segunda-feira, 23 dezembro, 2024
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Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes | Crítica: Boa expansão do Universo

Um dos grandes triunfos da franquia Jogos Vorazes foi ter uma personagem, uma atriz e uma protagonista carismática à frente da série de 4 filmes. Foi o começo de Jennifer Lawrence em Hollywood e o papel que a levou para o estrelato. E é curioso que a atriz tenha um novo papel de destaque no mesmo ano do lançamento de Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (The Hunger Games: The Ballad of Songbirds & Snakes, 2023).

Ela não está no filme, mas sua importância para a franquia reconhecida, afinal, no novo Jogos Vorazes temos um outro protagonista. E muito que faz esse longa prequel, que se passa mais de 60 anos antes dos eventos vistos nos longas de Katniss, dar certo é a escolha do elenco, liderado aqui pelo também praticamente novato Tom Blyth que realmente dá o nome e está muito bem.

Tom Blyth e Rachel Zegler em cena de Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes.
Foto: Credit: Murray Close/Lionsgate/Paris Filmes. All Rights Reserved.

E como todo longa de Jogos Vorazes, o elenco principal é cercado por nomes de atores mais veteranos e com A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes não é diferente, afinal, o longa é marcado pela presença de Viola Davis, Peter Dinklage, Jason Schwartzman em papéis chances, secundários sim, mas importantes para a trama e o seu desenrolar.

E assim, munido com uma história que parece ter sido já feita para ser contada nos cinemas, Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes faz um retorno para o mundo de Panem bastante convidativo, onde parece que o diretor Francis Lawrence nunca deixou para atrás, que realmente mostra que o Universo criado por Suzanne Collins nos livros ainda deve render mais algumas histórias. 

E principalmente boas histórias. Afinal, Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes faz um complemento interessante para a franquia de maneira geral e faz um novo capítulo que empolga, não só pelas conexões com a trama que já conhecemos, e vistas nos longas originais, mas também para nos apresentar a figura do jovem Coriolanus Snow e que Blyth se mostra a altura de Donald Sutherland no papel. 

É a ascensão do personagem em Panem, na estrutura social da Capital, e os primeiros glimpses da figura vilanesca que Snow, no futuro Presidente Snow de Sutherland, vai se tornar. E o roteiro de Michael Lesslie e Michael Arndt acerta em nos apresentar para o contexto social e político da juventude de Snow na época que os jogos vorazes tinham acabado de completar 10 anos, mas que estavam com uma audiência baixa e não servindo  tão bem o seu propósito (como é bem debatido ao longo do filme), e mostrar e que Snow não era a figura influente e poderosa que seria no futuro.

E o trabalho de Blyth para fazer com o que o personagem navegue pelo mundo das politicagens, das intrigas da sociedade, e de cobra comendo cobra é fundamental para captar a atenção do público em Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes.

Como falamos, a franquia sempre se baseou em um protagonista carismático e aqui tanto Blyth, quanto o jovem Snow entrega isso. E depois de passarmos pouco tempo explorando a Capital nos outros filmes, Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes realmente nos dá essa chance, faz com que realmente o tempo ali seja extremamente compensador.

De conhecermos mais da família Snow com a avó (Fionnula Flanagan) do personagem, e a prima Tigres (Hunter Schafer) que passam dificuldades e precisam manter as aparências para a sociedade, até mesmo os colegas de classe no melhor estilo How To Get Away With Murder (curioso essa comparação já que Davis está no projeto) com Sejanus Plinth (Josh Andrés Rivera), Clemensia Dovecote (Ashley Liao) e outros estudantes de famílias ricas que veem o cobiçado prêmio dado pelo reitor Highbottom (Peter Dinklage) escapar de suas mãos quando eles são obrigados a fazerem a mentoria dos tributos da edição 10 dos Jogos Vorazes com apresentação de Lucky Flickerman (Schwartzman) fazendo a vez de Stanley Tucci dos filmes originais.

Isso não só mostra como a dinâmica entre os alunos da Academia vai mudar, mas também mais uma vez a franquia se apoia na relação mentor e tributo que deu tanto certo nos outros filmes. E assim, o longa introduz a figura de Lucy Gray Baird (Rachel Zegler), uma artista, cantora, cigana do distrito 12, que é colocada pareada com Snow para essa disputa. Zegler trabalha com Lucy de uma forma teatral, mais caricata, e que ao longo do filme vemos a atriz diminuir isso. Mas a atriz canta muito bem e deixa as passagens musicais darem um toque interessante para Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes. 

Tom Blyth e Viola Davis em cena de Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes.
Foto: Credit: Murray Close/Lionsgate/Paris Filmes. All Rights Reserved.

E é interessante os paralelos que os roteiristas, e possivelmente Collins, no livro (aliás, deixo claro que não li) fazem aqui. É como Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes nessa parte acabasse sendo um filme espelho da franquia principal. Afinal, o papel do mentor ganha um pouco mais de presença do que do tributo, os gêneros também são trocados, mas nada muda em relação a grande essência da franquia: a disputa de poder.

E não só entre Baird e Snow, mas também entre os outros participantes que disputam os jogos, e querendo ou não, entre o Reitor e Snow que tem uma rixa do passado e que movimentam a parte que vemos efetivamente os jogos acontecerem, e é basicamente onde a ação do longa está de verdade. 

E isso fica claro quando vemos a divisão do longa por capítulos “O Mentor” e “O Prêmio” funcionam quase como um filme só enquanto no capítulo “Peacekeeper”, a trama dá uma virada brusca, não só de ritmo, como de cenário e que nos deixa indagar para onde a trama vai e quem será o pássaro e quem será a serpente dessa história. 

E por mais que a dinâmica entre Zegler e Blyth seja excelente e palpitante em tela, Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes se mostra realmente um filme de Blyth, um papel definitivo da carreira de ator que muda (não só fisicamente) do capítulo 2 do longa e onde boa parte da ação está por conta de ser os Jogos efetivamente para o capítulo final onde vemos que realmente vemos que a neve sempre caí por cima e a retorno de Snow para capital volta a trama para aquele clima de suspense palaciano e paranoia tão marcante nas primeiras duas partes. 

Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes tem problemas de ritmo e parece ter mais história para contar para pouco tempo, mesmo que tenha 2h45 de duração, mas são nas atuações caprichadas do elenco, de Blyth para Davis para Dinklage e até mesmo Zegler que fazem desse novo capítulo uma história para ser apreciada e realmente se colocada para fazer parte da franquia principal, sem dúvidas. 

No final, fica claro que Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes faz um bom retorno para Panem e mostra que essa Universo ainda poderá ser bastante explorado se os produtores se manterem na receita de sucesso que deu certo na franquia e foi replicada aqui. 

Nota:

Onde assistir Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes?

Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes chega em 15 de novembro nos cinemas nacionais.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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