Em Norman: Confie em Mim (Norman: The Moderate Rise and Tragic Fall of a New York Fixer, 2016) mesmo com um elenco repleto de nomes conhecidos tanto da TV quanto do cinema quem brilha mesmo é o ator Richard Gere que parece tentar voltar para as produções um pouco menores e consideradas mais indie no circuito de cinema. Com uma trama dividida em capítulos, no melhor estilo de um conto, vamos acompanhar como diz o título no original a moderada ascensão do personagem de Gere e claro a sua grande queda. Afinal, ele tem muitos contatos, mas será que os contatos o conhecem? Isso que vamos descobrir ao longo do filme.
Norman Oppenheimer (um ótimo Richard Gere com trejeitos fantásticos e uma atuação memorável) é um facilitador ou operador que mora em Nova York e que vive sonhando sobre esquemas financeiros que nunca se tornam realidade. Ele sempre depende de alguém que talvez possa te apresentar para outro alguém e assim conseguir ter seu negócio fechado. Como ele nunca tem nada real para oferecer, Norman luta para ser amigo e parceiro de todos, mesmo que seu networking não o leve a lugar algum.
Andando com seu celular pelo frio da cidade e sempre na busca de um novo contato ele acaba por topar com um jovem politico de Israel, Micha Eshel (o contido Lior Ashkenazi). Achando que ele poderia ajudar a fechar negócio com um empresário importante da cidade, Arthur Taub (o sempre canastrão na medida certa Josh Charles), Norman oferece para pagar por um par de sapatos caríssimos para o politico. Claro que a história acaba por não dar em nada até que Eshel por uma manobra acaba por se tornar Primeiro-Ministro do Estado de Israel.
Norman e sua grande teia mas fraca de contatos que nunca confiaram nos esquemas e nos famoso “se você quiser pode te apresentar a tal pessoa” acabam por ficar de olho grande na relação entre os dois e o que isso pode representar para os negócios entre Israel e os EUA. Assim, um parente e investidor (o sempre talentoso ator Michael Sheen) começa a arquitetar como tirar vantagem da situação e Norman começa a garantir e prometer coisas para as pessoas como por exemplo salvar um prédio onde um Rabino (o fantástico Steve Buscemi) ajuda a comunidade e claro fechar tentar fechar mais negócios com um investidor (o novo faz tudo de Hollywood, Dan Stevens) que sempre o esnobou.
Os contatos do personagem vão se acostumando com a situação até uma investigadora internacional (Charlotte Gainsbourg) começa a tentar conectar os pontos do trabalho de Norman depois de uma conversa com ele numa viagem. Assim todo esse disse me disse gera um grande escândalo político que acaba deixando todo mundo em maus lençóis.
A produção peca talvez em jogar muitos jargões financeiros logo na cara para quem assiste o filme e por as vezes colocar sequências de sonhos e imaginações do personagem repetidamente. Outro ponto negativo fica com a tentativa de se aprofundar muito em como funciona a religião judaica e os negócios nos EUA mas a produção acerta em colocar Gere num papel de um atrapalhado e sonhador cara que só quer um espaço e uma fatia do bolo e do sucesso.
A resolução do conflito que quase chega a dar o impeachment do Primeiro ministro é digno de Frank Underwood da série House of Cards ou de Olivia Pope da série Scandal. No final pode não ser a melhor solução mas claro foi uma sacada interessante do roteiro de Joseph Cedar que também dirige o longa.
Norman: Confie em Mim é um filme que funciona por causa do talento e carisma de Richard Gere ao contar os truques e esquemas de Norman que nunca dão certo a medida que ele tenta ter sucesso por ai. E mostra como nossas ações tem reações e consequências mesmo que as vezes parecemos estar lutando contra a maré. Talvez por sentirmos uma dó de Norman faz o filme e o personagem ser mais humano e compreensível. Para os fãs de uma boa atuação em tela é um prazer ver Gere em um papel que tem cara de ser desafiador para ele que acaba por entregar uma interpretação interessante que não entra no caricato e que no final segura o filme e o conduzir quase sozinho.
Norman: Confie em Mim estreia dia 4 de maio nos cinemas.