Um grupo de mulheres cheias de dinheiro que vivem juntas em um súburbio sempre deu
pano para manga para produções, seja elas no cinema, na TV, ou no streaming.
De Desperate Housewives até Big Little Lies, esse tipo de atração sempre movimentou as redes sociais com um burburinho sem tamanho, e aqui com Maldivas, a nova atração nacional da Netflix, as coisas não poderiam, e não devem, ser diferentes.
Com episódios curtos de 30 minutos, Maldivas bebe diretamente da fonte desses tipos de produções, mas coloca uma coisinha a mais na sua formulaica ideia. É como se fosse uma cerejinha em cima de um Sundae, ou gelo sei l’a no uísque. Pense pequenas coisas que mudam completamento do gosto da bebida escolhida.
E o que deixa Maldivas com um gostinho de quero mais? Fácil, são suas atrizes protagonistas e
claro, o texto afiadíssimo de sua criadora Natalia Klein. E que saudades de ouvir Klein narrando uma história, boa e maluca, como na sua época de Adorável Psicose, sabe? E com Maldivas, Klein segue o mesmo ritmo decobochado, afiado, e não vê em problemas em apimentar as coisas.
Logo nos primeiros minutos de sua narração – além de criar, a roteirista também atua – eu já sabia que Maldivas seria para mim. Ao colocar um grupo de mulheres, ah lá Dona da casas Desesperadas juntas para mandar e desmandar no condomínio Maldivas na Barra da Tijuca, o seriado abre o seu cardapio de bedidas para entregar uma série acidamente pirada e cheia de pequenas loucuras que funcionam muito bem graças as pontos que citamos acima.
Cada uma dessas mulheres são apresentadas com suas especificidades, cada uma com suas personalidades chamativas e expansivas, e claro, cada uma com seu segredo (segredos?) que causariam muita dor de cabeça para elas se fossem revelados. Até que alguns são.
Maldivas constrói ao poucos sua trama, onde nada é o que parece ser, e só
vamos por descobrir mais sobre essas mulheres e seus mistérios, aos poucos na medida
que os episódios, mesmo que curtos, entregam uma tonelada de revelações.
Algumas são entregues logo no começo, outros prometem ser desenvolvidas mais para frente. Vi apenas os três primeiros, mas os destaques de Maldivas, sem dúvidas, ficam com Manu Gavassi como a ardilosa e super esperta influencier e musa Milene (mas será que ela é tão esperta assim?) que não vai querer largar o osso e a sindicância do prédio, com Sharon Menezes como a inteligente Rayssa (mas será que ela é tão esperta assim??), uma ex-dançarina de axé super conhecida que vive um relacionamento instagramável com seu antigo parceiro de banda.
As duas roubam as cenas nos episodios iniciais, sem duvidas. Mas de certa forma, todas elas estão bem. Dentre as outras personagens do grupinho das rainhas do Maldivas temos a dona de casa Kat (Carol Castro) com seu marido preso por crime de corrupção (mas será que ela é tão esperta assim?) e Patricia (Vanessa Gerbelli) que seus segredos prometem movimentar a trama na medida que ela começa a se aliar com Veronica (Klein) para mudar o status quo do prédio e cavucar os podres das amigas.
Já Bruna Marquezine, está bem também, é a parte mais novelesca da atração e que combina com essa virada na carreira da atriz. Sua personagem promete também ser o grande elo que vai ligar todas as outras na medida que sua personagem, Liz uma jovem do interior que desembarca no Rio, chega no condomínio em busca de respostas sobre sua mãe – que descobrimos ser Patricia, hum o plot twist, – seu passado, e cai no meio dessa selva de pedra, boias de flamingo e bar na piscina que abre às 14h.
E claro temos tem um mistério ai para ser resolvido, um incêndio em um dos apartamentos que pode ser crimionoso, mesmo que um corpo aparece no final do primeiro episódio, tem muita gente do condomínio envolvido e na lista de suspeitos. As câmeras de segurança não mentem e nem o detetive Denilson (Enzo Romani) que está empenhadissimo a desvendar esse caso.
A estética meio cafona, o ar um pouco plastificado e artificial enquanto estamos no Maldivas, e até mesmo o tom mais exegerado tanto das atuações quanto do texto e das reviravoltas, deixam Maldivas com uma cara própria e uma que faltava dar as caras e estar de volta na TV.
No final, a série faz uma produção super maratonavel, com um texto afiado e delicioso de acompanhar e liderado com atrizes de talento da TV que vem para o streaming. Maldivas é mais uma etapa dessa nova fase de produções nacionais da Netflix, uma mais pop e descolada do que os produtos que eram ofertados anteriormente e entrega uma combinação perfeita, e um acerto para todos os nomes envolvidos, igual água gelada no calor.
A série de 7 episódios tem produção da O2 Filmes com direção geral de José Alvarenga e direção de Daina Giannecchini.
Maldivas chega dia 15 de junho no catálogo da Netflix.