A nova adaptação dos livros da trilogia Millennium, escritos pelo autor Stieg Larsson, vem como seu maior triunfo, sua protagonista e sua atriz principal que vem numa trajetória meteórica. Claire Foy tem se destacado por roubar as atenções nos últimos meses, ao interpretar os mais diferentes tipos de personagens: uma rainha, uma paciente de um manicômio, uma dona de casa e agora uma vigilante.
Millenium – A Garota na Teia de Aranha (Girl In The Spider Web, 2018) faz um filme sombrio que envolve o espectador numa teia de mistérios, conspirações e dramas familiares. E por mais que entregue um longa com um visual elegante e com boas sequências de ação, a produção não consegue fazer alguma coisa efetivamente empolgante, onde, mesmo que cumpra aquilo que promete parece, apenas, ser um apanhado de cenas estendidas, todas elas já vistas nos trailers de divulgação.
Com direção do uruguaio Fede Alverez, o filme tem um olhar bem autoral e faz um íntimo retrato da personagem, onde vemos um pouco mais do passado de Lisbeth Salander (Foy, transformada e quase irreconhecível) e também algumas explicações para suas ações. Mas, se isso acaba por ser um dos destaques da produção, também é, a parte que mais prejudica esse novo filme focado na hacker justiceira.
Em Millenium – A Garota na Teia de Aranha, temos uma história que tenta ser complexa e envolver o espectador numa trama de espionagem, terrorismo e conspirações governamentais mas que falha em não desenvolver seus personagens na mesma velocidade e intensidade e assim, peca por não ter uma grande ameaça propriamente dita.
Foy, reina absoluta, segura as pontas e tanto sua atuação quanto seu nome em si, leva o filme todo nas costas. A presença do ator Lakeith Stanfield, em seu segundo grande filme, onde também faz um bom ano, depois de participar da produção indie (e inédito no Brasil) Sorry To Bother You e da série Atlanta entrega uma boa atuação ao lado da atriz principal mas nada que ajude, efetivamente, a colocar combustão em tela.
A trama de A Garota Na Teia de Aranha, que tem roteiro do trio Jay Basu, Fede Alvarez e Steven Knight, dá uma nova e mais atual roupagem para hacker Lisbeth, e Foy, como sempre, entrega uma atuação precisa e afiada, onde a atriz se supera, tanto nos momentos mais dramáticos, quanto nas cenas de luta e de ação.
No filme, vemos uma superficialidade rondar o roteiro, como uma aranha a tecer sua teia. Afinal, numa boa trama de espionagem, precisamos de roubo de informações, agentes disfarçados e reviravoltas. E A Garota Na Teia de Aranha até tem tudo isso, mas entrega situações com resoluções muito simples e em alguns momentos, até diríamos, fáceis.
E na parte mais dramática, é como estivéssemos dentro de uma versão mais sombria de um live-action de Frozen com duas irmãs brincando na neve. Sylvia Hoeks, como Camila Salander, tenta fazer uma irmã e vilã incompreendida mas não consegue mostrar para que veio.
Sverrir Gudnason, como o jornalista Mikael Blomkvist, definitivamente está no filme mais como um easter-egg dos próprios livros, do que por ter uma participação efetiva na trama. Mas pelo menos, o ator não faz o batido papel de par romântico e salvador de donzelas, afinal, estamos em pleno 2018 não é mesmo?
No final, a Lisbeth de Foy é tudo aquilo que a personagem representa, justiça, independência e um tom de rebeldia e em A Garota Na Teia de Aranha tudo gira e funciona em torno da personagem, mas nem todo o talento de Foy, consegue segurar o filme sozinho, afinal, o restante dos outros personagens não estão no mesmo ritmo ou nível que sua protagonista e acabam por serem unidimensionais e quase sem nenhuma profundidade.
Com boas cenas de ação que não deixam o ritmo cair, e uma belíssima fotografia com cenas dignas de virarem postagens no tumblr ou papel de parede no computador, A Garota Na Teia de Aranha acaba por ser uma boa renovação para a franquia mesmo que não entregue nada de muito espectacular.
A Garota Na Teia de Aranha tem estreia prevista para 8 de Novembro.
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