domingo, 24 novembro, 2024
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I Wanna Dance With Somebody | Crítica: Carisma da ótima Naomi Ackie dá o tom para longa sobre Whitney Houston

A onda de cinebiografias continua com tudo em Hollywood. E agora é a hora, e a vez, da lendária Whitney Houston de ter seu filme lançado nos cinemas com I Wanna Dance with Somebody – A História de Whitney Houston (I Wanna Dance with Somebody, 2022).

Mas a cada produção sobre a vida de um cantor que é anunciado, fica claro que agora a intenção não é contar realmente a vida, e a trajetória, da pessoa em si, e sim, fazer uma grande compilação musical da carreira do tal artista. E então agora é preciso inovar para tentar se sobressair entre o mar de filmes do estilo. E já avisamos I Wanna Dance with Somebody não é nenhum Elvis (o outro filme biográfico do ano), mas cumpre seu papel e agrada, sem dúvidas.

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Naomi Ackie em cena de I Wanna Dance With Somebody.
Foto: Sony Pictures. All Rights Reserved.

E no longa isso fica muito claro, e talvez, seja o maior empecilho para I Wanna Dance With Somebody se destacar entre as várias outras produções do gênero lançadas nos anos anteriores. I Wanna Dance With Somebody é pode ser descrito como um filme wikipédia, ou seja, ao longo de suas 2 horas e pouco de duração o que temo são momentos chaves da vida de Whitney ali colocados e colados uns nos outros, sem maior cerimônia, ou se preocupar em contar uma história, com um padrão cinematográfico, e com arcos narrativos de personagens a serem desenvolvidos que não sejam apenas da protagonista.

O que temos são cenas isoladas, músicas que marcaram a carreira de Whitney e o total foco na cantora e em sua jornada de uma jovem nascida numa comunidade católica e que se tornou uma das maiores artistas de todos os tempos, e uma voz quase única no cenário musical global até hoje.

Não é ruim, mas talvez, poderia ser mais. I Wanna Dance With Somebody acaba por ser mais uma homenagem, do que realmente uma produção disposta a contar sobre a vida da cantora, e seus altos, e baixos. Muitos dos momentos mais barra pesados que Whitney viveu são passados, assim como se fosse notas de rodapé, e não se cria uma importância narrativa para a trama. É como se eles existissem, mas apenas são sugeridos, e em outros momentos apresentados sem o mesmo impacto, seja a questão racial do preconceito que a cantora sofreu dentro da própria comunidade negra, seu relacionamento conturbado, ou até mesmo a questão financeira que envolvia o pai John (Clarke Peters).

A questão não é focar neles, mas sim, os colocar com os mesmos pesos, da vida de Whitney. Onde por outro lado, I Wanna Dance With Somebody celebra, e muito, as conquistas de Whitney, por tanto fica claro a intenção dos produtores, dos roteiristas que o foco do longa está em mostrar a importância e o legado de Whitney, bem mais do que dar um ar documental para o projeto. E tudo bem, se o projeto se assume desse jeito. O que não é o caso, aqui.

E já que a produção de I Wanna Dance With Somebody foi para esse caminho, para mostrar esses momentos chaves, pelo menos fica claro a importância de uma boa escalação, coisa é muito sentida aqui. Afinal, I Wanna Dance With Somebody chega a empolgar, sim, não vamos negar. Mas realmente só se mostra uma produção bacana de se assistir, quando recria os hits da carreira da cantora.

É como o single I Wanna Dance With Somebody (que dá o título para o projeto) lançou a cantora, é com a apresentação marcante no Super Bowl, é com o show do Nelson Mandela, é com o lançamento de O Guarda Costas (1992) e a música tema I Will Always Love You.

É nesses momentos que I Wanna Dance With Somebody emplaca e arrepia. Afinal, toda vez que a atriz Naomi Ackie (vista no último longa da nova trilogia de Star Wars) abre a boca no longa, ela arrebenta.

E a quase novata em Hollywood se mostra uma ótima escolha para Whitney. Ackie consegue transmitir o ar imponente e carismático que Whitney emanava com sua presença no palco e aqui em I Wanna Dance With Somebody domina a tela numa atuação incrível de se assistir e totalmente cativante. É o triunfo do longa. É a força que rege I Wanna Dance With Somebody e que faz o longa se sobressair e entregar momentos dramáticos poderosos. 

Ackie consegue trabalhar as diversas facetas que Whitney tinha. A jovem tímida e totalmente dependente dos pais Cissy e Jonh (Tamara Tunie e Clarke Peters, respectivamente) que ganha uma oportunidade de fazer um solo, cantar em um bar e conquistar um executivo de uma gravadora. A garota que explora sua sexualidade e tinha a presença da melhor amiga Robyn (Nafessa Williams) a tiracolo, até mesmo a relação de mulher de negócios e profissional com o produtor musical Clive Davis (Stanley Tucci).

A atriz então navega pelas diversas fases de Whitney, da descoberta aos tempos áureos, da ascensão ao se tornar a queridinha da América para a artista que estampava as capas dos tablóides por conta do uso de drogas, e seu relacionamento tumultuado com o rapper Bobby Brown (Ashton Sanders, ótimo). Mesmo marcado por querer obrigatoriamente contar esses momentos da vida de Whitney, Ackie tira de letra e comanda o filme com uma presença de tirar o fôlego e garante que quando I Wanna Dance With Somebody foca nas músicas, e no trabalho de mostrar Whitney usando sua voz, consiga entregar passagens incríveis de se assistir. 

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Stanley Tucci e Naomi Ackie em cena de I Wanna Dance With Somebody.
Foto: Sony Pictures. All Rights Reserved.

O trabalho da diretora Kasi Lemmons para trazer Whitney para as telas é beneficiado por conta das diversas cenas que recriaram diversas apresentações da cantora ao longo das décadas. É quando Lemmons foca na grandiosidade de Whitney e não em Nippy (o apelido que os mais íntimos chamavam a cantor) que o longa funciona e vemos uma direção bacana.

Diferente de Bohemian Rhapsody onde temos apenas uma grande apresentação, I Wanna Dance With Somebody salpica diversas delas ao longo da história. Mas a mais emocionante, e onde Ackie está absolutamente no ápice, é a apresentação final, no American Music Awards e o mashup das músicas I Loves You, Porgy / And I Am Telling You I’m Not Going / I Have Nothing. 


Com o show recriado quase todo na íntegra, e uma das poucas músicas mostradas inteiras, I Wanna Dance With Somebody finaliza em uma nota tão grande, tão emocionante, que nos mostra que Whitney será lembrada para sempre por suas músicas, bem mais que as confusões que se meteu ao longo de sua vida, e que para o legado da cantora, talvez, seja isso que realmente importe.

Avaliação: 3 de 5.

Onde assistir I Wanna Dance With Somebody – A História de Whitney Houston?

I Wanna Dance With Somebody – A História de Whitney Houston chega nos cinemas nacionais em 12 de janeiro.

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Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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