sexta-feira, 22 novembro, 2024
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Maligno | Crítica: James Wan instiga a noção de realidade de uma forma aterrorizantemente boa

Um apelo caro leitor: Vá assistir Maligno (Malignant, 2021) sabendo o mínimo possível, ou melhor, sem saber nada! Só que ele é o novo filme do diretor James Wan e que é um longa de terror.  

Afinal, a grande graça, e o maior trunfo que o novo filme do diretor entrega, sem dúvidas nenhuma, se dá pelo fato que somente assim conseguimos descobrir o que acontece por aqui na medida que assistimos os acontecimentos se desenrolaram ao longo dele. Em Maligno, Wan cria um quebra cabeça tão curioso e intrigante que basta apenas, para nós espectadores, coletar as pistas que recebemos sobre a história da jovem Madison (Annabelle Wallis) e suas visões assustadoras.

O roteiro de Akela Cooper, com uma história de Wan e Ingrid Bisu (que trabalhou em outros projetos do diretor como A Freira e a franquia Invocação do Mal), trabalha com uma trama realmente cheia de pequenas reviravoltas que deverão deixar o espectador angustiado com o que acontece com a protagonista e a forma de como tudo acontece, na medida que as pistas e o mistério que envolve as visões de Madison são apresentadas. Maligno não tem um grande nome para chamar atenção, ou faz parte de uma franquia, ou é um reboot de alguma coisa, e sim, uma história original e coloca muita produção blockbuster para comer poeira.

Maligno – Crítica
Foto: Courtesy of Warner Bros. Pictures – © 2021

Na trama, a jovem Madison é uma enfermeira que vive numa casa isolada em Seattle em um relacionamento abusivo. Grávida e com um companheiro que não é uma boa pessoa, convenhamos, Maddison vê um acontecimento mudar sua vida de uma hora para outra. E para piorar, ela também começa a sentir que está, fisicamente e numa espécie de transe, em outros lugares que não são a sua casa. E digo mais, ela começa a presenciar assassinatos em suas visões que soam muito mais reais do que apenas pesadelos. O que será que acontece com ela? Essa é a grande pergunta que Maligno tenta responder e que realmente faz do filme um para se assistir com a maior atenção em busca de pistas e informações. Afinal, o diabo está nos detalhes, e aqui o filme brinca com essa noção de o que é real, e o que não é, de uma forma muito interessante.  

Wan e seus colaboradores criam um longa de terror que realmente consegue mesclar os diversos gêneros e vertentes desse tipo de produção em um único filme. Wan e seus colaboradores criam um longa de terror que realmente consegue mesclar os diversos gêneros e vertentes desse tipo de produção em um único filme. O que temos em Maligno vão desde de momentos mais tensos psicologicamente falando (seria tudo um grande truque que a mente de Madison faz para a enganar e para a poupar de seus traumas?), com passagens em que o longa se torna um grande filme de casa amaldiçoada (na medida que o tal ser ronda Maddison na calada da noite), e outras partes, temos um verdadeiro e gore, terror slasher quando o ser, aqui chamado do Gabriel, sai por aí em toda sua fúria e faz diversas vítimas ao longo do filme com uma arma moldada por ele mesmo (aquela do pôster, fica a dica).

E isso, claro, chama a atenção da dupla de detetives Shaw (George Young) e Moss (Michole Briana White) que começam investigar os casos que já dão um certo trabalho para a polícia, afinal, Gabriel parece ser muito mais esperto que todos eles. O mais interessante aqui que Wan usa esses personagens, desde da própria equipe policial, até mesmo a irmã de Madison, a jovem atriz em formação Sydney (Maddie Hasson) para quebrar a tensão que as passagens entregam e de tudo de errado que existe nessa história toda, com momentos que realmente conseguem arrancar uma risada no meio de tanto caos, mortes violentas, e uma mitologia muito bem construída.

White e Hasson tem momentos e falas tão inspiradas que realmente consegue compensar um pouco do jeitão de filme de terror B que Maligno apresenta. Seria uma homenagem para esses filmes ou apenas um problema de produção? Mas a habilidade de Wan para nos transportar para dentro do filme, assim como Madison é jogada nas cenas do crime, são muito muito interessantes. Graças ao trabalho de câmera, ali colada na protagonista, e Wallis segura bem as pontas, a sensação que temos ao assistir o filme é de que estamos junto com ela ali em cena, coisa que Wan trabalha em diversos momentos como se o espectador realmente fosse parte daquilo tudo.

Maligno – Crítica
Foto: Courtesy of Warner Bros. Pictures – © 2021

Particularmente, tem algumas cenas em Maligno que realmente me impactaram pela forma que foram filmadas, principalmente uma que é vista de cima, uma em que Madison tenta fugir em todos os cômodos da casa e que Wan grava como se estivéssemos a vendo do lado de cima, e de fora, em uma casa de boneca. Como falamos, a graça de Maligno fica em você ir sem saber nada e realmente tentar descobrir o que acontece junto com os personagens. Em um determinado, claro, o filme te dá todas as respostas em que realmente sabemos o que acontece com Madison e quem é essa figura sombria que é Gabriel, na medida que vamos a fundo no passado das irmãs, e de Madison propriamente dito. A charada pode até ser matada logo de cara, mas a forma como vemos tudo acontecer é que realmente faz a diferença no longa, mesmo que em diversos momentos o texto soe um pouco didático demais ao mostrar coisas que se você prestar atenção, já consegue deduzir e somar 1+1, sem precisar ver a informação em tela.

Mas ao mesmo tempo, Maligno não fica por enrolar a sua resolução e quando isso acontece (sem spoilers por aqui), a execução é ao mesmo tempo impressionante e audaciosa. É como se todas as suas piores hipóteses e palpites se concretizam e você realmente fica chocado e assustado com o quão surreal é tudo aquilo. E nos seus momentos finais, Maligno ganha um gás tremendo e parece que vemos dois filmes em um só na medida que tudo que Wan apresentou até então é elevado numa potência muito sanguinária e violenta. 

No final, Maligno realmente é uma grande surpresa, um filme de terror cheio de reviravoltas que ajudam a contar essa assustadora história e que realmente é mais uma etapa na consolidação de Wan como um dos contadores de histórias de terror mais interessantes em Hollywood. E depois dos bilhões que Wan deu para a Warner com Aquaman, aqui ele está solto para fazer o que quiser e agarra essa oportunidade da mesma forma como Gabriel segura sua lâmina nos momentos mais tensos do filme.

Avaliação: 3.5 de 5.

Maligno chega nos cinemas nacionais em 9 de setembro.

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Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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