Ufa! Mas que ano movimentado para a parceria da Marvel com a Netflix, não é mesmo? O estúdio em 2017 conseguiu terminar de apresentar seus personagens em séries solos, começou o ano com a fraca Marvel – Punho de Ferro para lá em agosto juntar o personagem do bilionário Danny Rand com os outros heróis da Marvel: Demolidor, Jessica Jones e Luke Cage, para salvarem Nova York em Marvel – Os Defensores. Aliás vocês podem ver nossos textos aqui.
E então na sua terceira série do ano, chegou a hora da Netflix apresentar uma figurinha que apareceu lá na segunda temporada de Marvel – Demolidor, Frank Castle ou O Justiceiro! O personagem teve sua história introduzida nos episódios do segundo ano da série do herói mascarado e por mais que fosse bacana ela ter sido contada por etapas e não com todas as informações jogadas de uma vez, foi uma ideia muito boa o personagem de Castle ganhar uma série própria. Assim, em Marvel – O Justiceiro, Jon Bernthal bate, sangra, apanha e se transforma de um jeito em cena que faz seu carisma inundar a tela toda vez que ele aparece e com um personagem cheio de complexidade e uma motivação sem tamanha. Bernthal nos faz torcer a cada momento para seu angustiado Justiceiro, o ator é um achado e realmente mostra o motivo pelo qual a Netflix encomendou esse spin-off.
A série é toda focada em contar a história do personagem e mescla muito cenas de flashbacks com cenas atuais, a produção eleva as séries da Marvel para um novo patamar e o grande trunfo dela é não depender de poderes especiais, habilidades mágicas não explicadas ou de vilões com um lado místico mais aflorado. Marvel – O Justiceiro é a série mais pé no chão da franquia, claro ela tem uma trama maior que permeia a temporada, mas os episódios funcionam muito bem isolados e não necessariamente você precisará assistir as outras séries para entender ou conseguir acompanhar a história, pois o roteiro tem uma preocupação (um pouco chata) em te fazer relembrar isso sempre.
Marvel – O Justiceiro é porrada na cara, soco no estômago e um Jon Bernathal com cara de psicótico e isso é maravilhoso (para quem assiste não para quem apanha na série vamos combinar). Em termos de narrativa a série chega até a seguir a fórmula Marvel na Netflix: ela começa calma nos primeiros episódios que ajudam a criar o clima de tensão e expectava para depois lá na frente a coisa explodir e negócio ficar feio. Mas como hoje estamos em ritmo de maratona tudo é válido.
A abertura é um dos grandes acertos e também segue o mesmo padrão estético das outras séries do estúdio, mas em termos até mesmo de fotografia e tratamento de imagens a produção se diferencia das demais: nada de filtros muito fortes ou cores vibrantes, o tom da série é escuro, mas combina muito com o climão de paranoia e investigação que ela quer passar. Talvez, por conseguir rodar sozinha sem suas primas, o roteiro de Marvel – O Justiceiro acaba dando umas voltas em sua própria história e acaba batendo sempre na mesma tecla e repete muito as informações ao apresentar os novos personagens, afinal mesmo nos papeis pequenos sempre tem um motivo para alguém aparecer.
Outra coisa que acaba incomodando é quando o assunto acaba sempre voltando sobre a esposa e filho do personagem, mas que talvez a série repita muitas vezes pelo fato de precisar focar e puxar mais para o lado humano do personagem principal, afinal principalmente no episódio piloto, Frank Castle é um robô: ele anda de cabeça baixa, só trabalha e ainda pensa na família.
Marvel – O Justiceiro ainda conta com personagens secundários fantásticos que elevam ainda mais a qualidade da produção e deixam claro que nem tudo parece ser o que é e que as pessoas mudam (ou tentam esconder coisas do passado). Ben Barnes como o Billy Russo mostra serenidade mas também um olhar perigoso ao mesmo tempo que te faz perceber que ele é um adversário à altura para Frank Castle e realmente, o ator quando aparece, se destaca de uma forma bastante positiva. Ebon Moss-Bachrach como David Lieberman também faz um contra-ponto interessante ao ser colocado para interagir com Jon Bernthal que em cena acabam tendo uma boa química e conseguem deixar a trama ficar tensa, pesada e carregada. Deborah Ann Woll, como Karen Page, faz uma das poucas conexões entre essa série e as outras entrega a mesma atuação de sempre: uma atuação carismática, cheia de curiosidade e que completa e agrega ao time feminino composto pelas ótimas Amber Rose Revah e Jaime Ray Newman de uma forma bem bacana.
Assim, em Marvel – O Justiceiro tudo é um tom acima do que já vimos até agora e isso é uma coisa muito boa: as conspirações, as tramoias, as cenas de luta, a explosões e as escolhas complicadas passam um sentimento de aflição e deixam o clima da produção bem incomodo. No final nessa série todo mundo é louco e pirado e isso acaba ficando claro quando a produção deixa os episódios mostrarem isso para quem assiste aos poucos e variando o grau de cada um. A trama acerta em conseguir criar uma história envolvente do primeiro ao último episódio.
Sendo bem sanguinária, violenta, mais realista e com inimigos mais palpáveis Marvel – O Justiceiro é como se fosse um mix das séries Homeland com 24 onde Frank Castle acaba indo em busca da verdade à qualquer custo e nos levando nessa jornada crescente com episódios muito bem feitos.
É a Marvel/Netflix terminando o ano completamente diferente do que começou e em uma alta nota.
https://youtu.be/-KGftw5LZqM
Todos os episódios de Marvel – O Justiceiro estarão disponíveis em 17 de dezembro.
Comentários estão fechados.