quinta-feira, 19 dezembro, 2024
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Love Lies Bleeding | Crítica: O amor realmente sangra em filme doido

É curioso ver o rumo que a carreira de Kristen Stewart tem tomado nos últimos anos e com Love Lies Bleeding: O Amor Sangra (Love Lies Bleeding, 2024) é meio que o grande resumo dos últimos projetos que a atriz tem escolhido. Definitivamente um filme com jeitão da programação do Festival de Sundance, do selo da produtora indie A24 e protagonizado por Stewart, onde milagrosamente, o interesse pelo projeto fez o filme já sair agora nos cinemas americano e pasmem nos cinemas nacionais.

Kristen Stewart em cena de Love Lies Bleeding: O Amor Sangra. Foto: Photo by Anna Kooris – © A24

Afinal, aqui fica claro que o amor realmente sangra e Love Lies Bleeding entrega um filme doido de ver. O que temos nas pouco menos de 2 horas de duração que o drama tem são cenas de pegação entre a recepcionista Lou (Stewart, ótima) e a bombada Jackie (Katy O’Brian que deu as caras na série The Mandalorian e em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania), tem cenas de briga, de porradaria, tem alucinações, tem reviravoltas, tem mortes, mas também tem conceito por trás dessa história de amor. Não é nada de espectacular, mas para um filme de baixo orçamento, até que Love Lies Bleeding se sai melhor com o que tem. E acho que tá todo mundo bem, de Stewart, para O’Brian que deve ser quem mais ganha com o projeto e realmente se destaca, para Dave Franco (finalmente num longa que ele atua sem a esposa), para Ed Harris (mesmo com uma peruca asquerosa) e até mesmo Anna Baryshnikov que dá vida para uma viciada apaixonada por Lou e que faz a trama girar.

E assim, Love Lies Bleeding entrega uma trama de obsessão, amor, sangue, com bastante suor que realmente empolga pela história contada na medida que descobrimos mais sobre o passado de Lou quando a jovem e a marombada Jackie começam rapidamente um relacionamento amoroso. Entre uma aplicação de substâncias ilegais, uns flertes, uns beijos, e cenas mais ousadas, tudo se desenrola muito rápido no filme e para essas personagens. Da ameaça que o pai de Lou, Lou Sr. (Harris), um chefão do crime na região que gosta de insetos e que está na mira do FBI tem anos, apresenta para ela e para a vida que ela quer viver para o relacionamento abusivo que a irmã de Lou, a dona de casa Beth (Jena Malone) vive com o marido JJ (Franco, um vilão péssimo com cabelo pior ainda), tudo é mudado quando Jackie chega na cidade, a caminho de Las Vegas para participar de um concurso de fisiculturismo, e entra na vida da personagem de Stewart.

E assim a diretora Rose Glass (que veio do terror Saint Maud) usa paisagens rurais, triviais e do cotidiano em pleno anos 80 para contar essa história na medida que o caos toma conta de uma forma tão rápida quanto essas mulheres vão viver juntas. O sentimento de angústia, do que vai acontecer, e o que pode acontecer com essas personagens é gigante, onde a ambientação escura e carregada do filme ajuda a carregar esse sentimento de que alguma coisa muito ruim pode acontecer com esses personagens. E a trilha sonora também completa tudo isso, onde quando o filme entrega poucas cenas mais gráficas, que quando acontecem, impactam, o texto de Glass e de Weronika Tofilska apenas navega a trama para isso ficar claro que vai acontecer.

Katy O’Brian e Kristen Stewart em cena de Love Lies Bleeding: O Amor Sangra. Foto: Photo by Anna Kooris – © A24

O mais interessante de Love, Lies, Bleeding é na naturalidade que as situações mais doidas e sangrentas possíveis se desenrolam no filme e são tratadas como “ah é isso ai… acontece todo o tempo”. Algumas são de fazer a boca cair, outras você sente que o longa é um romance gigante entre essas personagens. Onde lá para o final, a fantasia e a realidade se misturam nessa história, onde o espectador até sai meio bamba de tudo que aconteceu quando Jackie e Lou precisam desviar de todo mundo, da polícia, dos capangas do pai, da ficante maluca e sem dente de Lou e tudo mais para ficarem juntas. 

No final, o que temos aqui é finalmente um filme de lésbicas trambiqueiras, dando tiro, empinando moto e cavando covas. Ninguém aguenta mais filmes com lésbicas só sofrendo. E é isso o que Love Lies Bleeding entrega e acerta. Pode não ser um filme para todo mundo, ou que vá agradar todo mundo, mas que sabe contar essa história da forma mais alucinada e louca possível, ah isso faz. 

Nota:

Love Lies Bleeding: O Amor Sangra está em cartaz nos cinemas nacionais.

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Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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