Loki, junto com WandaVision, talvez, seja uma das poucas produções que realmente clicaram com o espectador da Marvel Studios no Disney+. Talvez por serem histórias de personagens que foram apresentados nos cinemas, ganharam uma legião de fãs, e que por serem coadjuvantes necessitavam de mais tempo em tela para terem suas histórias contadas.
Talvez por serem as primeiras produções que chegaram no Disney+, juntamente com o sentimento de novidade, e o momento, por conta do contexto pandêmico, ser outro. São diversas variáveis (não variantes!) que explicam o sucesso da atração.
E tendo terminado com uma das maiores audiências (mesmo que não reportada na época) do Disney+, Loki retorna com novos episódios com um propósito glorioso e difícil: colocar o MCU nos eixos. E isso que os primeiros dois episódios fazem.
E o carisma, e charme, de Tom Hiddleston no papel é 80% da força que move Loki nesse começo de segundo ano, onde não só o personagem retorna depois dos eventos da primeira temporada, onde vimos o anti-herói, transformado em herói, e sua variante Sylvie (Sophia DiMartino) na busca para conhecerem Aquele Que Permanece (Jonathan Majors).
O final do primeiro ano foi marcado pelo gancho em que não só vimos ela matar a variante de Kang, como também bagunçar a linha temporal, para a temporada terminar com Loki jogado em um outro multiverso.
Com a trama do primeiro episódio começando logo onde o final do primeiro ano terminou, Loki se mostra mais uma vez uma produção extremamente robusta, com ares de filme mesmo da Marvel Studios, e fica claro que a série realmente sabe muito bem como, e qual história quer contar. É mais uma etapa dentro da complexa, multiversal, história que o estúdio andou tropeçando para contar nessa nova etapa pós Vingadores: Ultimato (2019).
Com Loki em outra linha do tempo, em uma outra Autoridade de Variância de Tempo (TVA no inglês) vemos que seu amigo Mobius (Owen Wilson) e até mesmo a agente B-15 (Wunmi Mosaku) não o conhecem e a grande pergunta que fica é: o que será que esse personagem vai aprontar agora? Mas claro que é Loki que estamos falando e as coisas, CLARO, não ficarão em paz por muito tempo assim.
Assim, os novos roteiristas parecem terem caído de cabeça na mitologia e não deixam a peteca cair quando se trata do personagem e da trama que será continuada, e contada, aqui. Uma das coisas mais bacanas do novo ano de Loki é a entrada, e apresentação, do personagem OB (o vencedor do Oscar Ke Huy Quan) como um técnico da TVA que ajuda os personagens nessa nova missão e mostra um pouco mais do dia-a-dia da organização e como as coisas funcionam por lá.
Assim, ao lado de Mobius e Loki, OB forma um trio para lá de interessante na medida que discutem sobre as consequências da falha temporal que não só afeta o personagem, mas também de como as linhas temporais estão em puro colapso depois dos eventos do final da primeira temporada. É um pouco confuso e complexo, mas a atração dá diálogos difíceis e depois mostra os acontecimentos em tela, então acho que o espectador ficará satisfeito com o que foi explicado.
E assim, no novo ano, também temos novos funcionários da organização que são apresentados logo no primeiro episódio, e que servem para movimentam a trama, já que personagens importantes do primeiro ano de Loki não retornam logo de cara.
Temos novos juízes (Liz Carr de The OA e Kate Dickie de Game Of Thrones), novos caçadores (Rafael Casal, ótimo) e muitas novas discussões sobre o que é, e qual seria o papel da organização agora que os personagens foram expostos para a verdade de que foram retirados das linhas do tempo para trabalharem na organização.
O segundo ano de Loki pode ter trocado o time de produção, entre roteiristas e diretores, mas a série continua com o mesmo charme visual de antes. Do ambiente retrô da TVA, a composição das cores, o tom esverdeado, tudo faz parecer que apenas tivemos uma transição rápida entre uma temporada e outra.
Hiddleston e DiMarco continuam muito bem, mesmo que com poucas cenas juntos, onde nesse começo de temporada a meta é localizar onde a personagem foi parar (atenção viciados em McDonald ‘s! ). Wilson também retorna com boas piadas e boas interações com Hiddleston e Quan e como o favorito dos fãs ganha um espaço muito maior depois de ficar um pouco apagado na segunda leva de episódios do primeiro ano.
Já Eugene Cordero também retorna como o atrapalhado Casey, e garante também um certo alívio cômico com boas cenas, mas o mesmo não dá para dizer de Majores (tão carismático no primeiro ano e aqui com problemas nos bastidores), Gugu Mbatha-Raw e Tara Strong como a voz da assustadora relógio Miss Minutes que não dão as caras nos primeiros episódios.
No final, sinto que Loki, nessa temporada 2, não perde tempo para contar, e apresentar, essa história e seus desafios. Sem dúvidas, continua a ser a produção mais interessante (depois de WandaVision) que Feige e companhia aprovaram para o streaming. Por justamente entender o conceito básico do que é uma produção Marvel Studios, e como tirar o melhor dela, e dos quadrinhos na qual foi inspirada.
E bem mais do que querer governar todo o universo, talvez, o glorioso propósito de Loki seja realmente esse, onde aqui na temporada 2 isso fica mais claro do que nunca.
Loki estreia a segunda temporada em 5 de outubro com episódios semanais todas quintas, às 22h.