Sinto que Mistério no Mediterrâneo foi o grande teste da Netflix para cair de cabeça no mundo do gênero de Quem matou? (Whodunnit?) lá em 2019. Logo depois a plataforma, lá em 2021, garantiu os direitos para as sequências de Entre Facas e Segredos, e ao longo dos anos, lançou também diversos outros projetos com a temática, entre filmes e séries.
Até a própria série You entrou na jogada em sua quarta temporada, que estreou algumas semanas atrás, Wandinha também bebeu dessa fonte em seus episódios que tiveram uma grande repercussão na Netflix….mas enfim, é claro que a plataforma iria apostar numa sequência do filme e dito e feito.
Jennifer Aniston e Adam Sandler estão de volta como Audrey e Nick Spitz, a cabeleleira e o ex-policial que estiveram envolvidos num grande mistério, e uma trama de assassinato e conspiração. E aqui eles retornam mais uma vez com Mistério Em Paris (Murder Mystery 2, 2023) e garantem que vão repetir o que deu certo uma vez, mais uma vez, em tela.
Assim, Aniston e Sandler reprisam seus papéis novamente, e a dupla se apoia nesse carisma e em seus timings cômicos, tanto juntos quanto separados, para fazer a sequência dar certo.
E como uma boa sequência, o longa é muito maior que seu antecessor. Melhor? Não necessariamente, afinal, Mistério no Mediterrâneo meio que tinha o charme da novidade e tudo mais. Necessário? Isso é discutível, mas não vou negar que passei 1h30 de pura diversão com Aniston e Sandler em Mistério Em Paris, então acho que fica claro que eles não deixam a peteca cair em nenhum momento.
O roteirista James Vanderbilt também retorna do primeiro filme, e parece que tem o cuidado de não só re-introduzir para o espectador o casal de protagonista, mas também os deixar mais humanos e com problemas mais reais aqui, na medida que na sequência os Cheetos, digo os Spitz, resolveram continuar uma carreira no mundo da investigação, mesmo que os negócios não vão muito bem, depois dos eventos do primeiro filme.
Até que recebem o convite do noivado do Marajá (Adeel Akhtar, hilário) em uma ilha paradisíaca, e decidem por darem essas férias. Mas é claro que toda vez que Audrey e Nick viajam juntos, alguma coisa fora do comum acontece. E aqui em Mistério em Paris não é diferente.
O longa segue a cartilha 101 de filmes do gênero, introduz os personagens, as ameaças, quem é aliado, quem é suspeito e brinca com essas questões, e deixa suas pistas aqui e ali, para depois introduzir quem desaparece misteriosamente da festa do Marajá com sua noiva Claudette (Mélanie Laurent) e então apresentar a dinâmica todo mundo é suspeito, vamos investigar esse caso. Mistério em Paris entrega uma lista de suspeitos muito bacana e basicamente que não foge do padrão dos filmes do gênero. Todos tem características marcantes, e servem como bons suspeitos: Da noiva em si, até a irmã do noivo, Saira (Kuhoo Verma), pelo colega no conselho da empresa do Marajá, o ex-jogador de futebol galanteador Francisco (Enrique Arce), até mesmo para a madrinha, a socialite esnobe, A Condessa (Jodie Turner-Smith) e sua assistente de voz irritante (Zurin Villanueva) e até mesmo o Coronel Ulenga (John Kani) que também retorna do primeiro filme.
E claro, os próprios Audrey e Nicky, que são acusados de estarem envolvidos nos eventos depois que um ex-agente do MI6 agora detetive particular, autor de livro de sucesso sobre espionagem, Miller (Mark Strong) chega também para investigar o desaparecimento de um dos personagens.
Por conta de sua 1h30, Mistério em Paris é super ágil para contar sua história, um pouco cheio de conveniências demais, e cenas que são apresentadas, desenvolvidas, muito rápido, com piadas que são repetidas, mas que conta uma história cheia reviravoltas, sobre quem é, e o que quer quem os misteriosos bandidos que são os verdadeiros vilões do filme.
Descobrir quem está por trás do sequestro de um dos personagens é a grande incógnita que o longa oferece, onde nós os espectadores, precisamos descobrir, ao lado de Audrey e Nicky, por que a tal pessoa sumiu e quem, da lista de suspeitos, se beneficiaria mais com o desaparecimento dela. Assim, o longa deixa a ilha paradisíaca e parte para a conhecidíssima na noite de Paris, a cidade de Paris, onde o longa se desenrola em grande, novas, e divertidas, cenas de perseguição, explosões, e passagens por lugares conhecidos da cidade, onde Audrey e Nicky tentam descobrir quem está por trás disso tudo, enquanto andam com uma mala com mais de 70 milhões de dólares de recompensa.
Mistério em Paris se garante pelo timing cômico que Aniston e Sandler novamente entregam, o longa é curtinho, então a história é pa-pam sem muita firula ou tempo perdido entre as cenas de ação entregues de uma forma bem genérica para um filme de comédia de ação.
O elenco ajuda a contar essa história divertida e maluca, onde o retorno do inspetor Delacroix (Dany Boon) faz um bom contraste com os personagens de Aniston e Sandler mais uma vez. Algumas participações especiais, de nomes conhecidos da comédia americana pipocam no longa, na medida que Mistério em Paris se encaminha para seus momentos finais, e revelações em plena Torre Eiffel que deixaria o detetive Benoit Blanc com inveja.
No final, o longa entrega uma sequência que se diverte por nos levar novamente para o mundo desses personagens amalucados e que cumpre seu papel para entreter. Talvez tenha chegado um pouco tarde no boom do gênero dos últimos tempos, mas Aniston e Sandler garantem que ainda existe alguma coisa boa com esses personagens e mais histórias para serem contadas do casal.
E o longa garante isso nos seus momentos finais, onde fica claro que a combinação dos dois atores garantirá que isso deva ocorrer, afinal, sem mistério é uma receita de sucesso quase infalível. Só precisa mudar o CEP.
Onde assistir Mistério em Paris?
Mistério em Paris chega na Netflix em 31 de março.