Parece que foi há anos que reportamos que a atriz Anna Kendrick faria a filha do Papai Noel em um filme para a Disney. Anteriormente chamado de Nicole, e com um lançamento marcado para os cinemas, Noelle (2019) chegou no Disney+ no ano passado no dia do lançamento da plataforma nos EUA. E agora, desembarca no Brasil, na mesma época por aqui.
E para você ver como 1 ano faz diferença, no filme a rede social do momento ainda é o snapchat, e não o tiktok, e o desejo das crianças é um iPad, e não uma Alexa. Mas o que continua igual é o humor afiado de Kendrick que realmente é o grande destaque aqui.
E em Noelle, é o carisma de Kendrick, que além de salvar o Natal, salva o filme que patina para conseguir unir a magia dos feriados de final de ano, com a magia que só a Disney consegue fazer. Noelle tem uma ótima ideia, mas uma execução não tão boa assim. É como se encontrássemos uva passas no arroz o tempo todo, sabe? Sinto que o longa realmente só empolga quando vemos as estripulias de Kendrick em tela que até são divertidas e agradáveis de se acompanhar, mas toda a parte do Operação Salvar o Natal ficou um pouco dura e sem muito espírito (só o Natalino mesmo).
Claro, Kendrick rouba todas as cenas, mas achei o longa muito muito raso em algumas coisas e desenvolvimento de personagens e até mesmo de história. Até mesmo se vermos ele com um olhar de ser apenas um filme para criança e etc.
Os atores Bill Hader e Billy Eichner, que repetiram a dobradinha aqui depois de terem trabalhado em O Rei Leão de 2019 e que são normalmente hilários e super engraçados, em Noelle só me apareceram como personagens chatos e irritantes. Nem mesmo a presença magnética de Shirley MacLaine como a ranzinza Elfa Polly ajuda a termos em Noelle um milagre de Natal.
Tudo fica nas costas de Kendrick que realmente faz um trabalho duro para carregar o longa nas costas e dentro de um saco de presentes. Talvez, o roteiro de Marc Lawrence, que também dirige o longa, que seja o grande culpado. Talvez Lawrence não sabia bem como administrar bem as coisas, algumas as passagens do filme, onde o trabalho melhor de edição poderia ter mudado algumas coisas.
Na trama, conhecemos Noelle Kringle (Kendrick) a filha do Papai Noel que tem como função manter o espírito do Natal vivo, enquanto seu irmão mais velho Nick (Hader) recebe a função de ser o novo Papai Noel depois que o pai deles morre. Assim, Nick tem uma grande missão, uma que ele foi treinado a vida toda: Enfrentar seu 1º Natal como o Bom Velinho. Quando, Nick desaparece do Polo Norte na semana antes do Natal, cabe à Noelle tentar salvar as festas e trazer seu irmão de volta.
Noelle empolga quando segue a cartilha de Encantada (2007) e de Um Duende em Nova York (2003), e coloca a nossa protagonista no mundo real, sem nunca ter saído do Polo Norte, em viagem para a desértica Phoenix, Arizona, onde ela busca pelo irmão desaparecido com a ajuda do detetive Jake (Kingsley Ben-Adir), seu filho Alex (Maceo Smedley), e da administradora do shopping (Diana Maria Riva), onde ela, a elfa Polly, e as renas pararam seu trenó.
Como falamos, Kendrick acerta nas cenas em que vemos Noelle sofrendo com calor e vai parar dentro de uma geladeira de sorvetes em uma loja, ou sem saber o que é protetor solar, ou que o Papai Noel pode usar usar shorts e ouvir um desaforos na rua. E o filme deveria ter investido mais nisso do que num possível romance entre ela e o detetive, ou ainda na teimosia do irmão em não aceitar seu lugar. Assim, Noelle, Nick e Polly precisam voltar para o Polo Norte e impedir que o primo Gabe (Eicher) transforme a entrega dos presentes em um sistema eletrônico e digitalizado de entregas e que o espírito do Natal se arruinado para sempre.
Noelle tem carisma e chega a ser uma gostosinha aventura de Natal, mas que nunca engata de verdade ou entrega passagens memoráveis para se tornar um clássico para a época, assim como Abracadabra (1993) fez tardiamente com o Dia das Bruxas para o estúdio. No final, em Noelle, Kendrick até faz o seu melhor, mas uma rena sozinha não consegue fazer com que o trenó alce voos mais longos, não é mesmo?