se destaca também desse grupo, mas que sua trama não engrena logo no começo é o ácido e bocudo Lars (Luke Evans em um de seus melhores papéis) que tem alguns segredos nas mangas, um diria escondido em uma das árvores do local. As dinâmicas entre eles começam antes do check-in começar onde ao poucos vemos cada um deles chegarem no lugar na expectativa do que Tranquilium poderia fazer com suas vidas.
O primeiro episódio é marcado pela expectava dos personagens, onde alguns deles estão bem resistentes em embarcar nessa jornada, e para conhecer a dona do lugar. E isso é sentido, afinal, leva quase 40 minutos para Kidman adentrar como uma figura mística, e com um sotaque europeu bem forte, em tela depois que os personagens já estão acomodados no SPA. Ela também tem seus segredos, tanto dentro do local, como fora, quando era uma poderosa CEO que viu sua vida ser mudada radicalmente depois de um evento que a marcou profundamente. Assim, começamos a perceber que até mesmos os hóspedes que num primeiro momento não fazem muito sentido estarem ali, como a influencer Jessica (Samara Weaving, em uma caracterização muito boa) seu namorado ricaço Ben (Melvin Gregg), e ainda a bondosa, e uma pilha de nervosos, a dona de casa Carmel (Regina Hall, uma das melhores coisas da série), tem muito para contar e mostrar.
Nove Desconhecidos nos deixa o tempo todo com a pulga atrás da orelha sobre o que teria acontecendo com diversos desses personagens, e as respostas quando são dadas, às vezes, nos levam para mais perguntas. Afinal os episódios até conseguem entregar o que boa parte dos personagens precisam lidar, mas sabemos que existem mais coisas por atrás disso com um misterioso personagem que parece estar vigiando um deles e fazendo ameaças. Pelo menos nesses três primeiros episódios, essa gama de atores conhecidos em Hollywood consegue mostrar para que vieram e muitos deles tem cenas sobre seus passados que são realmente muito intensas.
Os destaques ficam com alguns monólogos que Asher Keddie faz para colocar para fora o que sente sobre a morte do filho de sua personagem, onde a atriz realmente se destaca no começo da série e faz uma bela dupla com o veterano Michael Shannon que aqui mostra um timing cômico interessante. Outro que tem cenas bem interessantes e um arco que é desenvolvido ao longo dos episódios é o ator Bobby Cannavale, uma figurinha carimbada em Hollywood que sempre entrega bons momentos nos projetos que participa. Inclusive, Cannavale e Melissa McCarthy repetem a parceria pela terceira vez no ano e se mostram muito afiados para trabalharem juntos. As cenas entre seus persongens, onde boa parte se passa com eles tentando aproveitar a piscina do SPA realmente são ao mesmo tempo divertidas e sem noção, e quando realmente vemos o que os levaram para o local, os dois atores conseguem mudar a chavinha da comédia para o drama de uma forma bem bacana.
E todos eles dão o tom mais amalucado para a série e juntos fazem a série funcionar, onde Nove Desconhecidos é cercado por um sentimento de paranóia gigante, e de tá, qual é a reviravolta?. Respostas podem ou não podem ser dadas? E como falamos repostas são dadas mas nos levam para mais perguntas. E para quem leu os livros a pergunta que fica é: o que será diferente? o que será igual?
No final, Nove Desconhecidos começa com 3 episódios de uma forma curiosa para saber o que vem pela frente, daqui até o final da temporada esses conhecidos atores de Hollywood estão rumo ao desconhecido.
Nove Desconhecidos chega em 20 de agosto no Prime Video com três primeiros episódios. Novo episódio todas às sextas-feiras.
[…] Nove Desconhecidos | Primeiras Impressões: Um começo perfeitamente estranho […]