Uma das vilãs mais temidas das animações da Disney é a lendária estilista Cruella De Vil, vista na animação 101 Dálmatas (1961) e no live-action 101 Dálmatas – O Filme (1996). Com uma risada maníaca e um amor por casacos de pele, Cruella entrou no imaginário popular, e agora, depois de conhecermos um pouco mais sobre a história de origem da feiticeira Malévola em dois filmes (2014 e 2019), chega a vez de conhecermos de Cruella, ou aqui no novo filme da Disney, Estella.
E assim, em aquecimento para o filme, o ArrobaNerd juntamente com outros jornalistas ao redor do mundo participou de um bate papo com a figurinista do filme Jenny Beavan. Vencedora do Oscar em duas oportunidades (em 1987 com o filme Uma Janela para o Amor e em 2016 por Mad Max: Fury Road), Beavan é a responsável pelos figurinos e pela moda do filme, e como vimos nos trailers e no material de divulgação, a moda é um fator muito importante para a personagem e claro, para a história que o filme quer contar.
Para Cruella, Beavan e sua equipe criaram exatos 277 figurinos no total para o elenco principal. Só para Estella e para a atriz Emma Stone, foram ao todo 47. Para Emma Thompson que interpretou a personagem A Baronesa foram 33. Já para dupla de vigaristas Horácio e Gaspar, cada um, teve 30 figurinos. Ao longo do filme, vemos os personagens frequentarem três bailes de gala onde claro Beavan pode criar o já icônico vestido vermelho que pega fogo digitalmente que Estella usa, e ainda o figurino em preto e branco que Thompson usa com a máscara que ela segura. Veja as fotos abaixo.
Disney libera detalhes dos figurinos de Cruella feitos pela vencedora do Oscar Jenny Beavan
E ao ser perguntada onde tirou inspiração para compor tudo isso, Beavan diz: “Cruella é um filme sobre a moda. É sobre roupas. Mas também tem um roteiro muito denso, afinal vemos esse arco completo dela, e sua jornada de ser uma jovem garota que é totalmente rebelde e claramente ama roupas para se tornar essa designer da moda que é bastante única.“
E com o roteiro do filme que se passa na Londres dos anos 70, Beavan conseguiu ter um período de tempo muito certo para conseguir desenvolver as roupas para o longa. Ela comenta: “Então estamos nos anos 70, eu vivi e passei nos anos 70 então eu lembro muito bem… eu, você sabe, não tinha muito dinheiro na época, pois eu estava trabalhando em um teatro, sabe? Mas eu certamente lembro do que as pessoas usavam e das várias influências que tínhamos.“
Ela completa: “E acho que quando começamos [a pré-produção] eu realmente comecei a olhar revistas antigas daquele período. Vogue está disponível on-line, então foi uma ajuda extremamente válida para criar a moda de alta costura para a Baronesa… era só ver o que as pessoas estavam usando. E para a Cruella, quer dizer para a Estella Cruella, tínhamos um maravilhoso mapa a seguir. Obviamente, usamos Vivienne Westwood, figurinos parecidos com Galliano [o estilista britânico John Galliano], e claro, ver aquelas as pessoas que estavam fazendo suas próprias coisas individualmente e bastante interessantes.“
Beavan recorda do período e comenta também: “E eu lembro de ir para o mercado vintage de Portobello e comprar pedaços de tecido, e colocar todos eles juntos. Particularmente pedaços com estampas militares eram muito populares, e eram usados com jeans ou com aquelas saias cheias de babados.”
Sobre suas inspirações ela finaliza: “Então meio que fomos colocando as coisas tudo junto de uma forma bem interessante… afinal tínhamos saído dos anos 50, que foi uma época bem rígida, passamos pelos anos 60 que foi uma explosão de liberdade em todos os sentidos e chegamos nos anos 70 que foi um período muito interessante que tentamos fazer toda aquela liberdade mas com um pouco de foco. E foi aí que eu me inspirei.”
E sobre ter trabalhado com Emma Stone, Beavan disse que nunca tinha conhecido a atriz antes, mas afirma “ela é ser humano maravilhoso. E parece incorporar e possuir as roupas quando você coloca nela.”
E comenta como ela e o time de produção fez para bolaram as peças para a personagem: “Bem, a forma como fizemos, para ser honesta, para criar todos os looks, foi que fui até em sua casa [De Emma Stone] em Los Angeles e levei comigo cerca de dez malas com diversas peças de roupa para a gente tentar se divertir e que talvez pudessem dar certo para algo. Foi uma coleção muito aleatória. Eu não tinha realmente [nada planejado]... não pensei muito sobre como poderíamos usá-las. Mas sim era para ver como funcionava [uma peça com a outra].”
Ela completa: “Chegamos lá pela manhã, montamos tudo na garagem e fizemos as provas na cozinha dela. E levamos o dia todo… mas esse dia que usamos para vestir [Emma Stone], eu acho que foi o mais gratificante... afinal foi lá quando vimos o que daria certo e o que não.”
E sobre o vestido vermelho, um dos que mais chama atenção no filme, Beavan comenta: “essa cor foi escolhida por causa do Baile Preto & Branco [que vemos Cruella invadir nos trailers]. Então, tinha que ser a cor mais chamativa que você possa ter e que para mim sempre será o vermelho. E também é uma cor que cai bem para a personagem.”
Ela diz: “Então, teve que ser alguma coisa que desse um completo constraste para o que a Baronesa mostrava … é a antítese [do que ela representa].”
O visual da Baronesa foi inspirado na alta costura da época “Eu também usei muita coisa da revista Vogue [da época]…. eu olhei para a Dior… eu olhei para Balenciaga… eu olhei para todo mundo. E Emma Thompson tem um figura incrivelmente boa e adora usar roupas como estas”.
Sobre o vestido de pétalas com a jaqueta militar que vemos abaixo, Beavan comentou: “Para fazer ele precisamos de muito tecido. Muito. Eles precisaram costurar todas as pétalas à mão. Quer dizer, era um pouco preocupante. E ocupava boa parte do espaço na oficina de trabalho, um massivo espaço no Shepperton Studios.“
Ela diz: “E o problema que também era muito pesado. Então era um trabalho delicado e precisamos colocar cada uma delas individualmente. Quero dizer, não tinha como usar máquina. E usamos um time extraordinário de pessoas. Às vezes a mesa ficava cercado de pessoas costurando freneticamente. Foi um grande desafio”.
Segundo a produção mais de 5000 pétalas foram usadas no figurino. 5060 para sermos exatos e 393 metros de tecido.
E falando em desafios, ao ser perguntada qual dos figurinos do filme foi o que mais difícil de criar, Beavan comentou: “Todos tiveram seus desafios, mas eu trabalhei com pessoas maravilhosas e extremamente brilhantes. Eu trabalhei com 5 costureiros, todos com diferentes habilidades… desde de Jane Knorr que fez os figurinos da Baronesa, Ian Wallace que fez o vestido vermelho. Don Miyon que cuidou dos figurinos mais casuais , e outra pessoa que cuidou do vestido gigante da operação de photobomb, e claro, de Jeff Slack que cuidou dos acessórios…”
E finaliza: “Foi um projeto muito grande, todo mundo colaborou com ideias, e eu fui meio que moderando todas elas, e até mesmo dos produtores… então eu acho que estávamos nos divertindo enquanto bem como, hum, hum, produzindo algum trabalho extraordinário. Mas eu acho que o vestido que Cruella usa no caminhão de lixo e o vestido vermelho foram os que mais deram trabalho… e o figurino que Cruella usa quando precisa guiar a moto.”
E para fazer tudo isso, Beavan teve pouco tempo ela comenta. O processo de produção do filme começou mais de dois anos atrás. Ela diz: “meu deus sou péssima com datas e memória, já faz alguns anos. Eu acho que em Abril eu encontrei Craig Gillespie [o diretor do filme] e depois eu disse que faria o projeto depois de três dias seriamente pensando. Então eu acho que isso já foi em Maio. Nós tínhamos apenas 10 semanas de preparação. Mas ganhámos 6 semanas depois que Emma Stone teve uma pequena contusão no ombro e precisou ficar de repouso. O que salvou nossas vidas.”
Ela continua na sua linha do tempo: “Então nós tivemos 16 semanas de preparação. E então, claro, que obviamente trabalhamos durante as filmagens…pois seguimos o calendário das filmagens. Você não faz o fim do filme primeiro… você precisa trabalhar ao longo do filme. Então eu acho que as gravações levaram mais umas 14 semanas…então foi isso… trabalhamos do começo ao fim. “
Beavan também comenta: “Mas para ser honesta, foi muito divertido. Não vou dizer que foi fácil. Nós tivemos muito pouco tempo de preparação, e eu tive momentos de completo terror e pânico onde eu não sabia se iria conseguir ou não”.
E finaliza: “Mas foi uma grande oportunidade. Nós temos a punk girl e toda a parte que ela se desenvolve, depois todas as vezes que invade os eventos e vemos que ela se torna uma estilista mais estilosa. E claro, também temos a Baronesa… então é tudo muito divertido”.
No elenco temos Emma Stone como Cruella, Paul Walter Hauser e Joel Fry como seus capangas Horácio e Gaspar, respectivamente, e ainda Kirby Howell-Baptiste, como uma jornalista chamada Anita, Emma Thompson como uma estilista conhecida como A Baronesa, e Mark Strong como um funcionário da mesma.
Cruella tem na equipe de roteiro os escritores Aline Brosh McKenna, Jez Butterworth, Kelly Marcel e Steve Zissis. Craig Gillespie fica na direção.
Ambientado na Londres dos anos 70 em meio à revolução do punk rock, o filme mostra uma jovem vigarista chamada Estella, uma garota inteligente e criativa determinada a fazer um nome para si através de seus designs. Ela faz amizade com uma dupla de jovens ladrões e, juntos, constroem uma vida para si nas ruas de Londres. Um dia, o talento de Estella para a moda chama a atenção da Baronesa Von Hellman, uma lenda fashion que é devastadoramente chique e assustadora. Mas o relacionamento delas desencadeia um curso de eventos e revelações que farão com que Estella abrace seu lado rebelde e se torne a Cruella má, elegante e voltada para a vingança.
Cruella chega 28 de maio de 2021 nos cinemas e no Disney+ com Premier Access.
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