Finalmente a adaptação dos jogos Monster Hunter (2021) chega aos cinemas nacionais. E realmente faz um filme desses para se ver numa tela grande, sabe? E acho que os fãs da franquia dos jogos, talvez, se divirtam encontrando as referências que o diretor Paul W.S. Anderson colocou no filme.
Afinal, tirando o fato da atriz Milla Jovovich estar extremamente carismática no papel, Monster Hunter, como filme, talvez realmente não consiga oferecer muita coisa além disso, e de claro, entregar monstros gigantes saltando em tela.
O longa faz um típico filme de Michael Bay… sim, vocês sabem quais são eles…. Aqueles que alguma coisa alucinante, e grandiosa acontece, e que dura por volta de poucos minutos, e serve para apenas nos deixar com a adrenalina lá em cima, para logo depois vermos a história cair de ritmo, não entregar nada palpável em termos de roteiro ou até mesmo de atuações para logo em seguida, temos novamente esses momentos repetidos, numa eterna montanha russa por quase 2 horas.
E aqui, Monster Hunter deixa os robôs de lado, e foca em monstros estranhos, gigantes, e esquisitos que pulam em tela vindo das areias do deserto onde boa parte do filme se passa. Atenção Duna, Anderson fez primeiro. Sinto que Monster Hunter se apoia demais em utilizar um senso de escala enorme para impedir que o espectador olhe de perto os problemas estruturais que o filme tem.
Afinal, quase boa parte das cenas são tomadas áreas, onde a câmera vem lá de longe do nada e vem vem lentamente para focar em alguém ou alguma coisa, e tenta mostrar os personagens, principalmente a protagonista de Jovovich, como figuras pequenas no meio de uma vastidão maior, cheia de areia, e nada mais, por quilômetros e quilômetros. E quando não é isso, temos os personagens dentro de uma caverna dominadas por aranhas famintas e que vivem no escuro ou ainda em um barco gigante que navega pela areia. Anderson e o filme Soul (2020) com a mesma ideia.
Claro para isso o trabalho de composição de cenários, seja nas locações reais, ou aquelas criadas por computação gráfica, ajuda a fazer o espectador adentrar nesse mundo juntamente com a Capitã Artemis (Jovovich) e seu time de soldados que são transportados para um outro reino durante uma missão no nosso mundo no deserto. E aqui, Anderson acerta na criação desse novo mundo, na criação desse novo Universo, o Universo Monster Hunter, e para transportar a ambientação do game para as telonas. E como falamos, Monster Hunter é para se ver nas telonas, não tem outra forma de se curtir um filme assim.
E ao mesmo tempo, alguma coisa do filme me pareceu não ter liga, sabe? Talvez seja pelo fato que metade dos personagens que são apresentados desaparecem de alguma forma ou de outra, ou que a história contada seja tão simples narrativamente falando. Sinto também Monster Hunter perdeu a chance de introduzir e trabalhar com personagens carismáticos como The Rock fez nos novos filmes da franquia Jumanji também da Sony Pictures. Aqui, conhecemos alguns deles, onde temos nomes como Diego Boneta e Meagan Good, para menos de 1 hora de filme eles já sumirem e puf nunca mais os vermos?
Monster Hunter então em vez de colocar um grupo de soldados tendo que lidar com esse novo e perigoso lugar, simplifica sua história e nos deixa apenas a Capitã de Milla Jovovich viver nesse (não tão adorável) mundo novo. Mas Artemis descobre que não está sozinha, além de estar cercada de todos os tipos de gigantes monstros possíveis, que atacam pela noite, durante o dia, e na medida que ouvem ou sentem qualquer som, ela descobre um nativo desse novo reino.
Toda a sequência que mostra a formação da “amizade”, ou aliança, com o personagem interpretado pelo ator Tony Jaa (chamado aqui de Hunter) até que é divertida e um dos momentos altos do longa, sem dúvida. Mas para o filme, e os personagens, superarem suas diferenças, desde da barreira da língua até confiarem uns aos outros, leva um tempo, um tempo precioso que Anderson usa para apresentar novas ameaças e monstros na medida que “Tarzan e Jane” se conhecem e selam uma parceria através de chocolate e armas que brilham.
Em Monster Hunter é tudo meio que igual a outras coisas que já vimos por aí, seja pelas referências aos próprios jogos, seja pelas aventuras no deserto, lá Mad Max: Estrada da Fúria (2015) ou pela montanha mágica com um ser místico que os personagens precisam caçar e chegar como se fosse nos filmes de O Senhor dos Anéis.
E é basicamente assim que Monster Hunter funciona, um longa que entrega tanta coisa, passa rápido, com sua história, que não dá tempo para o espectador quase respirar em certas passagens. É como se acompanhássemos a gangue do Vin Diesel passar com seus carros tunados, só que aqui quem está Veloz e Furioso são os monstros gigantes, seja os Diablos, as criaturas que rastejam pelas areias, as Aranhas gigantes, ou até mesmo o grande Dragão Rathalos que os personagens enfrentam no final do filme.
E talvez, o final repleto de efeitos especiais seja a melhor parte do filme sem dúvidas, e nem pelo fato que temos as rápidas participações do sempre canastrão Ron Perlman, e da a brasileira Nanda Costa com quase duas falas, ou pelas incríveis batalhas pelas diversas realidades que o filme apresenta e que entregam cenas com visuais espectaculares e meio que tudo que eu esperava que o filme entregasse em sua totalidade e não que deixasse para os seus 20 minutos finais.
Afinal, infelizmente, quando Monster Hunter fica bom e precisa acabar. O longa também deixa um gancho (Quem é o mascarado misterioso?) para uma eventual sequência que talvez nunca venha, afinal a bilheteira de 25 milhões de dólares ao redor do mundo nem deva chegar perto de cobrir os custos do filme. Mas ei, pelo menos a Sony Pictures tem o Universo do Homem Aranha né?
PS: O filme tem uma cena extra, logo após o final, e antes dos créditos.
Monster Hunter chega nos cinemas em 25 de fevereiro pela Sony Pictures.